28 de novembro de 2008

A visita.

Isaías 63:15 “… A ternura do teu coração e as tuas misericórdias se detêm para comigo!”
Alguém bateu na porta. Mandei que entrasse, não tenho o costume de perguntar quem bate. Não o olhei de pronto, pedi que se acomodasse, estava acompanhado. Pedi um pouco de tempo para que pudesse me aprontar, pois minha vida naquele momento estava concentrada na minha bagunça rotineira, sempre iguais, com tantas diferenças. Ofereci água, ou algo que de bom tivesse na geladeira, mas me falou não ter fome, somente saudades e que queria muito que eu sentasse para conversarmos. Pedi que fosse falando, pois eu estava um pouco ocupada comigo, minhas coisas que nunca tinha tempo para arrumar, e justo aquela hora havia reservado para isso. Ele começou, falou coisas muito bonitas, mas não prestei a atenção devida, para que pudesse compreender tamanho amor depositado em suas palavras. Dado momento, o silêncio imperou. Percebi muito tempo depois, foi quando o olhei. Era Jesus, acompanhado de alguns anjos e Maria. Ainda estavam lá. Pensei: "porque não foram embora? Não lhes dei a mínima atenção". Ele, de pronto, respondeu ao pensamento: "Estou aqui como sempre estive e sempre estarei. Te falo, mas tu não me escutas porque te ocupas demais contigo e com tuas exlicações sempre necessárias. Te mando flores, mas não as cuida. Te mando o sol, mas tu não o contemplas para lembrar de mim. Te criei mulher, para que olhe ao teu redor e veja minhas maravilhas como ser mulher, mas tu te ocupas demais com coisas inúteis. Mas mesmo contigo sendo tão 'avuadinha' minha filha querida, permitiu-me adentrar a tua vida, e por isso sou feliz, por ter-te perto de mim, menina dos olhos de Deus".
E então? Ele não se foi, até hoje está comigo, em meu coração. Seu espírito em mim habita, e vez por outra, quando consigo a graça, preparo meu coração por um instante para recebe-lo em corpo e sangue, o que me torna absurdamente feliz. Lhes ofereci guarida, e todos hoje moram aqui, em mim. Tento deixar os meus hospedes à vontade, para que não lhes dê vontade de ir embora, pois não sei o que seria de minha casa, meu ser se decidissem se aparta de conviver comigo...
Desde então, passo de louvor à prisão, me escondo da solidão abrindo as janelas dos meus cômodos, um a um. São faxineiros excelentes, me ajudam a entender e organizar minha bagunça. O cotidiano ficou mais leve com suas ajudas. Me levam a compreender coisas antes nunca por mim remexidas por medo do que pudesse acontecer. Não os viro mais as costas, ao contrário! Peço ajuda para concluir a limpeza. Por muitas vezes tento desistir, a limpeza superficial é sempre mais facil, mais comoda, porventura depois que adentrei a profundidade de meus defeitos, e vi a podridão de minha alma, decidi-me por não remoer mais o passado e não voltar mais atrás. Decidi segui-los em sua empreitada de limpeza, suas mãos, mesmo com agilidade e brandura, sobretudo às de Maria, leves como plumas, não permitem o mínimo de dor, contudo ela é inevitável. Por vezes, eles me permitem repouso, mas não por muito tempo, para que eu não me esqueça de que é necessário o trabalho para não tornar-me novamente, uma acomodada, agora em minha limpeza, e esqueça do que ainda tem que ser feito...
"Diante de tua presença me encontro, Senhor, Deus infinito.. o Teu olhar me acompanha e sabes quem sou.. ao enxergar Tua grandeza e minha pequenez, eu reconheço.. que minha história é nada sem o teu amor.. por isso venho Te buscar, porque eu preciso, meu Deus, em teus braços estar.. Morar em Teu coração e entregar-me a Ti, inteiramente.."

26 de novembro de 2008

Escoimar-se da perfeição.

