26 de dezembro de 2009

Análise do sofrimento



Entender motivos.
Descobrir razões.
Esses são fatores indispensáveis para assimilar a dor, pois a alegria, por si, se justifica no regozijo da tristeza antecedente.
Afinal, de que vale entristecer-se sem pensar um dia em alegrar-se?
Olha em volta, frustrar-se é a lei geral.
Outrossim, de que deriva o seguimento de esteriótipos criados na perfeição de vivências inexistentes? Torna-se, na prática, a vivência da novela das oito, das telinhas do aparelho de televisão.
Recria-se a imperfeição, clama-se pela perfeição.
Analisando o sofrimento, pude concluir que a frustração nasce da projeção do que é imperfeito na minha vida, mas poderia e deveria ser perfeito, a fim de trazer aos meus dias uma alegria cinematográfica, no tempo de minhas necessárias vaidades de felicidade.
O dolorido da alma. O dolorido do ser. É quando todas as teorias de dever ser aprendidas no catecismo da infância fazem tanto sentido quanto reviver as páginas empoeiradas do evangelho esquecido na sala de estar.
É quando me dou conta de que a vida ficou tão relativista, aceitando todos os senão tão bem interpostos e debatidos que perdeu o fio de ouro que a prendia na sanidade.
É quando reconheço que ser é tão gritante quanto saber o que por em prática.
Olha em volta, ser feliz é a lei geral.
Felicidade que é amarela, em dor que não tem cor.

22 de dezembro de 2009

Vocacional Alado


Saber de onde partir, e permanecer sem estar.
Saber recolher no horizonte o profano e diviniza-lo, humanizando as experiências e transformando em doação, de vida, de respostas.
Compor versos, alados e soltos, bordejantes e desejosos de sair da condição de silêncio, imposta pelos erros que os amarravam em prantos.
Correr os montes, saltar aos montes! Percorrer as estradas verdejantes e suntuosas da vida, recolhendo a matéria prima a ser trabalhada, modelada.
Compor canções que falem de amor e de saudade, em tons azuis, primariamente escolhidos em detidos detalhes de alegria amarela.
Compor vida, que fale de gente, de pés descalços, em solo santo, santificado pelo sangue, suor e lágrimas de quem nos precedeu.
Compor saudade, de sacrários vivos, de vontade de gente que é santa por natureza, provindo da vontade que emana dos seus corações de acertar, mesmo errando de vez por quando.
Compor vocação, provinda de um ruah, que emana das almas que conjugam um verbo uníssono, imutável e real, mas tão real, que é sensível sem ser palpável. Os olhos não viram, o coração jamais imaginou, os bens amados provindos de corações alegres e despojados em Deus, na graça, vida que vem e não passa.
Certos de onde chegar em futuro que virá, nem distante, nem próximo, nem quando, nem portanto... Futuro vindouro de mãos eternizadas, sacramentado nas vivências, tão distantes do Perfeito, tão próximas ao Eterno. Futuro, que dele não se sabe, mas Nele se espera, na certeza da sempre vida de nossas vidas, que se enlaçaram para não mais soltar-se, na suntuária humanização das nossas vivências, sacramento vivo do Eterno.
De um Luiz, que se desprendeu, de um Carvalho que se estendeu e deu sombra a quem de cansaço não sabia mais amar!
De vocações despertadas de almas cansadas, que renovadas se tornaram nas vivências de uma eternidade antecipada...
Aos corações valentes, por ser gente, que sabe amar!



Agradecimentos

Não há o que vá sem nada deixar
Não há o que ame sem se importar
Não há o que estenda uma mão, sem dar perdão
Não há o Divino sem o humano
Pois é em nossa humanidade que o Amor proporciona a graça
É na carne viva do meu corpo que minha alma se realiza.
É nos braços abertos do meu coração que te digo: muito obrigado por ser meu acompanhador, meu amigo.
Doador de vida, de alma, amor que se desdobra na graça de se pertencer eternamente, em laços perfeitos de amizade, prescrita nas estrelas de um céu azul anil.

Cântico Novo/Vocacional 2009 - Comunidade Recado - Fortaleza - Ceará.




"Muitos sofrem sem amor, nunca se sentiram amados,

Nunca olharam deslumbrados a beleza de uma flor.
Seus semblantes são sombrios, são sem brilho, são sem cor,
Nunca viram como é lindo o sol se pôr.
Mas o Amor é verdadeiro e muito forte.
Ele é bem maior que a vida e que a morte.
Ele cura o coração, faz o homem ser capaz
De enxergar, dentro de si, que existe a paz.
Pois a força do Amor é verdadeira,
O Amor alcança o céu e a terra inteira,
Faz o homem ser mais belo, o Amor é tão sincero,
Ele é grande e o Seu Nome é sempre Amor.
Seu Nome é Amor..."

Suely Façanha

17 de dezembro de 2009

Doce, doce, doce música


A música que não toca ressoa dentro de mim. O barulho da construção ao lado não me pertuba, mesmo em momento de grande concentração diária no trabalho. A melodia me convida a entrar no compasso de uma vida que desejo, porquanto o barco balança na tempestade. O inverno se aproxima, e meu corpo, marcado pelo sol do verão, que descasca e deixa marcas de um sol escaldante intercaladas com a candura de uma pele clara e sem manchas, prenúncio de um outono mal vivido. A pele descuidada de tanta exposição, não sabe mais como alcançar a plenitude de sua beleza. A alma encantada com os acordes de uma bela canção, devaneia em seus desejos, que se pertubam com tais encantos. Os desejos, por sua vez, enamoram-se da melodia, tão minuciosamente trabalhada em outra alma, que se derrama agora aos seus encantos deliciosamente.
A paz. Suave paz. Tão suave, que é sensível sem ser palpável. Engraçada essa mística que convida a saborear cada pedaço da vida como uma fruta saborosa e bem gelada num dia de calor. Sacio-me de minhas ignorâncias, reconhecidas desnecessárias para alcance da plenitude de uma sabedoria desconhecida: a espera paciente e amorosa. Escutar os absurdos, digeri-los de forma a separá-los dentro de mim o que é bom do ruim, como o nosso corpo separa as vitaminas do que não serve de alimento.
Dividir, o que eu sou, minhas verdades, do que o outro é em seu universo de verdade, e entender na sua verdade o que despeja no meu jardim, e retirar aquilo que eu não sou.
Sabedoria e justiça se misturam em atitudes escondidas em um pranto em soluços, nos pensamentos que insistentemente ressoam em minha razão.  Que prevaleça a primeira sobre a segunda....

Porque quando me sinto fraco, então é que sou forte. II Cor 12, 10

5 de dezembro de 2009

A lágrima

O sal da minha lágrima renova as esperanças que tenho de uma vida tranquila e sã. Me relembram que sou capaz de aceitar as consequências de minhas limitações e superá-las, com criatividade na vida. As frustrações de alcançar o que posso e não consigo me assombram, porquanto vida de outras vidas alcançam a minha de forma indesejável e descontrolada.
Frustração. Palavra de dificil pronúncia, ao menos pra mim, que tenho língua presa e me perco nos "r's" da vida. Simples conjugação, afinal frustrar-se é a lei geral, olha em volta. Vivemos esperando o amanhã, sem compreender que o hoje é nosso bem maior, tão belamente denominado presente. Sabemos, mas não assumimos a verdade que hoje posso mudar o mundo, começando pela louça de casa. E continuo a confabular meu amanhã, com tantos planos, tantas verdades que preciso viver, tantas coisas a realizar, tantos sonhos para acontecer. Confabulo, me perco e me encanto com as maravilhosas promessas de um futuro bom e por pouco me esqueço do que devo hoje fazer para que o amanhã um dia chegue.
Frustração. Que me rouba o sonho, que me desespera a esperança, que desfaz os planos e os torna enganos, e turva o olhar com pranto, que escorre na face e cai por terra. De repente, uma lágrima atravessa sorrateiramente o rosto, por caminho pensado, traçado, batalhado a cada centímetro da face e encontra os lábios. Seu sabor é indescritível. Sua intenção salvífica. E seu perseverar me asseguram: é hora de continuar, alçar vôo a outros campos, assumir ser você.

