14 de fevereiro de 2012

Pazes em paz.

Faço as pazes com a saudade.
Façamos assim, tu e eu: vem a mim.
Vem a mim e não sou mais sozinha.
E de saudade, salmodia o canto Davi.
Da saudade do que posso ser.

Orgulho de meu orgulho

Das vaidades,
Fiz favores.
Nos desejos,
Meus amores.
Nas luxúrias,
Me lancei.
Em teus braços,
Amei.
Nas penúrias,
Calei.
Nas lamúrias,
Chorei,
chorei,
chorei.
De todas as vaidades,
A mais bem vinda.
Olá orgulho,
Cá estou.
Morrendo só,
Definhando de amor.

Mentiras

Mentiras amontoadas em prateleiras esquecidas.
Assim, somos nós.
Assim, sou eu.

Sou mais que cem poemas

Me pediram cem.
Cem não posso dar.
O galo canta, estou de pé.
A lua cata, o que de si repele.
A labuta do dia cansou meu olhar.
No penar de meus músculos.
De penar em pensar,
O olhar cansou e foi deitar-se
Apague a luz, por favor.

Três cocoricós

Traio-te não por não te amar,
Traio-te por me odiar.
Traio-te por vergonha.
E sem cerimônia:
te traio,
te engano.
Deixo-te e te esqueço,
Relembro-me nas noites de frio.
Grito-te,
E escrevo em linhas tortas
as desigualdades de tuas certezas.
Engano-me em te enganar,
Entranho-me em te amar,
Amando,
mais que a tudo.
E me engano,
quando acredito enganar a Ti.
O galo canta três vezes,
E arrependo-me no pó e na cinza.

Cumprindo a sina


Cultivo o velho hábito de acreditar em palavras, soltas ao vento, que se agarram a mim e transmutam-se em certezas ao qual vivencio profundamente. Entranham-se ao mais escondido de mim e viram realidade aos meus ouvidos e saberes. Saber, também velho hábito inimigo meu. Questiono meus sentidos na certeza de encontrar perdida em algum lugar a ilusão criada em uma mente de imaginação incalculável, sem sucesso. Noite insone, relembro cada dizer, cada gesto abortado à calada da noite, cada meticulosidade desenhada pelos meus instantes, e cada guarda abaixada de meus encantos, cada cumplicidade. Paro, olho, vejo, que nada está certo, nem errado, apenas calmo, silecioso, como um sono necessário após a concretização de um sonho, visto que o corriqueiro da vida advém do alçar a labuta pós sonhar, com pausas que não significam interrupções. Mas, faz favor, cultive o jardim. Flor que se quer bela, precisa de cuidados, zelo e galanteios diários, pois sua vaidade carece de amor, antes que suas pétalas suspirem em leito de morte, ressequidas ao chão.

8 de fevereiro de 2012

Palavras para o esquecimento


Te esquecer não só por um momento.
Te esquecer, ainda mais que por uma vida inteira.
Te esquecendo, te esquecer.
Te querendo, não mais esperando em estradas fora da vista.
Te esperando,  te esqueci.
Te esquecendo, me amei.