A mentira corrói. A verdade constrói. Tudo é possível se avaliado segundo o amor, para amar.
Na mentira tudo é perfeito, tudo é único, singular, incomparável, irrepreensível. A mentira encanta aos mais belos olhares e dissipa da realidade qualquer perfeccionista sonhador.. Ninguém merece viver em uma redoma de mentiras, por ninguém ser perfeito de verdade. Não existe relação, seja amorosa, espiritual, familiar, amigável, trabalhista, por mais estável que possa parecer, que não passe por crises de instabilidade, pela propria inconsistência do ser humano, do pensar, do sentir, do crescer. O crescimento é proveniente de etapas vencidas, transpassadas pela coragem de se enfrentar nossos próprios medos, especialmente pela coragem de assumir-se imperfeito, incorreto, e longe da mais coerente explicação sobre mim, do que não sou, reafirmando ao mesmo tempo o que sou, reconhecendo-me uma pessoa limitada.
Por toda a minha vida me deparei com situações assim. Sou muito primorosa por mim mesma, exijo a perfeição de meus atos, anteriormente, a todo custo, até da infelicidade, da mentira. Mentia por compulsão, por decisão, por encantamento e estima dos meus. A mentira era tão mais bela que me ansiava mais e mais mentir, fosse para não ouvir bronca, fosse para passar por "boazinha", fosse para conseguir algo que muito queria, ou me livrar de uma situação corriqueira eivada de chatices. Mas mentia, acima de qualquer coisa, por medo de não ser aceita, como eu realmente sou. Hoje vejo o quanto eu perdi com tudo isso.
Com o tempo, você vai aprendendo que a mentira é uma das artimanhas da vaidade, do orgulho. Orgulho de ser perfeito, sem defeitos. Vaidade de ser a melhor, sempre, em toda e qualquer circunstância. Hoje, primo pelo que sou. Lutas diárias invadem meu coração, demarcando o que não me pode ser roubado, independente se o ladrão é um Tom Cruise em uma missão impossível. Minhas verdades estão resguardadas, sobretudo de mim mesma. Quanto mais exponho minha imperfeição de ser pessoa, mais me reafirmo como tal, e mais do céu me aproximo, mais de Deus me sinto assemelhar.
Acho que Jesus não tenho sido uma pessoa que procurou não errar, anulando-se. Acredito que Ele tenha querido alcançar a plenitude de seus atos em virtude da busca incessante do amor, da verdade, da esperança, do ser humano sem vaidades ou prescrições presunçosas e idealistas de ser perfeito.
Portanto, deixe de exigir a perfeição de você mesmo, dos outros, seja quem for. Pois você, mesmo compreendendo tudo isso, não consegue ser melhor, quanto mais o outro, ao qual você não pode ter a pretensão de exigir. Ninguém pode carregar sobre os ombros o encargo de ser perfeito, não deposite essa expectativa em ninguém, é por demais pesada essa carga, principalmente por não ter necessidade de ser. Queira ser humano, assim como Jesus pretendeu. Humano Ele se fez e na sumissão aos humanos, seus Pais, reconheceu como deveria viver a sua vinda à terra.
"Se alguém duvidar de ti, dizendo que não amas.. e pelos erros teus, julgar o teu viver, não desanimes não.. Deus vê teu coração.. a menor intenção de ser melhor, já é amor.. Desde um sorriso à um olhar, sim é amor.. Se à imagem e semelhança do amor, fostes criado.. Então dos teus atos o mais sincero e natural é o teu amar.."

