26 de janeiro de 2009

Fazendo as malas

Queria entender esse meu viver, compreender as mudanças que acontecem em mim. Sei que estou certa por um caminho mas meu eu insiste em enveredar novos horizontes, velhas paisagens. Aquilo que de melhor tenho não aflora, porquanto insisto em permear passadas vontades presentes. Aquela roupa que gosto de usar e não me cabe mais, nunca mais. A resposta na ponta da língua, a impaciência que perdura imponente, o perdão não dado, o amor não doado, o orgulho remoído, o mesmo sofrido penar pelas mesmas velhas vaidades... vaidade! Meu pecado mais revivido, com várias edições de um mesmo momento. Como fantoche me sinto mover por mim, aplaudida de pé por uma platéia vazia...
Insisto em não acreditar em verdades expostas, sabidas verdades, demonstradas verdades, excluídas verdades por meu não querer saber de sua existência. Principados e potestades me perseguem ao passo que eu insisto em não ser comigo a irritante presunção de assombro. Minha inteligência asna permeia certezas de esperanças futuras alcançar, sem no entanto, levanta-se à minha frente quaisquer minúsculo obstáculo. Sei como vence-los mas não sei se quero vence-los, e isso me assusta e muito. Como posso querer algo ruim perto de mim? Como posso temer a algo bom? Como posso temer aos carinhos a mim desprendidos, às carícias ao meu ser, aos caminhos lindos e verdejantes vistos e vividos outrora com meu Amado? Se para chegar é preciso ir, que eu tenha a parresia de fazer as malas sem excesso de bagagem, esquecendo das sobras, carregando aquilo que é bom, virtuando as vaidades...

21 de janeiro de 2009

Visão da Pedra.

Quem dera eu viver do vento..Viver de riso, sem pranto, dor ou lamento..Brincando de correr viveria, ao vento os cabelos a balançar risonhos, como se face tivessem..As águas do mar, o brilho do ceu..O azul anil da cor do pincel, que numa folha qualquer um dia descoloriria..Em minha alegria a cor vibraria, viveria! Peixinho de água doce aqui não vive, é água que tubarão nada..Estrelas de cor sem cor, brilho de água azul anil, autoritária, desdobrável.. Recebe várias outras águas unindo-se em sintonia.. Formando sinfonia, em busca de um bem maior.. Rio de água doce acaba oceano salgado, com gosto de vida, vida que muda, vida que mata, vida que vive, vida que dá vida..Sal sabor do mundo, sal da terra, sabor da vida, paladar humano, dom Divino..Agua doce tem doce de mar, beleza de rio, correnteza de maré, até a poça que é de rio, minha nossa, com o mar vai se encontrar.. Bonito de olhar, cada doce devaneio de um mar inteiro que se entrega ao luar.. Impotente sol que sem avisa ilumina, enxergar o infinito bonito de pedras sobrepostas.. Humanas costas, braçadas imponentes, prancha sobreposta ao peito, intencionalmente.. De repentemente abriu-se o mar, luz solar a iluminar.. Sobre a onda surfista a brincar, sobre a pedra a bela moça a repensar: sua vida, seus amores, seus prantos, suas dores, suas alegrias, suas tristezas, suas agonias, suas belezas, desejosa de encontrar o belo moço do sonho ao retornar..

Bater de asas, filosofia, a tal da Sophia que o diga.. Lindo voo irei alçar, entre as belezas, mergulhar.. o mundo inteiro a abraçar, cabelos ao vento sem me importar, com Deus me encontrar, com Maria me entregar, aos pes da cruz, em cima da pedra, abaixo dos céus, em cima da terra...