3 de dezembro de 2009

Soneto a Quatro Mãos

"Tudo de amor que existe em mim foi dado.
Tudo que fala em mim de amor foi dito.
Do nada em mim o amor fez o infinito
Que por muito tornou-me escravizado.
Tão pródigo de amor fiquei coitado
Tão fácil para amar fiquei proscrito.
Cada voto que fiz ergueu-se em grito
Contra o meu próprio dar demasiado.
Tenho dado de amor mais que coubesse
Nesse meu pobre coração humano
Desse eterno amor meu antes não desse.
Pois se por tanto dar me fiz engano
Melhor fora que desse e recebesse
Para viver da vida o amor sem dano."

Paulo Mendes Campos e Vinicius de Morais

28 de novembro de 2009

Aconchego...


Olhando-te sem medo
Agora posso ver
Minha vida, os meus planos
Em Ti preciso esquecer
Tua voz me traz encanto
O doce espírito me inspira
A te louvar em cantos
Ó doce Maria

Pequena sou, em Ti me refaço
Quando me acolhes em Teu regaço
Teu ser humana me refaz
Na Divindade me compraz
Para sempre, para sempre
Aponta-me o Céu, rebaixa-me o véu
Adormeço, em Teu seio descanso
Enquanto
Da vida possa esquecer e reviver
Tua vida, Tua graça
Teu amor que não passa.

Lucas 1, 39 - 45

16 de novembro de 2009

São Marcos 5, 21-34.



Rastejar ou andar.
Caminhar ou correr.
Andar ou voar!
Agir conforme se deseja, desejar além do que se cumpre em meus atos.
Vendo essa imagem, fiquei fascinada por cada detalhe que ela representa. A mão que tenta alcançar o que está próximo, nenhum rosto comungando do desesperado ato da mulher, que rasteja suplicante por ao menos tocar a barra da vestimenta Daquele que a precedeu, e por algum motivo a fazia crer em cura ao incurável. Algumas mãos, em contraposição a suas interpelações e desprezando seus sentimentos, tentavam detê-la de ultrapassar toda e quaisquer razão dominante de seus pensamentos, que a desacreditaram de uma vida digna e compatível com os desejos de seu coração, como comunicar-se com outros, conviver com os de sua descendência, seu metiê, ou, simplesmente, ir ao templo, chorar suas lástimas e alegrias com seu Deus.
Em seu rosto, afigura-se sua história. Em seu rosto, estampada está a agonia da crença no impossível, esgotando todas as impossíveis e desesperadas possibilidades de restaurar sua dignidade. O sangue escorrido, a doença incurável, em nada doíam na mulher, julgo eu. Seu rosto expira insatisfação pela  imposta condição de indignidade adquirida, pelo encontro insuperável de seu ser com um mal, que não desejou, tampouco procurou, mas sofre por muitos anos.
Sempre à margem, sempre nas beiradas. Desfez-se de tudo o que possuía, inclusive do seu amor próprio, sua subjetividade, seu ser pessoa, sua humanidade.
Ela rastejava. Optou por rastejar, afinal, seu problema de saúde não lhe paralisava os membros do corpo, aliás era invisível. Somente seu odor a entregavam, e seus sentimentos de culpa.
Paralisada, estática, suplicante.
Almejava alcançar, com seu brilho no olhar e seus esforços múltiplos, rastejando à Aquele que admirava por seus feitos e acreditava, tinha fé que olharia para sua pobre condição humana e saberia o que fazer. De repente, a pergunta: "Quem me tocou?", seguida da interpérie de seu discipulo, ao dizer tantos Mestre, te tocaram e tocam este instante. Não entendeste ainda, que arrastas multidões?
Mas o Cristo não precisava da multidão, ele precisava da fé. Ora, a multidão de nada importava aquele instante, em que uma força sobrenatural emanava de seu ser. Jesus sabia, mas precisava que, com o poder já despojado na mulher voltasse à Ele, em enlace perfeito de sua pertença a Deus. Seu reconhecimento do sopro de vida, o resgate de sua dignidade com filha do Alto.
Ainda tímida, rastejante, suplicante, responde "Eu Senhor, fui eu."
Como reconhecimento de sua dignidade, revestindo-se de sua humanidade, restaurando o seu amor-próprio, Cristo bem sabia que ia além de simplesmente cura-la de uma doença, pois sua enfermidade maior estava impregnada em sua alma. O evangelho fala que uma força incomum saiu do Cristo, onde o verbo da vida conjugou-se em outro corpo, desdobrando-se nas maravilhas de Jesus até os dias de hoje.
Não tenho conhecimento de quantos se sentem tocados por este lindo evangelho, que mistifica o poder de Deus existente no Cristo pelos tempos. Tampouco tenho ciência de quantas pessoas alcançaram a cura somente em ler essas linhas e entrelinhas. Hoje, limito-me a seguinte observação: se não consigo andar, que eu rasteje em direção a Aquele que pode me salvar, com a fé Naquele que não vejo, abraçando o infinito escondido na sombra de meus atos.

13 de novembro de 2009

Menina, Mulher!


Menina.
Mulher.
Criança.
Adulta.
Pessoa.
Humana.
Razão.
Emoção.
Sentimento.
Borboleando pelas maravilhas de meu Cristo.
Misturando-me a sua essência.
Vislumbrando seus prazeres.
Distribuindo seus amores.
Descobrindo seu viver.
Revivendo o seu ser.
Desdobrando seus caminhos.
Impulsionada por seus carinhos.
Aflora em mim novo dia.
A voar em sintonia.
Com todo Céu, em harmonia.
Linda paisagem azul anil.
E repousar em seu colo.
Para aprender o que imploro.
A vida, sua graça, seu amor, que não passa!

8 de novembro de 2009

Apaixonada

Apaixonada.

Nunca havia me sentido dessa forma em outro momento qualquer.
Sempre me envolvo completamente, com todo o meu ser no que acredito, mas dessa vez é diferente.
Notável e considerável engano em acreditar que outrora apaixonei-me como hoje.
Estranha sensação de saber-me conhecida, em todas as minhas consequências.
Conhecer-me inteiramente, em capacidades e incapacidades que mudam em um segundo, pranto em sorriso, palidez em alegria, estupidez em lucidez, altivez em sabedoria.
Apaixonada.
Com todas as forças estranhas que rugem dentro de mim, que não enxergo, mas sinto e vejo desejosas de expansão.
Como extrair desejos? Como expandir vontades? Como espalhar amor?
Seria engano a vivência da paixão pelo desconhecido?
Que nada! Esperar pra que mesmo? O futuro começa no presente, o passado é branco e preto.
Apaixonada.
Sem mais precisar arrumar desculpas para me sentir assim.
Sem mais buscar explicações sempre tão necessárias ao que nasce como primavera, frente aos meus olhos interiores.
Um eterno buscar, um eterno amar, que não cabe mais dentro de mim.
Como bem vivê-lo? Como expandi-lo?
Explicar, não sei. Tampouco pensei algum dia viver esse amor, bem como sonhei senti-lo.
Agora é fato, palpável ao sentimento. O que fazer então?
Apaixonada que não sabe amar, Amor apaixonado.
Amor que esgota todas as minhas possibilidades de futuro e acredita que sou capaz de transpassar meu pobre coração, castiga-lo por tanto tempo de aprisionamento em meus desejos.
Apaixonada.
Por Cristo e suas consequências, de Cruz, de Ressurreição.