25 de novembro de 2008

O sentido de tudo

Estive a pensar o que me leva a acreditar em Deus. O que me move a segui-lo, a crença que me faz acreditar que Ele esteve e está aqui. Crer em sua sacralidade, ter fé naquilo que Ele realizou outrora em Maria, Apóstolos, nos povos passados, e realiza em mim. Nas mudanças dos tempos, no porque de pessoas como o Luiz Carvalho fundarem comunidade, ministérios de música, ensino, para proclamar palavras escritas tão antigamente.
Me peguei com estas indagações continuamente, e quanto mais me perguntava, menos certezas eu tinha, sobretudo acerca da vida, do sentido de cada coisa que acontece comigo. Das pessoas que conheço, como conheço, porque conheço, crise existencial total. Crise que fez amadurecer, colher bons e saborosos frutos. Quanto mais me pergunto porque sigo a Deus, menos respostas eu tenho e mais certezas de que estou no caminho certo. No olhar do irmão agradecido pela ajuda em uma tarefa corriqueira, mas de tão cansado não conseguiria realiza-la sozinho. No sorriso da criança que espera pela mãe. Mãe que gostaria de voltar a ser filha, e, por pouco e valoroso tempo, "esquece" comigo a criança, limitada até o próximo choro que retorna essa mãe a realidade do presente. Nas angustias corriqueiras de minha irmã por sua festa de noivado que não ia dar certo e acabou sobrando o que mais se temia que não tivesse suficiente: comidas e bebidas ou então pela eterna reclamação por minha não aptidão para tarefas domésticas. E até pelas indignações sempre iguais de meu pai, sobre minhas obrigações como Comunidade, chegar tarde em casa na semana, ir a missa todos os dias, ao dizer "essa menina vai virar padre de tanto que vai à missa", entre outros tantos.
O que isso tem haver com religião? O que isso tem haver com Deus? Tudo. Isso é religião, é Deus presente em meus atos, em mim. No despojar-me de minhas próprias vontades, no deixar Deus fazer por mim, através de mim, descobri as maravilhas de ser cristã. Ser religioso é mais que ir a missa todo domingo, vai muito além. Tampouco ir a missa todos os dias, rezar em casa, fazer oração pessoal, rezar pelas pessoas, muito além. Já dizia o próprio Jesus, uma fé sem obras é uma fé seca, coisa assim.
O que me fascina e me faz crer mais e mais em Deus é a sua arte de fazer novas todas as coisas, que sempre parecem iguais. Ele nos tira de uma cegueira, e passamos a pensar: nossa, porque não pensei nisso antes? Quando eu faço o meu trabalho completamente, dou-me por inteira naquilo que estou empreendendo, não é por satisfação pessoal, é muito mais que isso. Sabe, andava muito desgostosa da vida, procurei refúgio em abraços apertados, sorrisos espontâneos, amigos incomparáveis, mas me faltava algo, estava vazia. Me enchi de mim, onde não chegava a um mililitro do que Deus me preenche agora. Mesmo cheia, estava vazia.
Por isso, mesmo sem entender, sigo a Deus. Me ponho no lugar que meu coração manda, sempre com muito bom senso e discernimento, buscando o sentido do "ser", "dever ser" e "estar". A religião escolhida nada mais é que a que faz mais sentido para mim como pessoa. Meu ser Deus não tem medida, tampouco consciência de demarcação, apenas meus limites próprios de ser humana, de compreensão, entendimento, fé, contudo procuro sempre estar atenta aos sinais do Sagrado, daquilo que em mim desperta a mansidão, a misericórdia, a compreensão, o amor, pois é isso que vale a pena na vida. Se só tenho uma, tento vive-la de forma que me traga paz e sensação de "dever ser" cumprido em seu ápice, não para sentir alívio de tarefas impostas. Nunca aceitei essa coisa de fazer por fazer para deixar cumprido. Sempre dei o melhor de mim, e é assim que desde antes da compreensão escolhi viver e não me arrependo.
Nisto tudo, cheguei a conclusão de que ninguém sabe ao certo aonde vai, para aonde vai, se vai dar certo, se está certo, por completude. O completo é impossível, hoje, ao saber humano. Portanto, se ninguém sabe, existe alguém para duvidar de mim? Acho que não.
"Minha vida é toda Tua.. os meus planos, os meus sonhos.. de nada vale o existir.. se não for pra te ofertar.. em cada passo descobrir, que o tempo esconde o que é eterno, QUE TU ÉS O SENTIDO, Ó MEU SENHOR.. DE TUDO!"

24 de novembro de 2008

Tolerância..

Deus me chama incessantemente a vencer etapas.
Ultrapassar barreiras, vencer a mim mesma, meus medos, meus fantasmas.
A cada dia um novo desafio de ser gente, de subir degraus na escada da humanidade.
Me sinto chamada a ultrapassar limites internos, invisíveis, meus medos de apreço incomparável.
Tenho por eles enorme carinho, lhes alimento de forma saudavel todos os dias de minha vida, ao fugir de situações eivadas de estima e embaraço.
Fujo do que mais quero, como se o querer me arruinasse ao inves de me reconstruir, me reafirmar.
Tenho medo e como criança assustada que treme no escuro, corro para a barra das calças de meu Pai amoroso, e lhe peço abrigo...
Finjo não ser comigo, finjo não ser eu a necessitar de tamanho apreço, carinho. Por isso, o presente do agora esquento no freezer do meu coração, para tomar a forma de gelo apimentado, com gosto de solidão...
Só sei que hoje sou livre.. de tudo, em especial das amarras que me prendiam as minhas vergonhas, disso tenho certeza.. As incertezas me levam a crer a cada dia que quanto mais em Deus eu me abandonar, mais tudo me virá de acréscimo, onde o menos vale mais: menos certezas, mais amor!
Usarei e abusarei da regra três, e, quando a todos eu decepcionar, mais feliz ainda estarei comigo e com Deus, sem expectativas, eivada de erros, encantada de acertos, recheada de amor... por mim mesma, pelo que sou, com todas as minhas qualidades e defeitos em completude.. Não pela projeção do que sou, mas pela realidade de minhas consequências, da exposição do meu coração...
Salmos 36:7 Como é preciosa, ó Deus, a tua benignidade! Por isso, os filhos dos homens se acolhem à sombra das tuas asas.