19 de janeiro de 2009

Impertinência

Não pertine em mim essa impertinência que me assola. Meu ser em construção por vezes sofre em desmoronamentos não programados por mim, mas almejados por Deus. Toda grande reforma necessita de grandes transformações, pois algo feio até se tornar bonito deve sofrer a metamorfose da mudança.
Mudar. O ato de transformar algo em alguma coisa exige do artista imaginação e aptidão para aquilo que almeja alcançar. Transpor as indefinições para um ser definido nunca pode ser alcançado por alguém que não sabe inverter solidão em beleza, intemperanças em silêncio. Vai muito além de saber tudo sobre si, ou achar que sabe.
Estar no controle nunca nos coube. Se achamos que sim, é porque nunca vislumbramos a um mundo além de nosso próprio quintal. Nos delimitamos em nosso ser como sendo perfeitos por pequenas amostras de beleza, como um pequena flor sobrevivente a uma grande queimada.
A tela por si só não se pinta, tampouco o pincel sozinho muita coisa pode fazer para uma obra se tornar bela. O artista, mente pensante da obra d'arte antes de seu início planeja, estuda com afinco todas as formas para deixar sua criação cada vez a sua imagem, obra prima de grande apreço. Assim é Deus conosco. Artista atento, planeja todas as formas para nos trazer a beleza que está em seu coração, para que vivamos a arte da vida de acordo com as maravilhas de uma vida plena e constante tranbordante em seu amo infinito, onde, para isso, devemos ser pinceis pacientes e atentos a seus ensinamentos e pinceladas, mesmo que, a primeira vista, não entendamos o primeiro traço marcado à tela... Não cabe ao pincel ser artista. Não cabe à tela ser artista. Mas a obra prima somente irá existir em razão deles...
Somos apenas teimosos e impertinentes pinceis, com vontades próprias a enfeiar a obra prima almejada por Deus que, pacientemente, a tenta corrigir...

16 de janeiro de 2009

Plural

Estaria eu inteira ou aos pedaços? Aos sorrisos em prantos ou aos prantos em sorrisos? Minha vida metáfora minha? Singularidade no comum plural? Pluralidade no singular?

Chuva.

Importância. Qual importância teria minha vida para mim senão tudo? Eu sem minha vida não viveria, ou minha vida não viveria sem mim? Quem veio primeiro, o ovo ou a galinha? Quem nasceu primeiro? Minha vida, com todas as pompas, honras e horrores ou eu, com meus prantos, sussurros e amores?
Sempre que me entristeço e atenho-me em minhas dúvidas e incertezas, minhas tristezas e peripécias, o dia escurece e pela chuva Deus chora junto comigo. Acontece, quando não tenho para onde ir, refúgios me faltam, onde até os céus desabam sobre mim. Assim tenho eu, inacabadas razões concretas de desistir da vida e pegar um avião rumo ao infinito, mas esse voo não existe. Pudera eu adentrar o salão de embarque de razão alguma, embrenhar-me nas paisagens de lugar nenhum, descansar de minhas dores feitas sofrer, viver a odisséia do mundo achado...
Fugas insanas para tristes motivos mimados. Criança "birrenta" estou eu retornando a ser, em resgate a tudo aquilo que desejo não alcançar mais. As dicifuldades de uma vida de responsabilidades se interpõem em meu caminho, como amigas vãs de minha infelicidade. Rogo aos céus e a noite escura se aproxima. Deserto coração abençoado de angustias, sofrimentos que se tornam sãs fontes de sabedoria vivente. Quisera eu contornar minhas tristezas, viver de alegria, mas os caminhos tortuosos insistem em se encontrar com meus pés, surrados pés. Se até os meus fios de cabelo estão todos contados, Ele deve saber o que está acontecendo, e deve saber o que se faz comigo. Minha confiança Nele é cega, mas vez por outra procuro um oftalmologista para um transplante de córnea. Mas, será que é cega mesmo? O tal doutor da escuridão me diz que não, mas a Mãe da misericórdia me convence que sim...
Me pedem para doar a vida. A vida já doei. Será mesmo? Se sem minha vida não ser viver, e minha vida sem mim não sabe o que fazer, como farei para doa-la? Respostas não tenho, mas as perguntas ficam "tintilhando" em meu desajuizado juízo. Que minha loucura seja perdoada, e que minha vida seja doada, a quem por amor quero receber...

