26 de abril de 2009

A prisão que fiz pra mim mesma: Amar sem medidas...

Em meu cativeiro guardei minhas vontades de maior predileção, meus mais caros sentimentos. E, sendo caro, guardei em vigília para que não fossem furtados, ou simplesmente que fosse descoberta a sua existência. Em meu cativeiro, eu, como boa seqüestradora de mim, furtava-me todos os dias de meus sonhos, meus desejos, minhas vontades, meu ser Deus na medida de minhas atitudes, minha humana divindade. Em meu cativeiro, me anulei da minha vida, e da vontade do Pai para mim. Esse local de desesperança pelo meu ser humana, limitada, com desejos e vontades de vida como todos, fazia de mim um pequenino ser insignificante, que aos poucos minava a minha dignidade de ser pessoa. Meu cativeiro, alem de meus sonhos, furtava-me a vida, o brilho no olhar, o reconhecimento de minha humanidade. Foi quando um tal Jesus me ensinou a viver com minha cruz, e então meu cativeiro foi descoberto, minhas necessidades de voltar a ter dignidade de ser gente foram, aos poucos, se redescobrindo e reafirmando em mim a necessidade de ser quem eu sou: humana, limitada, que errou, mas, com certeza, buscando acertar e encontrar a felicidade. Foi quando retirei de mim todos os meus objetos de predileção, meus sentimentos caros, e, com o amor que me restava, a centelha de vida ressonante em minha alma, me descasquei e entreguei meu coraçãozinho que tinha pouco tempo de vida a quem, por graça, teria que receber. Foi quando percebi que poupar não significa amar, que as palavras ditas de coração aberto são preciosas, que se abrir as pessoas que nós amamos é o maior dom que podemos receber de Deus e que é dado a todos nós, desde toda a eternidade. Foi quando percebi que ser amado é tão bom quanto amar, e ser amado por quem a gente ama é melhor ainda. Foi quando percebi que na dor, verdadeiramente, é quando percebemos o alcance que Deus tem em nossa alma. Foi quando entendi que quando amei de verdade tive a dimensão do alcance do meu amor na vida de quem eu amo, e isso me deixou extremamente feliz! Por ser amada, e por amar! Amar sem medidas... Foi quando percebi que o amor de Deus em mim, esta também no outro, e que não devo mais fugir de quem eu sou.

19 de abril de 2009

Ressuscitou!

"É o Rei que venceu! Ao Cordeiro a vitória, o poder, honra e Glória!"
Meu Jesus na Cruz. Olho-o fixamente. Suas dores me vivificam mais e sempre. Minhas chagas se entrelaçam as suas. Aquele que por mim morreu, e meus pecados em sua cruz carregou. Por mim morreu, por mim viveu. Se entregou sem medidas. Todos os dias necessito entregar-me ao Seu mistério, que me vivifica. Minhas chagas em suas chagas. Meu sangue em seu sangue. Perfeito holocausto de amor e entrega do mundo, amor e entrega do Filho de Deus, amor e salvação do mundo. Morreu para que eu vivesse, e morre todos os dias. Todo santo dia sobrevém Seu calvário, a redenção dos meus, seus, nossos pecados, para honra e glória do Nome de Deus. Tão simples, nada singelo. Tão completo e insolúvel. Tão visível e sensível, porquanto somente agora meus olhos viram! É certo, outra vez o véu se rasgou em minha frente, então pude sentir leve brisa ao rosto, meus olhos não buscam mais prantos, e sim vitórias! É Ele, que ressuscitou em mim o ardor missionário de doar-me sem medidas. Meus erros, tão diferentes de Seus acertos. Minhas verdades, tão diferentes de Sua vida. Meus pensamentos, tão longe de Sua santa Divindade. Meu ser, tão longe das bem-aventuranças prometidas aos Filhos de Deus. Sublime mistério, real valor de eternidade. Fonte de amor, creio em Jesus. Vivo! No meio de nós... Em suas chagas me revigoro. Em seu sangue me banho. No seu lado aberto me escondo. Em sua ressurreição, me lanço a nova vida! É Páscoa, passagem e permanência das bem aventuranças de Jesus, que ressuscitou dentre os mortos! Aleluia! É tempo de misericórdia!