Borboleando 2

Como Borboleta, assim eu quero ser... / Como folha seca, em Teu vento permanecer... / Assim como a água, ao rio se entrega... /Assim eu quero ser, perante à você... / Que minhas verdades sejam mais e mais o Teu querer... / Que a minha vida seja para à Ti enaltecer... / Que os meus passos sejam para aos Teus alcançar... / E sob o Teu olhar, Senhor, seja o meu lugar... / Como as rosas que enfeitam os jardins, e nada dizem apenas são... / Para a vida eu quero ser semente, sombra extena de amor, alcançada na graça do Amor.. / E como Borboleta renascer, no casulo do Teu coração... / Renascer em meu amado, meu querido ressuscitado! / Que minhas verdades sejam mais e mais o Teu querer.. / Que a minha vida seja para à Ti enaltecer.. / Que os meus passos sejam para aos Teus alcançar.. / E sob o Teu olhar, Senhor, seja o meu lugar../ À voar quero estar, nos Teus ventos Senhor../ E só em Ti me abandonar..

Cristo vive em mim

Desvenda-me, Senhor Jesus.. /Eu que não enxergo um palmo à frente de mim.. / Eu que sou tão fraco na fé.. / Eu que não creio em Ti em verdade.. / Perdoa-me, Senhor Jesus.. / Eu que preciso de verdades para curar minhas mentiras.. / Eu que preciso de milagres para acreditar em Tua vida.. / Eu que precisei de Tua Cruz para alcançar a ressurreição.. / Mostra-me, Senhor Jesus.. / Aquilo que eu ainda não acredito.. / Para que eu fui nascido.. / Àquele para a quem eu voltarei.. / Tua vida foi somente por minha vida.. / Teu querer foi simplesmente o meu renascer.. / À Ti que viveu somente para enaltecer ao Pai.. / Dá-me a coragem de Ti seguir.. / Dá-me a graça de me consumir.. em Teu altar, Senhor. / Abre-me os olhos para que eu possa te ver.. / Filho do homem, descido dos Céus.. / Eu que não sei rezar, eu que não sei pedir.. / À Ti que a mim se entrega.. Em Ti que a mim procura.. / À Ti.. pois não sou eu quem vivo, mas Tu quem vives em mim.. “Portanto, eu me glorio em Cristo Jesus em meu serviço a Deus” (Rm 15:17).

20 de novembro de 2008

Tesouro

Te amar, minha riqueza e poder.. / Como não te procurar, não te buscar.. / Como hei de falar? Tu há de me mostrar.. Só Tu é esperança, é vontade de acertar / Eu me pergunto como hei de dividir.. as graças..? / Minha herança não é mais, és Tu quem as reparte.. / De que adianta celeiros cheios? / De que adianta um coração cheio de graças guardadas somente para mim? / À Ti entrego a minha vida, minha força e esperanças.. / À Ti entrego meu louvor, meu fervor.. / Em Ti todo o meu encanto aflorou.. / À Ti entrego todas minhas fraquezas, fortalezas.. / Que em Teu sal ganharam novo sabor.. / Em Ti meu sentido, consagro a minha juventude.. / Em Ti.. me entrego incondicionalmente em Tuas mãos.. / Não há ninguém que possa se valer desse poder.. / De me reter.. De me acolher.. / Em Ti, teu coração que ao meu envolveu.. / Onde encontrei as verdades que a vida me negou.. / Em Ti me senti amada como ninguem jamais me amou.. / Como não te corresponder? / De que adianta um coração cheio de graças guardadas somente para mim? / À Ti entrego a minha vida, minha força e esperanças.. / À Ti entrego meu louvor, meu fervor.. / À Ti todas as minhas fraquezas, virtudes, fortalezas.. / Em ti consagro a minha juventude.. / À Ti entrego a minha vida, minhas graças e esperanças.. / À Ti entrego meu louvor, meu fervor.. / Em Ti todo o meu encanto aflorou.. / À Ti entrego todas minhas fraquezas, fortalezas.. / Que em Teu sal ganharam novo sabor../ Em Ti meu sentido, consagro a minha juventude.. / Lucas 12. "34: Porque, onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração."