3 de novembro de 2009

Vertigem


Chorar.
Ofício reconstrutor.
Chorar desesperadamente, como que descobrindo em cada lágrima o caminho perdido.
Já escorre em face por terra, não há mais como controlar, não há como negar sua existência.
Sentimento de renovação.
Sentindo, a vergonha do suor do olhar, cansado de tanto exercício que forçava o seu sorriso sem pranto.
Extirpar, do cerne, a existência do que não sei e confiar.
Deixar-me consolar, em misericordioso pranto escondido, expostos soluços de solidão acompanhada.
Concordar, com cada letra da palavra não dita, com cada suspiro da respiração do meu Amado, sentida na face do consolo, como benção advinda da entrega diária.
Refúgio, escancarado pelo abandono das vergonhas, amparado pelo olhar que vem do alto, escoimando as culpas, enraizando as certezas de uma pertença irrevogável, que perpassa a experiência do querer.
Chorar.
Deixando o Salvador salvar, deixando o Amor amar, deixando o Criador restaurar, a alma que de tantas reformas perdeu no tempo o rastro da sua essência.
Cristo passeou lépido e fagueiro, atento, analisando minuciosamente por onde começar a reforma.
Chorar.
Como única forma de auxilio ao Cristo, lavando de dentro para fora as imperfeições e lascas retirados pelo lapidar de suas mãos.
Chorar.
Mortificar o que vai embora, e que se esvai vez por todas de minha vida.
Chorar.
Verter lágrimas de alegria, na certeza que depois da chuva é que o arco-íris aparece.

29 de outubro de 2009

Temperança


Sabe o que penso. Sabe o que falo. Sabe o que engano. Sabe o que amo. Sabe.
Tudo sabe.
E maravilho-me cada dia em saber que não mais me assusto em ser encontrada.
Não mais temo a exposição de mim mesma.
Sou feliz, por assim dizer, pela consequência de meu eu entregue aos outros.
Meu ser, de portas abertas a receber quem chega, independente de quem for.
Meu pobre fio de vida, fortaleceu-se em fios de ouro, entrelaçados aos meus frágeis atos, eivados de incoerência. Atos nobres nasceram, de sementes plantadas outrora, e frutificadas em momento certo e escolhido, para renascer em minh'alma a graça da vida e da morte.
É tempo!
Tempo de olhar além, tempo de não perder tempo, tempo de esquecer-se de marcador tão irregular de vida.
Sem respeito o tempo passa, com graça a vida dança.
Entorpecida, a mente vagueia. Enfurecido, o coração passeia, pelas várias esferas do amor, pelos mais eloquentes discursos do amar. Enfureceu-se em amor, enlouqueceu em amar a si, ao outro e a quem passar.
Dança, dança coração. Não perde tempo.
Afinal, que graça tem o tempo, senão a vontade de tê-lo?
Suspira coração, ama.
Não engana, caminha, no caminho dos desesperados pela temperança de sentir-se amado por Deus, na espera dos crentes, que acreditam no viver eterno, que ultrapassa a lógica dos relógios.
Trapaceia coração, esse cretino, que amarra-te em prantos, e dança feliz da vida, a vida que Deus te deu!

19 de outubro de 2009

"Eu em nós". Minha primeira apresentação teatral em dobradinha! Como escritora e personagem.. adorei!



Esse é o texto inicial, sem cortes. Baseado em minhas vivências à luz da seguinte frase de Adélia Prado: "Uma borboleta pousada. Ou é Deus, ou é nada." Encenação apresentada no teatro Ibeu, em Fortaleza, no evento "Catecriando" promovido pela Comunidade Católica Recado, junto com meus irmãos do vocacional, que me ajudaram e ajudam este e em muitos anos a entrelaçar ou desvendar meus nós. Aqui, meu muito obrigado a todos, sobretudo aos meus amigos do Ministério de Teatro da Recado, Carol Li e Falco, que tanto ajudaram em tudo! Bem como a Andrea, uma nova amiga que me ajudou e muito nos movimentos e interpretação! Andrea, você fez milagre... rsrs beijos!



Uma borboleta pousada ao jardim. Ou me explica algo sobre Deus, ou nada transmite sobre mim. Nada explica da existência da beleza, apenas bate suas asas, sorrateiramente, sem anseios ou desejos. Minh’alma caminha nos mistérios da vida, ao sabor do prazer, ou seria do amor? Amor não vivo ..... de amor viveria? Vida sem graça, graça de vida? Ah! O amor ... chegou assim, como sem ter fim, em mim. Explicar não sei, tampouco pensei, algum dia ter de viver o que sonhei. O Amor em mim, sem ter fim.... De onde vem não vejo... Mas uma certeza tenho, que se o Pai desdenho, amor não tenho. Não há mal na vida que traga um bem, não há bem que traga mal, não faz mal fazer o bem. O bem me faz tão bem... Quando o bem faço, se instala em meus passos a certeza de boa vida viver. Se no mal insisto, logo desisto do que tinha pra fazer. O bem de todo modo, é o propósito do meu viver. Tanto e de tal modo, que sinto em mim uma força diferente ao fazer as coisas certas. Mas, o que seria certo? Decerto o que faço, que meu coração anseia, de bom grado do Amor que em mim pulsa. Ou seria o que o outro pensa que posso? O alcance não tenho, o Amor mal sei onde se instala. Ajuda preciso, porquanto insisto que sozinha posso, tudo posso. Para fora algozes, minha alma é minha, so minha. Não preciso das algemas da morte, se a vida é insistente em meus passos. Meus pulsos latejam o sangue que corre em minhas veias, meu sangue, o que importa? Segredos e anseios se misturam com meus sentimentos, o que almejo de mim mesma? Seria o Amor prisão? Seria ilusão? Quando sou quem não sou, busco por coisas alheias, impostas, sentimentos de outrém, que aprendeu a ser quem não é, e ser teoricamente feliz, ou não. Meus olhos querem algo, meu coração quer alguém. Meus lábios cantam o que o coração não sente, preso as amarras que não o deixam voar, voar, voar... Sou prisioneira de minhas incapacidades. Leal, fiel, cumpridora de pena perpétua imposta por mim mesma, carrasco, em versão aprimorada, de meus sentimentos. Como poderia vingar-me de mim? Como poderia fugir de mim? Quando do amor me esquivo, a solidão toma conta dos meus olhos, dos meus sentimentos, dos meus passos, dos meus sonhos, de mim. Acontecem em mim coisas que são de minha vontade, que me permito sentir, e isso me deixa profundamente triste, pois não gostaria de sentir o que sinto, ver como vejo, ouvir como ouço, falar como falo. Minhas vontades não acompanham minhas necessidades, minhas necessidades não acompanham meus atos, meus atos se atordoam por seguir minhas vontades, não minhas necessidades. Sigo o que entendo seguir, não sepultei certas necessidades de minha humanidade para bem viver a minha .... Meus desejos! Ah, meus desejos... São latentes em minha sensibilidade, e afloram em meu olhar, meu falar, meu agir, principalmente se atordoados por pensamentos instintivos. Se o amor desdenho, o amor não tenho. Ele desistiria de mim? O ir e vir, ficar ou não, bem ou mal, morrerei. Por não conseguir alcançar o que parece tão próximo. Minha suplica e orante, minha oração e vivente. Se faço da minha vida oração, o que esses momentos permeiam em mim? Qual o intuito de minha vida, senão tocar o coraçao das pessoas para o bem? Se não consigo, como faço? Não sirvo pra nada mesmo. Se não permeio amor a quem deve ser amado, permeei solidão, permeei discórdia e o que me deixa com mais raiva de mim mesma e que isso não tem fim!!! Entro em conflito com minhas necessidades de ser melhor, contra os mandamentos de meu Deus e volto pra pedi-lo perdão, mesmo já sabendo de tudo isso, de como devo agir e pensar. Como sou fraca Como sou desnecessária... A vida que desejo não e a que vejo. Se percebo amor, o forjo em mim, para bem satisfazer o outro. Perai! Ele bem existe aqui dentro do peito, ou seria ilusão? O perdão, a sansão, por algo acontecido, sofrimento pelejado em centelhas de discórdia. Insistência na persistência do mal amar, do desamor, trazendo amor, sabendo-se amado, do lado, pra bem viver a vida antes mal vivida. De proteção a perdão, sem mais negar ou sonegar, o abraço, o carinho, o amparo ou o consolo, pois quando não se merece ser amado, e quando mais precisamos de amor...


"Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine. Mesmo que eu tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência; mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada. Ainda que distribuísse todos os meus bens em sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, de nada valeria! A caridade é paciente, a caridade é bondosa. Não tem inveja. A caridade não é orgulhosa. Não é arrogante. Nem escandalosa. Não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. A caridade jamais acabará. As profecias desaparecerão, o dom das línguas cessará, o dom da ciência findará. A nossa ciência é parcial, a nossa profecia é imperfeita. Quando chegar o que é perfeito, o imperfeito desaparecerá. Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Desde que me tornei homem, eliminei as coisas de criança. Hoje vemos como por um espelho, confusamente; mas então veremos face a face. Hoje conheço em parte; mas então conhecerei totalmente, como eu sou conhecido." I CORINTIOS 13, 1 – 12.

13 de outubro de 2009

Divino Humano


As descobertas reveladas me lançam a realizar coisas que jamais eu, por meus próprios méritos seria capaz de efetivar. Dentro de minha humana condição de busca da Divindade, de assemelhar-me a Deus e compreender que muito longe estou de conseguir tal façanha. Tolinha... Deus é Deus! Cristo pediu distancia do Cálice, e Deus falou a Ele que doação é aceitação, do amor e suas conseqüências. A naturalidade humana do Cristo, que se sentiu à vontade na vestimenta dos sofrimentos inalcançáveis a Deus, até então. Creio, em meus mais longínquos pensamentos que Deus, na busca incessante de entender o humano, tornou-se Ele mesmo, para nos mostrar que somos capazes de viver o que nos foi dado e perdemos no tempo: Humanidade.
Lemos, escrevemos, confabulamos, nos irritamos, buscamos incansavelmente a sabedoria do entender de Deus, quando Deus já nos disse desde muito o segredo para a salvação da humanidade: sede humanos. Engraçado como fugimos dessa condição, visto que ser humano é tão simplório que não deve ser isso. Quanto mais busco dentro de mim uma resposta, mais me surgem perguntas. Porquanto, quanto mais pergunto-me, limito-me viver no cercado de minhas coerências, onde o que Deus me pede é que me jogue solta no jardim infinito do Bem Amado. O curral de meu entendimento não pode limitar-me de compreender que Deus se desdobra em minha humanidade. “Quando mais fores humano, quanto mais serás Divino, não se toca o céu se não tens os pés no chão”, já belamente poetizou Pe. Fábio, contudo foi outro padre hoje que me devolveu o que entreguei a Deus. Padre Anchieta. Nunca escutei esse nome. Nunca conjuguei esse verbo. Nunca vi esse rosto. Nascido no interior, lá na serra da chapada da Ibiapaba. Vivente no interior do Ceará, pároco em Camocim, terra linda. Oito meses de sacerdócio com domínio das palavras experiente, como quem acostumado em fazer-se entender em suas vivencias. Homem de falar rebuscado, mais de coração tão simples, que transformava pedra em água, água viva. Era como se o fundo poço sem vida transformava-se em fonte de água para que outros venham a utilizar-se de sua utilidade única, qual seja dar de beber aos sedentos. Em suas palavras de repente o estalo: sou humana, e a humanização de minha divindade a ser seguida é o que me tornará a cada dia mais humana.

28 de setembro de 2009

Segunda Feira..




Não tenho pretensões de rasgar calendários ou tampouco excluir os dias da semana que em determinado momento de minha vida foram eivados de momentos desconcertantes ou desconfortáveis. Outrossim, sobretudo hoje, necessitaria excluir das páginas da vida a segunda feira!
Suponho ser os dias ruins ou bons necessários a minha vivência, onde não devo, em meus limitados e racionais entendimentos queimar etapas que devam ser vividas. Assim penso. Meu olho lateja, meu corpo não responde aos mais primitivos movimentos, executáveis com o menor esforço humano. O raciocínio é lento, virtuoso silencio me aflige. Os barulhos são intensos, as inquietudes de um dia corriqueiro e tão impertinente como são os dias de segunda feira não permitem que os que me rodeiam sintam, persistam, colaborem com o silencio que escorre de meus atos.
Não faz mal, paciência não tenho, porquanto tenho que acha-la, nem que seja na farmácia da esquina. Enquanto isso, silencio. Ou, ao menos tento silenciar. Acompanho o compasso do meu interior, que continua adormecido, ninado e mimado pelos braços da Mãe, que me embala e balança, com as mais lindas palavras que nem entendo agora, mas que devem significar isso: calar, desligar as baterias e as luzes, e deixar o dia ser o que ele é: uma segunda feira.

27 de setembro de 2009

Sentimento



Sentimento.
Algo que mora em mim e não sei o motivo.
Me roubou para si, me tirou uma lasca.
Sentir.
Sentindo o que não sei, partindo para onde não vou, onde desejo permanecer.
Sem ir, vou, sem ir.
Chegar sem ao menos partir, de mim fica o consolo em meu olhar brilhante, que reluz o teu, e sem palavras distingue o sentimento.
Sensibilidade.
Aflora em mim, quando sai de ti, um doce olhar, aquele olhar que sei ser pra mim.
Olhar.
Que nada anseia, nada deseja, nada espera. Somente olha, simplesmente olha, por tudo, por nada.
Falar.
Que em todos os instantes procura ansioso o comentário inesperado da pergunta não feita.
Pensar.
De se saber ser quem se é e, sem nada esperar, acolhe tudo dentro de si, no lado esquerdo do peito.
Poesia.
Que ganha vida, verbo e cor, que não devem fazer parte das prateleiras do esquecimento.
Sentimento.
Algo que mora em mim e em você.

23 de setembro de 2009

Lindo moço..

Os pensamentos vão e vem.
Os desejos se misturam aos anseios de não querer pensar.
Os sonhos vem e vão.
As virtudes são permeadas onde eu as possa alcançar.
Se desejo, não quero, de desejos já vivi.
Só anseio, e espero, permear o que aprendi.
As prescrições de uma vida tranquila,
as decisões de uma vida vivida.
As confusões de uma vida sofrida,
as conclusões de um amor revelado.
Para que possa,
de todo modo,
lembrar do moço,
aquele do poço,
que sentou-se na razão,
para roubar-me a emoção...

14 de setembro de 2009

Pintando o caminho..

Pintando paredes.
Nunca imaginei que pintar fosse tão reconstrutor.
Pintar parede mesmo, de casa, do meu quarto.
A cada pincelada recordava-me de minha vida, meus erros, minhas dores.
Ao passo em que a cada pincelada perdia-me em afazer tão braçal e desprovido de atrativos mais abastados, à primeira vista.
Tentava alcançar algo inalcançavel ao primeiro olhar.
Olhar desprovido de coragem, olhar medroso
Tentava pintar mais alto, pintar tudo, nenhum espaço poderia demonstrar o velho, a tinta de cor que não agrada mais. Tornou-se velha, ultrapassada, clamava por renovação.
Assim era minh'alma, sensibilizada pelo toque do criador.
Desgastada pelo tempo, destruída pela vaidade da exposição.
Anseava pelo toque, pela transformação do seu criador.
Não, não eram retoques, eram pinturas reais que ela clamava. Os retoques já não resolviam mais, ela precisava morrer, para só então nascer.
Estava suja, acostumada com seu jeito velho de ostentar seus costumes.
Restava desgostosa, com suas cores desfalecidas de cansaço, com a mesmice de estar sempre bem, não precisar de ninguém, ao menos aparentemente.
E foi com esse olhar, que enxerga a linha tênue do ser e do estar, do amor e desamor, do quente e do frio, contudo morno jamais. Com esse olhar, que enxerga turvo o caminho que deve ser seguido e clama aos passos para que siga ao horizonte belo, que se forma na paisagem a frente. Com esse olhar, que chama o peito a perceber que a beleza da vida é construída de pequenos atos, à primeira vista torpes, como a pintura de uma parede...

21 de julho de 2009

Espera...