18 de abril de 2009

Imperfeição do amor

"Acaba com o sofrer de quem não Te encontrou..."
Dentro de mim, lá onde sou o que sou. Lá onde a visão não alcança. Lá onde os pensamentos são meus. Lá, sou quem eu sou. Deus não se envergonha de mim, eu não tenho mais medo de Deus. As palavras escoem, as orações são incessantes. Elas nem precisam sair de mim para ganhar vida, me vivificam primeiro. As experiências alheias são minhas, o mundo é meu e eu sou do mundo! Humana me renovo, nos atos que fui, nos atos que serei, nos atos que não são meus, nos atos teus. Há dentro de mim uma vontade insaciável de acolher e experimentar o outro, em todas as suas consequências. Nunca soube somente estar. Sendo você alcança o coração, que é o que vale a pena na vida. Sendo você sofre junto, chora junto, e renasce junto com aquele que não entende o mesmo que você, nem você o mesmo que ele, mas no final essa trama de pessoas entrelaçadas é que alcança a plenitude do serviço almejada por Deus. Jesus nunca ficava à margem. Jesus, com seu ser e suas palavras, vivificava o coração. Ele sempre ia até o fim, sem nunca desistir de ninguém que viesse a seu encontro em súplicas. Ele ensina o caminho de ser feliz. Ele ensina que a vitória é certa, e que cada um é como é e é perfeito... E, sendo perfeitos, somos pequenas imperfeições nascidas da perfeição, e para Ele voltaremos. Por isso julgo que dentro de mim existe uma perfeição que não compreendo, mas que venero, adoro e acolho, como bondade existente em mim que não mereço, portanto, colocando sempre a serviço de Deus, meu doce mistério de amor, que por graça enobrece meu coração. Não, não vejo razão para mim de felicidade que não seja ajudar o próximo a encontrar-se consigo. Me dói profundamente a forma que as pessoas encontram de eivar-se da convivência com o amor, consigo mesmas, por imposições de vivência, de vontade levada ao extremo da consequência, de intolerância e desrespeito com o ser do outro. Eu sou o que sou. Pretendo ser sempre essa eterna mudança, pois não sou acabada. Sou obra Divina perfeita, imperfeita pessoa humana. Pros humanos imperfeição. Pro Divino, perfeição, que se dá de dentro pra fora, Dele mesmo e pra Ele retorna. Esse canal de renovação, como reciclagem da agua do meu ser com a agua viva do Senhor, vivificando várias pessoas, que se deixam alcançar por sua Graça! Eu sou o que sou. Perfeição do Amado, imperfeição do amor.

9 de abril de 2009

Desamor

"Tu me conheces sabes bem quem eu sou
Os meus limites, minha humanidade...
Mas me impulsionas a caminhar por Ti, Senhor..
E me convidas a cantar tua salvação..."
Impotência.
Esse sentimento constantemente me assombra, pois não consigo.
Mister se faz em mim ser, não simplesmente estar, em todos os momentos de minha vida, mas não consigo. Coisas que não compreendo, sentimentos que não possuo, e sim me possuem. Não consigo. Atos que minam meu querer ser melhor, atitudes eivadas de inconsciência. Injustiça com meu irmão, ou seria leviandade à mim? Se tenho limites, não consigo. Se não consigo, porque ir tão longe comigo? Como irei? Se minha paciência é tão limitada.. e minha ira tem o poder de me dominar? Contra fatos não há argumentos, não consigo. Continuamente me sujo, banhos na alma preciso diariamente, e isso me constrange... como posso insistir tanto nos mesmos erros? Como levar à Ti os que comigo convivem? Como presenciar e ser Tu, sendo eu tão fraquinha... Não consigo. Indeslocável pensamento, que faz desabrochar meu amor à impertinência, nascida na impaciência de não aceitar as Tuas demoras. Já tentei de Ti fugir, não funcionou. Cá estou novamente. Me dou última chance de ser Tua, não à Ti, mas a mim mesma. Ademais, aonde iria eu? Minh'alma bem sabe que sem Ti nada seria, e se não fosse Tu, já havia de ter morrido definitivamente a tempos. Outrora pensei que seria melhor não saber, portanto, não assumiria obrigações para contigo e estaria livre. Mal sabia que presa estava às minhas limitações. Elas me importunam, meu espinho na carne e não sei como fazem ou porque existem. Simplesmente me deixam entender que não consigo, e minha imperfeita condição humana nivela-me a um nada. Hoje detenho-me a desencorajar minha pretensão de ser melhor, a humildade nunca foi muito minha amiga. Vez por outra me encontro assim, pedindo em momento inoportuno algo oportuno ao que desejo. Outro dia quem sabe... Hoje quero apenas abrir as minhas asas e olhar-te. Quem sabe sentindo as tuas dores seria eu um pouco parecida contigo. Quem me dera sofrer Tuas dores em verdade, meu coração endurecido não me permite ser uma contigo neste momento de profunda solidão. Outrossim, centelha de Ti mora em mim... e de uma pequena perfeição não nasceria desamor.

