Pintando paredes.
Nunca imaginei que pintar fosse tão reconstrutor.
Pintar parede mesmo, de casa, do meu quarto.
A cada pincelada recordava-me de minha vida, meus erros, minhas dores.
Ao passo em que a cada pincelada perdia-me em afazer tão braçal e desprovido de atrativos mais abastados, à primeira vista.
Tentava alcançar algo inalcançavel ao primeiro olhar.
Olhar desprovido de coragem, olhar medroso
Tentava pintar mais alto, pintar tudo, nenhum espaço poderia demonstrar o velho, a tinta de cor que não agrada mais. Tornou-se velha, ultrapassada, clamava por renovação.
Assim era minh'alma, sensibilizada pelo toque do criador.
Desgastada pelo tempo, destruída pela vaidade da exposição.
Anseava pelo toque, pela transformação do seu criador.
Não, não eram retoques, eram pinturas reais que ela clamava. Os retoques já não resolviam mais, ela precisava morrer, para só então nascer.
Estava suja, acostumada com seu jeito velho de ostentar seus costumes.
Restava desgostosa, com suas cores desfalecidas de cansaço, com a mesmice de estar sempre bem, não precisar de ninguém, ao menos aparentemente.
E foi com esse olhar, que enxerga a linha tênue do ser e do estar, do amor e desamor, do quente e do frio, contudo morno jamais. Com esse olhar, que enxerga turvo o caminho que deve ser seguido e clama aos passos para que siga ao horizonte belo, que se forma na paisagem a frente. Com esse olhar, que chama o peito a perceber que a beleza da vida é construída de pequenos atos, à primeira vista torpes, como a pintura de uma parede...
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