Necessidade de não saber.
Necessidade de me lançar ao desconhecido, sabido melhor pra mim.
Meus prantos bem o sabem como é doloroso ser o que se pode alcançar...
Saber necessário vencer etapas, assassinar os medos, chorar, chorar, chorar...
Choro que não é em vão, pranto que cai no chão e deixa marcas.
Na face, o leito do rio de lágrimas deixa vestígios de uma solidão acompanhada de certezas, sensíveis porquanto não palpáveis.
A alma alcança o que os olhos não podem ver, sensação de impotência boa, abandono nas mãos de alguém, e de Deus.
Esperar. Nunca soube.
As atitudes se escavaem de mim como crianças mal criadas, mas desta vez estão adestradas, pelas vontades que permeio em meu jardim particular.
Meu céu, futuro céu, presente céu.
Em mim, durmo e acordo, em preparação para o amanhecer que vem no horizonte, com cherinho de mata fresca.
É tão lindo o por do sol, deixa no coração as lembranças de um dia cheio de futuro.
Mas mais lindo ainda é o nascer do sol, que traz as certezas de um presente, uma nova página, pra que possamos escrever nossa história, com oportunidade de acertar dessa vez.

5 de julho de 2009

Um olhar, um silêncio.

Não sei explicar o que senti.
Não sei como exprimir o que vivi.
Os sentimentos tão fortes, o peito palpitava como nunca antes sentira.
Meus lábios paralisaram, minha voz emudeceu.
Paralisada, estática.
Versos, sons, musica, melodia, nada importavam, nada me alcançava, a não ser Aquele olhar, sublime olhar, profundo olhar.
Nunca antes pensara na profundidade do Amor, como naquele instante.
Um olhar.
Parar para olhar.
Olhar.
Um momento, um instante, onde nada me era pedido, nada me era cobrado.
Nada precisava fazer nada, a não ser olhar.
Nada precisava pedir nada, aliás, nada me vinha a mente, a não ser olhar.
Admirar.
Amar.
Ver além do que se mostrava.
E, olhando além, sentir o que sempre esteve dentro de mim.
Engraçada essa história de se descobrir. A gente sempre teve tudo, e pensando ser pobre, vive como mendigo que guarda dentro de uma sacola velha um grande tesouro, que paga e apaga todas as marcas da vida mal vivida, dos cafés da manha mal tomados, das noites mal dormidas, de tudo que tornou minha vida infeliz.
Ai, certo momento, nossa alma se inquieta e chora, chora, e chora mais um pouco. Chega a soluçar, e o coração sente saudades do que sabe que pode viver, melhor, pra sempre e mais.
É quando a gente, de repente, se lembra que pode abrir a sacola e buscar o alimento, que nenhuma padaria vende. Pode se levantar do chão, alicerçado na palma Daquela mão que sempre esteve estendida a nos e tomar um belo banho, ficar cheirosinho, voltar a ter dignidade.
Ai, mais de repente ainda, a gente lembra de olhar para o lado e descobrir que nunca estivemos sozinhos de verdade, e que sempre fomos abastados, de misericórdia e amor, muito amor...
A partir dai, o descobrimentos se desdobram tanto e de tal modo, que nossas almas não desejam mais nada, nada anseiam, nada esperam, apenas se abandonam naquele olhar, que erguida a cabeça, encontrou-se com o nosso, em momento inesperado, em noite que nada tinha de especial, a não ser o Olhar.
Foi ai que entendi que olhar para Jesus Eucaristico me dizia mais de mim do que eu supunha.
Foi ai que percebi que minha vida tem, sim, muita importância na vida dos que Deus me prestou aos cuidados.
Foi ai que assimilei que minhas atitudes tem poder de mudar a minha vida eternamente.
Etc, etc, etc...
E foi assim, assimilando, entendendo, percebendo, que me percebi amando de verdade o Amor, com a profundidade que o Amor merece ser amado, ou pelo menos, a profundidade que me cabe, meus 100% do momento. Foi quando entendi que meus "apesares" não pesam, e que minhas infidelidades me aproximam e muito do meu Jesus, que minha vergonha da misericórdia Divina era, simplesmente, medo de Amar a Deus na medida que tenho necessidade verdadeira de amar.
Foi quando percebi que poderia abrir a sacola, e adentrar Aquele belo coração, e, em posição de reencontro, me apossar do território que sempre foi meu, rico de todas as belezas que o coração do próprio Deus transpassado pode proporcionar, lá no lado aberto.
Quem diria... o mais culpado pelos humanos, responsável pela abertura do coração do Meu Jesus, doidinho pra se dar a nós...
Aquele soldado só podia rezar, muito, muito, pois prestou um importantíssimo papel a todos nós: abriu o coração de Jesus que jorrou a agua e o sangue redentores da nossa alma fraca, pobre... E é desse sangue que me banho cotidianamente, e, mesmo esquecendo muitas vezes de quem eu sou e voltando a condição de mendiga, que nega a sua herança, instantaneamente me vem o desejo de abrir minha sacola e me apoderar do meu tesouro.
E assim vou vivendo, até o dia em que tomarei posse do que eu sou, verdadeiramente, eternamente...

2 de julho de 2009

Amor, simples assim!

Gosto das autenticidades. É por elas que sou apaixonada.
Gosto do miolo, daquela sem graça da verdade. Gosto de profundidade, altas altitudes, grandes abismos. Gosto do gostinho da amizade profunda, aquela que te faz raiva pra te dar consolo. Gosto do amigo sincero, aquele que te tira de casa, mesmo quando você está deitada de camisola as dez da noite da quarta feira, cheio de trabalho pra fazer no dia seguinte, so pra faze-lo feliz no dia do seu aniversario. Amo. Amo como nunca amei, a verdade, a simplicidade de olhar e amar, sem saber porque. Alias, venho pensando muito sobre os porques do amor. Se explico porque amo, nao amo. O amor é inexplicavel, ele é escoimado de duvidas. Sabe-se quem ama, se sabes porque amas, nao amas deveras. Se para amar tenho a necessidade de elencar todas as virtudes da pessoa amada, se para amar preciso antes lembrar-me do que necessito para viver daquela pessoa, nao amo. Cheguei a conclusao de que o amor é aquele sentimento que vem e para, se instala no peito. Nao meço porque amo. Nao me pergunto porque amo. Nao me questiono porque amo. Simplesmente amo, e nao sei mais me lembrar da minha vida sem aquela pessoa no meu coraçao. E como amar a Deus. Se elenco todas as suas virtudes e por isso o amo, nao o amo de verdade, meu Amado nao merece tampouco carece dessa gentileza. Amo meu bom Deus porque nao sei me lembrar de ser gente de verdade antes de Ele entrar de vez em minha vida, pra fazer aquela bagunça e me mostrar que eu sou bela, a mais bela criatura das suas criaçoes... Simplesmente, amo. Esse amor que se instalou em mim e reluz em minhas atitudes e açoes. Amo por amar, vivo por amor! Simplesmente, amo. Sem nada esperar, sem me angustiar... pois amor que é amor é assim: chega de mansinho, brota no jardim da alma, e vive em constante primavera no ser de quem o permeia. Amor! Simples assim. E é ele que importa, meu jeito de amar. Desajeitado, amigo, paciente, benigno, saboroso, prazeroso, paciente, humano. Como a borboleta passeia pela paisagem sem nada esperar. Assim eu amo meus cativos, com amor sincero, que nada espera, nada deseja, apenas ama, com todo o coraçao, e espera que seu amor seja permeado em si e em outrem, pois de sentimento tao bom so podem nascer lindos frutos de amizade. "Flores sao todas as cores, de tantos amores, que nunca esqueci.. limpida passa por dentro essa seiva, verdade que me une a você..." Arvoreando, Maninho.

11 de junho de 2009

A Serenata, Adélia Prado.

"Uma noite de lua pálida e gerânios
ele virá com a boca e mão incríveis
tocar flauta no jardim.
Estou no começo do meu desespero
e só vejo dois caminhos:
ou viro doida ou santa.
Eu que rejeito e exprobo
o que não for natural
como sangue e veias
descubro que estou chorando todo dia,
os cabelos entristecidos,
a pele assaltada de indecisão.
Quando ele vier, porque é certo que vem,
de que modo vou chegar ao balcão sem juventude?
A lua, os gerânios e ele serão os mesmos -
só a mulher entre as coisas envelhece.
De que modo vou abrir a janela,
se não for doida?
Como a fecharei,
se não for santa?

5 de junho de 2009

Loucura da cruz, sã teoria de Céu.