7 de abril de 2009

Muita Adoração que gera Vida !

"Não sou nada, eu bem sei
Tão pequeno, um grão de areia em tuas mãos..
Barco à vela que se abandona
Segue o rumo e vai buscando o alto mar..
Assim me encontro diante de ti..
Um Deus imenso que por amor se deixa alcançar..."
Naquele momento, em canto indefinível, afirma-se o ser de alguém que vive o que prega. Não estás, és Ministério. Não estão, são. Esta vida não passa, ela marca a existência de nossas almas pela eternidade. O canto ecoado em frases sensíveis esconde por momentos a plenitude de almas bem aventuradas no amor e na graça, que se abandonam no mar das maravilhas do Amado. Tão pequeninos se fazem, em oblação do que são, oferendas perfeitas de amor e entrega. Mortificação que salva, faz retornar à vida muitos corações entorpecidos, para glória e honra de um Bem além de nossas capacidades intelectuais. Sementes de amor na vida de muitos, Ministério de Deus, Apóstolos da Salvação, que por Ele se deixam usar, como escada para alcance do Amor. Eterniza-se em mim teu tocar, teu cantar, como marca intransponível do amor de Deus pelo que vocês são, almas em busca da perfeita comunhão com a Vontade do Pai. Deus vos abençõe sempre.

3 de abril de 2009

Aflorar

Acreditando ou não, crendo ou não, vendo ou não, ouvindo ou não, sentindo ou não.
Acredito, creio, venero, amo e tenho fé pelo que não sei.
Não saberia viver de outra forma.
Não tenho porque ou pra que razão em explicar algo que vive em mim inquietamente.
Eu sou de Deus e pronto.
Eu quero ser santo e pronto.
O desejo inconstante que sussura aos meus passos o caminho certo a seguir no dia de hoje.
Não almejo grandes graças a mim, não. Posso até querer um dia.
Não aspiro grandes coisas, quero apenas deitar em meu leito tranquilamente, com sensação de dever cumprido.
Não sei ser de Deus, mas busco nos passos de meus antecessores.
Não tenho a sabedoria dos monges, mas tenho a sabedoria na medida de minhas atitudes.
Não tenho o discernimento dos santos, mas tenho a consciência do que eu sou e minhas limitações.
Deus se desdobra em minha vida como um jardim em eterno aflorar.
Cada novo dia uma nova borboleta que sai do casulo após dias no aperto de suas angustias, contudo foi por elas que ela alcançou a graça do voo.
Se sou de Deus, aceitarei as consequências de assim decidir.
Se sou humana, aceitarei as limitações de minha condição.
Prazer, me chame por Carlinha.

2 de abril de 2009

Com licença poética, por Adélia Prado.

"Quando nasci, um anjo esbelto desses que tocam trombeta anunciou: vai carregar bandeira. Cargo muito pesado para mulher, esta espécie ainda envergonhada. Aceito os subterfúgios que me cabem, sem precisar mentir. Não sou feia que não possa casar, acho o Rio de Janeiro uma beleza e ora sim, ora não creio em parto sem dor. Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina. Inauguro linhagens, fundo reinos - dor não é amargura. Minha tristeza não tem pedigree, já a minha vontade de alegria, sua raiz vai ao meu mil avô. Vai ser coxo na vida é maldição pra homem. Mulher é desdobrável. Eu sou. "