14 de janeiro de 2009

O samaritano e o fariseu.

Sentada estava em um dos ultimos bancos. Alias, uma cadeira cativa por mim criada para não estar perto dos outros. As vezes preciso disso, solidão acompanhada de multidão. A elevação, consagração da Comunhão, momento sublime da Santa Missa. O Padre erguia a hóstia, já então Corpo Santo de Jesus e aquele homem suplicava, pedia, orava... Suas súplicas eram reais, dores sofridas ou feitas sofrer. Suas orações fundadas em base de fé sólida e fiel. Acreditava piamente no Corpo de Jesus e em sua salvação. Rogava a Deus com todas as suas forças por perdão, por seus inúmeros pecados. Assim julgava eu, olhando superficialmente aquele homem. Então, prostrei-me as minhas orações de entrega e senti diferença ao voltar meu olhar ao mesmo homem. O via como samaritano e eu, fariseu. O fariseu que rogava a Deus para não ter tantos pecados como o samaritano e o samaritano que suplicava ao Pai por misericórdia por não conseguir ser tão bom como o fariseu. Leve sorriso saltou de minha face ao perceber a fragilidade de minhas orações. Eu pedia para não ser como um homem de fé e esperanças, a não ter necessidade de Deus como aquele homem, que não sei nome ou endereço, quando, na realidade, eu necessito muito mais. Aquele homem olhava para o Sagrado e orava com todos: "Cordeiro de Deus que tirai os pecados do mundo: Dai-nos a paz", trazia suas duas mãos com força à fronte de sua cabeça. Pedia incessantemente paz aos pensamentos. Enquanto isso eu suplicava para não ser como aquele homem.
Quantas vezes fazemos isso? Nos inportunamos com semelhantes e reclamamos de iguais? Pedimos que seja diferente do que fomos, quando continuamos a cometer os mesmos erros ao invés de simplesmente aceitar as limitações alheias e ajudar a romper limites, como nós todos os dias necessitamos. Aquele homem pedia paz aos pensamentos tortuosos, que porventura talvez sejam mais amenos que os meus. A vida daquele homem eu não conheço. Suas dificuldades, anseios, só sei que é casado por conta de uma aliança que ostentava à mão esquerda, contudo não sei se possui filhos. Não sei, porquanto, que razões seu coração leva aos olhos pranto, contudo aquele homem renovou minha fé, em Deus, Nosso Senhor. Me trouxe à tona minhas dificuldades e inseguranças nas orações que outrora se faziam firmes e fortes. Mas também me trouxe a certeza de que minhas súplicas são sempre ouvidas e atendidas segundo minhas necessidades, não minhas vontades. E que por menor que eu seja, Deus se faz precisar de mim.

12 de janeiro de 2009

Bela afeição materna

Enxugaste minhas lágrimas, sofrimentos de minhas dores..
Amaste minhas lástimas, sorrisos em prantos por amores..
Contigo extrai meus momentos mais belos.
Santidade não conheceste, porquanto tão bem ensaiava-a comigo.
Tudo em ti era belo, tão lindo e sereno.
Aos poucos quis ser a ti, não mais a mim, quando em mim achou-te em se perder..
Meu sangue é o mesmo teu, meu amor se entrelaça ao teu, somos uma só.
Mesmo só sou tu, e tu vens a mim.
Meu auxilio nunca nega, vigia atenta da minha felicidade..
Tortuoso amor de prantos, linda afeição de felicidade que se regozija em meus devaneios..
Meus passeios eram mais serenos, minha dor era mais amena.
Minha mãe estava ao meu lado, sempre que eu precisei.
Precisarei sempre, mesmo que não mais imagine precisar.
Minha mãe lá estará, sorriso pronto para me dar, como paisagem bela a me esperar, onde em seus braços quero eu descansar...
"Maria Santa e fiel.. ensinan-nos a viver como escolhidos.."