Em muitos momentos fico a divagar o que seria o mundo, que denominação meus amigos de Comunidade querem exprimir para exaurir até a ultima centelha de sua maldade e vaguear nas loucuras palpáveis, e por não raras vezes limitá-lo a uma condição de desprezo em seus corações e nos que são tentados em suas palavras ao mesmo pensamento discriminatório.
Viemos de Deus e o mundo nos foi dado por Ele. O paraíso do Eden, onde tanto nós queremos voltar, o sonho realizável de viver por Deus e para Ele. Esse desejo me impulsiona a fechar-me em um ciclo vicioso e maléfico de um mundo de fantasias religiosas, onde somente nós, filhos realmente fiéis e participantes da construçao do Reino de Deus na terra conseguiremos alcançar a vida Eterna nos braços do Pai.
Sabe, tenho muito, mas muito medo quando a minha religião se torna simplista, ao ponto de pensar que para evangelizar necessito estar dentro de uma igreja, paróquia, comunidade... Para mim, a verdadeira evangelização acontece quando niguém está a me observar ou julgar minha conduta como boa ou má. Os olhos do Amado para mim e seu espírito soprando aos ouvidos a palavra certa a ser dita, o não dito com amor mesmo que o coração esteja aos prantos, o sim dito com doçura, quando o que mais se quer dizer é um não, um sorriso nos lábios de manhã cedo para os colegas de trabalho que não merecem meu mal-humor por uma dor nas costas. É o atender a porta de madrugada, quando o vizinho pede mais pão pois acabou o seu, quando uma visita inesperada lhe bate a porta.
Outrora fui quem não quis ser, mas só descobri hoje, porque tive a graça de persistir num caminho desconhecido, onde todos os outros me foram demolidos. Sou atriz principal de minha história pródiga, com vários coadjuvantes que ajudei a encontrar a luz de Cristo. Encontrar. Se encontrar. Tenho muito medo quando minha religião se fecha em si mesma e esquece de sua função principal: salvar almas. Jesus teve como principal meta na terra salvar a nós, pobres pecadores. Todas as palavras de Jesus, atitudes, atos, ações (nunca omissões) teve por alcance a salvação das nossas almas. Perder isso de vista é perder a essência do Cristianismo que deve viver em mim, ser permeado para ser dissipado entre tudo e todos a minha volta. Pouco importa quantas vezes vou a missa, ao grupo de oração, se sou consagrado, noviço, postulante, comunidade vida, aliança, se desprezo a pessoa humana que passa ao meu lado aos prantos suplicante de ajuda que não sabe pedir. Perder a sensibilidade de humano, é o mesmo que tornar-se diabólico. É quando a religião acontece fora de mim, quando sou chamada a que ela aconteça dentro, lá onde o coração mora. Me exaurir de conviver com pessoas iguais ou melhores do que eu fui, porque hoje sou de comunidade e não devo mais vestir roupa curta, andar com blusa de alças, cantar certas músicas que eu sempre adorei a vida inteira, é uma forma de não servir a Deus.
Em várias passagens bíblicas vemos Jesus em festas, nunca em casa dos mestres da lei. Jesus escolheu a cada de Zaqueu, cobrador de impostos, a pessoa mais prostituída do reino. Que consigamos a coragem de Jesus de viver no prostíbulo, mas que o ser Deus esteja tão concreto dentro de nossa alma que o mundo, prostíbulo da humanidade, seja a nossa porta de entrada para o Céu, não para o inferno. Me trancar em meu mundo, sem buscar a salvação de todos é uma forma de não servir a Deus. Que eu seja capaz de enxergar o raiar do dia com doçura, o por do sol com gratidão, o balanço das ondas do mar com amor, a luz da lua cheia com fervor, as rosas da primavera com emoção, feliz de ter no coração, o Cristo que mora em mim latente de felicidade, pois mesmo sem compreender nada do mistério da vida, a angustia de ser bom seja sempre a salvaguarda das minhas loucuras, sãs teorias de Céu, pois quem faz da santidade vaidade já esqueceu do que é feito o Reino de Deus...

27 de maio de 2009

Afinal, ninguém é de todo mal ..

Cheguei a uma conclusão. Venho pensando nisso a muito tempo e me escondendo em máscaras também. Que o passado é fato ocorrido e não mutável eu já sabia. Aconteciam dentro de mim explicações para corroborar o pensamento: o tempo que passou não volta mais; não da para retornar a pedra atirada; não dá para apagar a marca do prego depois de pregado. Assim, nessa linha de raciocínio, respaldei todas as atitudes de minha vida, como uma Constituição de mim, Magna Carta de meu viver, radicalmente. E, passado que não se muda, nada se pode ser feito, acabou-se, tchau e bença, vou indo..!
A bem da verdade, sabemos que não é por ai. Sabemos que chega certo momento de nossas vidas em que o futuro nos cobra o passado e, para trilharmos nos caminhos que Deus nos quer, seguir os passos do Criador, é preciso olhar lá atrás, no momento mais seguramente irremediável de minha história para, só Depois de compreendido e resolvido, partir para frente.
Sinto em mim a necessidade constante de evoluir. Me tornar mais gente, mais humana, aproximar-me de Cristo em suas virtudes e dons. Um misto de inocência e fé, caridade e amor. Esse meu anseio despertado homeopaticamente no descobrimento de meu ser se interpõe aos meus desejos de esquecer minhas verdades. Protelar o auto-conhecimento ou desacordá-lo nada mais é que uma forma de negar a existência de algo que não está certo, inclusive para nós mesmos. Eu incomodo a partir do momento que me conheço. Eu me imponho, pois me conheço. Imponho limites, delimitações onde creio ser área restrita de mim, com acesso exclusivo do meu Amado...
E assim permaneço, no atemporal período Divino da salvação de todos, a permear a graça de ser de Deus, em todos os espaços que me cabem, em todos os momentos que perpasso minhas vontades e acentua-se em mim a obediência de amar minhas verdades, minhas vontades, minhas imperfeições e minhas qualidades, afinal, ninguém é de todo mal...
Foi ai que descobri, que quando mais conclusões eu tenho, mais eu tenho que saber sobre mim.

22 de maio de 2009

Minha morte, nossa vida.

Preciso do Calvário. Preciso ver Jesus morrendo, transformando-se em corpo e sangue redentores. Minha necessidade é diária, meu suplicio também. Preciso ver Jesus na cruz, com meus pecados insculpidos em seu sofrimento. Preciso crer em Jesus na cruz, amando a mim em todos os momentos de suas dores. Preciso estar com Jesus na cruz, para então sentir suas dores comigo, ou, pelo menos, o pedacinho delas que me cabe. Eu preciso de Jesus, de seu amor, de sua dor e de sua ressurreição. Eu preciso estar com Jesus na cruz, para sua Glória ressurgir em mim completa. Eu preciso diariamente subir ao calvário, como demonstração a Deus do meu amor e minha adminiração por Filho tão obediente. Eu preciso, não Ele de mim. Jesus não precisa de mim aos seus pés, Ele faria tudo por mim novamente, mesmo que eu não tivesse a menor idéia ou sapiência de meus pecados, disso tenho certeza. Eu preciso. Preciso estar aos pés da Cruz de Jesus diariamente, e então ver seu corpo glorioso e recebê-lo dentro de mim, onde faz morada eterna, mesmo que incompatível com todas as suas pretensões de santidade. Eu preciso. Seu sangue preciso a se juntar ao meu, em enlace perfeito de transformação homeopática de piedade em salvação. Eu preciso. Do seu amor por mim, em meu lar adentrar, hóspede que não é mais visita, e sim esposo de minha'lma. Eu preciso da sua morte, para que com a minha possamos juntos começar nova vida.

12 de maio de 2009

Relicário

Minha vida, doce música. Minha música, suave melodia. Minha melodia, sublime mistério. A cada dia reconheço em mim o que de mim não flui. A cada dia amanhece em mim aquilo que desejo ser. Infinito sol de graça, infinito mar de amor... É como amanhecer depois de chuva no campo, no horizonte o monte avista faceiro o sol se despedindo da lua, em silencioso cantarolar de Deus pela existência de seus pequeninos, que mesmo irradiados deles mesmos conseguem resplandecer nuances de Jesus. É como anoitecer em lua cheia de mistérios gloriosos, com uma Virgem Mãe de braços estendidos a mim, com o colo pronto para me ninar e acolher. Meu Jesus em minha vida. Minha Mãe em minha história.

4 de maio de 2009

Eu e outras vidas.

Resolvi fazer um retrocesso.
Viver diferente, ser gente.
Regente da minha vida, antes falida.
Fazer nova história, recuperar a memória.
Viver de progresso, sem mais recesso.
Viver de alegria, que contagia.
Inaugurando reinos, sou princesa.
Fundando alegorias, escolas.
Findando respostas, de vida.
Deixando agonias vividas.
Para trás, algozes!
Agora sou pefeita, pra mim.
Minha vida e eu.
Eu e outras vidas.

3 de maio de 2009

Mãe, Maria de todo dia!

Mãe, mulher
Alicerce
Da Fé
Mãe, menina
Palavra divina
Mãe, descanso
Nunca pranto
Mãe, mistério
Nunca ausente
Mãe, Maria
De todo dia
Luz que alumia
Meu caminhar!

2 de maio de 2009

Isaias 12, 2.

"Eis o Deus que me salva, tenho confiança e nada temo, porque minha força e meu canto é o Senhor, e Ele foi o meu Salvador!"

26 de abril de 2009

A prisão que fiz pra mim mesma: Amar sem medidas...

Em meu cativeiro guardei minhas vontades de maior predileção, meus mais caros sentimentos. E, sendo caro, guardei em vigília para que não fossem furtados, ou simplesmente que fosse descoberta a sua existência. Em meu cativeiro, eu, como boa seqüestradora de mim, furtava-me todos os dias de meus sonhos, meus desejos, minhas vontades, meu ser Deus na medida de minhas atitudes, minha humana divindade. Em meu cativeiro, me anulei da minha vida, e da vontade do Pai para mim. Esse local de desesperança pelo meu ser humana, limitada, com desejos e vontades de vida como todos, fazia de mim um pequenino ser insignificante, que aos poucos minava a minha dignidade de ser pessoa. Meu cativeiro, alem de meus sonhos, furtava-me a vida, o brilho no olhar, o reconhecimento de minha humanidade. Foi quando um tal Jesus me ensinou a viver com minha cruz, e então meu cativeiro foi descoberto, minhas necessidades de voltar a ter dignidade de ser gente foram, aos poucos, se redescobrindo e reafirmando em mim a necessidade de ser quem eu sou: humana, limitada, que errou, mas, com certeza, buscando acertar e encontrar a felicidade. Foi quando retirei de mim todos os meus objetos de predileção, meus sentimentos caros, e, com o amor que me restava, a centelha de vida ressonante em minha alma, me descasquei e entreguei meu coraçãozinho que tinha pouco tempo de vida a quem, por graça, teria que receber. Foi quando percebi que poupar não significa amar, que as palavras ditas de coração aberto são preciosas, que se abrir as pessoas que nós amamos é o maior dom que podemos receber de Deus e que é dado a todos nós, desde toda a eternidade. Foi quando percebi que ser amado é tão bom quanto amar, e ser amado por quem a gente ama é melhor ainda. Foi quando percebi que na dor, verdadeiramente, é quando percebemos o alcance que Deus tem em nossa alma. Foi quando entendi que quando amei de verdade tive a dimensão do alcance do meu amor na vida de quem eu amo, e isso me deixou extremamente feliz! Por ser amada, e por amar! Amar sem medidas... Foi quando percebi que o amor de Deus em mim, esta também no outro, e que não devo mais fugir de quem eu sou.

19 de abril de 2009

Ressuscitou!

"É o Rei que venceu! Ao Cordeiro a vitória, o poder, honra e Glória!"
Meu Jesus na Cruz. Olho-o fixamente. Suas dores me vivificam mais e sempre. Minhas chagas se entrelaçam as suas. Aquele que por mim morreu, e meus pecados em sua cruz carregou. Por mim morreu, por mim viveu. Se entregou sem medidas. Todos os dias necessito entregar-me ao Seu mistério, que me vivifica. Minhas chagas em suas chagas. Meu sangue em seu sangue. Perfeito holocausto de amor e entrega do mundo, amor e entrega do Filho de Deus, amor e salvação do mundo. Morreu para que eu vivesse, e morre todos os dias. Todo santo dia sobrevém Seu calvário, a redenção dos meus, seus, nossos pecados, para honra e glória do Nome de Deus. Tão simples, nada singelo. Tão completo e insolúvel. Tão visível e sensível, porquanto somente agora meus olhos viram! É certo, outra vez o véu se rasgou em minha frente, então pude sentir leve brisa ao rosto, meus olhos não buscam mais prantos, e sim vitórias! É Ele, que ressuscitou em mim o ardor missionário de doar-me sem medidas. Meus erros, tão diferentes de Seus acertos. Minhas verdades, tão diferentes de Sua vida. Meus pensamentos, tão longe de Sua santa Divindade. Meu ser, tão longe das bem-aventuranças prometidas aos Filhos de Deus. Sublime mistério, real valor de eternidade. Fonte de amor, creio em Jesus. Vivo! No meio de nós... Em suas chagas me revigoro. Em seu sangue me banho. No seu lado aberto me escondo. Em sua ressurreição, me lanço a nova vida! É Páscoa, passagem e permanência das bem aventuranças de Jesus, que ressuscitou dentre os mortos! Aleluia! É tempo de misericórdia!

18 de abril de 2009

Imperfeição do amor

"Acaba com o sofrer de quem não Te encontrou..."
Dentro de mim, lá onde sou o que sou. Lá onde a visão não alcança. Lá onde os pensamentos são meus. Lá, sou quem eu sou. Deus não se envergonha de mim, eu não tenho mais medo de Deus. As palavras escoem, as orações são incessantes. Elas nem precisam sair de mim para ganhar vida, me vivificam primeiro. As experiências alheias são minhas, o mundo é meu e eu sou do mundo! Humana me renovo, nos atos que fui, nos atos que serei, nos atos que não são meus, nos atos teus. Há dentro de mim uma vontade insaciável de acolher e experimentar o outro, em todas as suas consequências. Nunca soube somente estar. Sendo você alcança o coração, que é o que vale a pena na vida. Sendo você sofre junto, chora junto, e renasce junto com aquele que não entende o mesmo que você, nem você o mesmo que ele, mas no final essa trama de pessoas entrelaçadas é que alcança a plenitude do serviço almejada por Deus. Jesus nunca ficava à margem. Jesus, com seu ser e suas palavras, vivificava o coração. Ele sempre ia até o fim, sem nunca desistir de ninguém que viesse a seu encontro em súplicas. Ele ensina o caminho de ser feliz. Ele ensina que a vitória é certa, e que cada um é como é e é perfeito... E, sendo perfeitos, somos pequenas imperfeições nascidas da perfeição, e para Ele voltaremos. Por isso julgo que dentro de mim existe uma perfeição que não compreendo, mas que venero, adoro e acolho, como bondade existente em mim que não mereço, portanto, colocando sempre a serviço de Deus, meu doce mistério de amor, que por graça enobrece meu coração. Não, não vejo razão para mim de felicidade que não seja ajudar o próximo a encontrar-se consigo. Me dói profundamente a forma que as pessoas encontram de eivar-se da convivência com o amor, consigo mesmas, por imposições de vivência, de vontade levada ao extremo da consequência, de intolerância e desrespeito com o ser do outro. Eu sou o que sou. Pretendo ser sempre essa eterna mudança, pois não sou acabada. Sou obra Divina perfeita, imperfeita pessoa humana. Pros humanos imperfeição. Pro Divino, perfeição, que se dá de dentro pra fora, Dele mesmo e pra Ele retorna. Esse canal de renovação, como reciclagem da agua do meu ser com a agua viva do Senhor, vivificando várias pessoas, que se deixam alcançar por sua Graça! Eu sou o que sou. Perfeição do Amado, imperfeição do amor.

9 de abril de 2009

Desamor

"Tu me conheces sabes bem quem eu sou
Os meus limites, minha humanidade...
Mas me impulsionas a caminhar por Ti, Senhor..
E me convidas a cantar tua salvação..."
Impotência.
Esse sentimento constantemente me assombra, pois não consigo.
Mister se faz em mim ser, não simplesmente estar, em todos os momentos de minha vida, mas não consigo. Coisas que não compreendo, sentimentos que não possuo, e sim me possuem. Não consigo. Atos que minam meu querer ser melhor, atitudes eivadas de inconsciência. Injustiça com meu irmão, ou seria leviandade à mim? Se tenho limites, não consigo. Se não consigo, porque ir tão longe comigo? Como irei? Se minha paciência é tão limitada.. e minha ira tem o poder de me dominar? Contra fatos não há argumentos, não consigo. Continuamente me sujo, banhos na alma preciso diariamente, e isso me constrange... como posso insistir tanto nos mesmos erros? Como levar à Ti os que comigo convivem? Como presenciar e ser Tu, sendo eu tão fraquinha... Não consigo. Indeslocável pensamento, que faz desabrochar meu amor à impertinência, nascida na impaciência de não aceitar as Tuas demoras. Já tentei de Ti fugir, não funcionou. Cá estou novamente. Me dou última chance de ser Tua, não à Ti, mas a mim mesma. Ademais, aonde iria eu? Minh'alma bem sabe que sem Ti nada seria, e se não fosse Tu, já havia de ter morrido definitivamente a tempos. Outrora pensei que seria melhor não saber, portanto, não assumiria obrigações para contigo e estaria livre. Mal sabia que presa estava às minhas limitações. Elas me importunam, meu espinho na carne e não sei como fazem ou porque existem. Simplesmente me deixam entender que não consigo, e minha imperfeita condição humana nivela-me a um nada. Hoje detenho-me a desencorajar minha pretensão de ser melhor, a humildade nunca foi muito minha amiga. Vez por outra me encontro assim, pedindo em momento inoportuno algo oportuno ao que desejo. Outro dia quem sabe... Hoje quero apenas abrir as minhas asas e olhar-te. Quem sabe sentindo as tuas dores seria eu um pouco parecida contigo. Quem me dera sofrer Tuas dores em verdade, meu coração endurecido não me permite ser uma contigo neste momento de profunda solidão. Outrossim, centelha de Ti mora em mim... e de uma pequena perfeição não nasceria desamor.

7 de abril de 2009

Muita Adoração que gera Vida !

"Não sou nada, eu bem sei
Tão pequeno, um grão de areia em tuas mãos..
Barco à vela que se abandona
Segue o rumo e vai buscando o alto mar..
Assim me encontro diante de ti..
Um Deus imenso que por amor se deixa alcançar..."
Naquele momento, em canto indefinível, afirma-se o ser de alguém que vive o que prega. Não estás, és Ministério. Não estão, são. Esta vida não passa, ela marca a existência de nossas almas pela eternidade. O canto ecoado em frases sensíveis esconde por momentos a plenitude de almas bem aventuradas no amor e na graça, que se abandonam no mar das maravilhas do Amado. Tão pequeninos se fazem, em oblação do que são, oferendas perfeitas de amor e entrega. Mortificação que salva, faz retornar à vida muitos corações entorpecidos, para glória e honra de um Bem além de nossas capacidades intelectuais. Sementes de amor na vida de muitos, Ministério de Deus, Apóstolos da Salvação, que por Ele se deixam usar, como escada para alcance do Amor. Eterniza-se em mim teu tocar, teu cantar, como marca intransponível do amor de Deus pelo que vocês são, almas em busca da perfeita comunhão com a Vontade do Pai. Deus vos abençõe sempre.

3 de abril de 2009

Aflorar

Acreditando ou não, crendo ou não, vendo ou não, ouvindo ou não, sentindo ou não.
Acredito, creio, venero, amo e tenho fé pelo que não sei.
Não saberia viver de outra forma.
Não tenho porque ou pra que razão em explicar algo que vive em mim inquietamente.
Eu sou de Deus e pronto.
Eu quero ser santo e pronto.
O desejo inconstante que sussura aos meus passos o caminho certo a seguir no dia de hoje.
Não almejo grandes graças a mim, não. Posso até querer um dia.
Não aspiro grandes coisas, quero apenas deitar em meu leito tranquilamente, com sensação de dever cumprido.
Não sei ser de Deus, mas busco nos passos de meus antecessores.
Não tenho a sabedoria dos monges, mas tenho a sabedoria na medida de minhas atitudes.
Não tenho o discernimento dos santos, mas tenho a consciência do que eu sou e minhas limitações.
Deus se desdobra em minha vida como um jardim em eterno aflorar.
Cada novo dia uma nova borboleta que sai do casulo após dias no aperto de suas angustias, contudo foi por elas que ela alcançou a graça do voo.
Se sou de Deus, aceitarei as consequências de assim decidir.
Se sou humana, aceitarei as limitações de minha condição.
Prazer, me chame por Carlinha.

2 de abril de 2009

Com licença poética, por Adélia Prado.

"Quando nasci, um anjo esbelto desses que tocam trombeta anunciou: vai carregar bandeira. Cargo muito pesado para mulher, esta espécie ainda envergonhada. Aceito os subterfúgios que me cabem, sem precisar mentir. Não sou feia que não possa casar, acho o Rio de Janeiro uma beleza e ora sim, ora não creio em parto sem dor. Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina. Inauguro linhagens, fundo reinos - dor não é amargura. Minha tristeza não tem pedigree, já a minha vontade de alegria, sua raiz vai ao meu mil avô. Vai ser coxo na vida é maldição pra homem. Mulher é desdobrável. Eu sou. "

23 de março de 2009

Minhas palavras, meus atos.

"Respondeu-lhe, pois, Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna."
João 6,68.
Minhas palavras, meus atos.
A primeira tem o poder de definir, o segundo, aprisionar.
Se meus atos não condizem com minhas palavras, confusão formada em mim, por mim.
De que adianta palavras bonitas a uns e a outros choros e palavras duras?
Aprendi meu Senhor que devo ser dicípula primeiro entre os meus para, então, ser mais.
Aprendi que de nada vale a mim querer ser grande, quando devo almejar sempre a pequenez.
Aprendi que de nada vale saber se você não sabe como bem executar todo o saber.
Sabedoria vai muito além de deter todas as informações necessárias acerca de algo, muito além.
Uma pessoa sábia não precisa de estudo, basta que tenha um coração.
As pessoas mais sábias que já conheci não estudaram nas melhores faculdades, não possuem uma gorda conta bancária, ou o emprego dos sonhos. Tampouco estampavam a capa da revista "Sucesso do saber", "Caras", "Super interessante", etc.
Delas aprendi que minha vivência me define, não o que falo sobre ela. Aprendi que falando o que sinto consigo superá-lo e me localizar em meio a todo o sofrimento que me aflige. Aprendi que primeiro tenho que me resolver com minhas consequências para, só então, auxiliar alguém a resolver as suas. Aprendi que se aprende mais reconhecendo os próprios erros do que buscando desculpas para eles. Aprendi que não devo exigir que alguém seja melhor, eu tenho que fazer isso por nós dois. Aprendi que não posso exigir que entendam o que eu penso se eu não falo. Aprendi que mesmo eu não conseguindo transpor as barreiras que existem em mim e ir ao encontro do outro para dizer tudo o que sinto, um simples olhar ou um gesto podem demolir todo um sentimento de discórdia, melhor que uma grande conversa de "aponta dedos". Aprendi que calar não significa gostar e que impaciência gera violência, e quem mais sofre é o coração. Aprendi que mesmo sabendo de tudo isso um dia eu vou esquecer, e peço a Deus misericórdia por minha "cara-de-pau" de usá-la ao retornar e pedir com pranto nos olhos perdão por minhas atitudes eivadas de incoerência e amor...
Enfim, aprendi a ter amor por mim, apesar do que eu sou. Aprendi a me deixar amar, apesar do que eu sou. Aprendi que o que eu sou é consequência na vida do outro, a ponto de poder muda-la ou destrui-la. Aprendi que sou luz que resplandece da luz de Deus, não apesar dela.
Minhas palavras, meus atos.
As palavras tem o poder de libertar. Os atos, de salvar.