17 de novembro de 2008

Felicidade, coisa que se ganha em se perder

Estou feliz. Felicidade que não se entende, mas que transpassa. Felicidade que busca e alcança. Nada e sai da praia. Essa felicidade não tem medida, tampouco tem possibilidade de demarcação, deixo não! Felicidade gerada pelo pouco, que em mim se fez muito, que em Deus se fez muito mais e no outro faz diferença. Me pego aos sorrisos em conversas frutíferas de amor e misericórdia. Me pego aos prantos em conversas de sabedoria e dor. Pranto meu aos risos de Cristo, que vê uma filha que quer aprender, não somente o erro que acabara de cometer. Erro. Quanto mais erro mais humana me sinto. Meu ser me invade, minhas virtudes se deixam mostrar, meus defeitos se esvaem, e esqueço deles, por grandes e prazerosos momentos. Quanto menos defeitos em mim eu enxergar, quanto mais defeitos eu terei. O defeito só existe quando insistimos em nos esconder em nossas virtudes, e deixamos de abraçá-los e lhes dar a devida atenção e zelo, não executando com perfeição, tampouco tratando de esconde-los, mas aprimorando a forma de melhor conviver com eles, sem deixar-se por ele dominar. Não posso ser escrava de mim, não posso me deixar levar por mim, não. Sou dona de mim e de minhas consequências, aquilo que sai de mim é ato meu, minha escolha de ser e dever ser. Caminho seguro de Deus, decisão minha. Porta aberta do Céu, só eu tenho a chave para abrir ou fechar. Sabedoria divina, decisão minha. Dom Divino, virtude minha, é de mim que se esvai a decisão, ou ela em mim se acha em se perder.
Imagem: Nossa Senhora do Sorriso

12 de novembro de 2008

O olhar

Mateus 25:13 Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora.
O olhar.
Fato corriqueiro e eivado de vícios.
Olhamos e não prestamos atenção. Olhamos por olhar, olhamos sem amar, simplesmente olhamos.
Olhares apressados que nada buscam, nada suportam, em tudo se agoniam, em nada se apresentam, em tudo se apressam, em nada se apegam.
Olhares que não vão ao encontro da imagem encontrada.
Olhar o outro. O familiar. O amigo. O pai. A mãe. O irmão.
Hoje me comoveu um fato. Olhei para uma pessoa querida de convivência diária, mas não simplesmente a olhei, prestei atenção.
Fui na profundidade de sua fala, de seus dizeres, suas angústias e anseios e notei o que ontem não havia: uma boca torta. Me assustou, pois a tenho um enorme carinho e aconselhei acompanhamento médico. Provavelmente, uma paralisia facial.
Toda essa história para que nós passamos olhar melhor tudo, todos. Se eu não a tivesse estudado com afinco e amor todos esses outros dias que a vejo e conversamos, jamais haveria de ter notado tão pequeno detalhe em sua fala, que poderia custar-lhe um AVC. Assim é em nossas vidas. Se não noto meu Pai em seu falar, uma angustia espremida e tento ajuda-lo, aquilo se tornará um problema maior no futuro, consequentemente meu também, entramos em um "colapso relacional".
Estudemos tudo, todos. Em tudo demos o melhor de nós. No paisagem que vem da janela. Na música que escutamos dirigindo. No trabalho realizado, dia após dia. Na sobremesa feita no final de semana. No filho que chegou mais cedo do colégio. Na irmã que chegou em casa com dinheiro imprevisto. E até no almoço que fui comprar no domingo. Em tudo, demos toda a nossa atenção, e todo o nosso suor e coração.
Se aprendermos a prestar atenção em nossa vida, veremos que somos sopro de Deus, e que nada acontece por acaso, tudo é consequência de cuidado meu por mim mesmo, e de Deus a mexer seus "pauzinhos" lá em cima. Nossa Senhora? É culpada de tudo, afinal, ela que trouxe o menino Jesus. Auxilia, dá força e acalma a gente como eu, que presta atenção nas pequenas coisas, para que as grandes não aconteçam.
Olhai como vigias sempre alertas, aqueles que se perderam no tempo e não tem tempo para si, tampouco para outrem...
"Quero parecer-me contigo.. Nos mais simples gestos, revelar-te.. Por isso corrija-me, modela-me, faz dessa pedra um retrato Teu.."

11 de novembro de 2008

Tudo é vaidade..

Orgulho, pai da vaidade. Distinção, mãe da incoerência.
O orgulho, quando trabalhado com afinco, consegue alcançar resultados satisfatórios de isolamento e solidão. A depressão mormente provém de orgulhos isolados que foram aprimorados ao longo do tempo, transformando situações de possível superação em agonias de estimação, de irritável apreço.
Nem toda palavra profanada para mim deve ser processada e assimilada como tal. Não dá para analisar o momento isoladamente. São só dois lados da mesma moeda. Há, isso sim, uma pessoa do outro lado, que precisa de ajuda, tanto quanto eu. Acontece que eu estou tão ocupado e preocupado comigo mesmo que esqueço que à minha frente existe uma pessoa como eu, com preocupações próprias e dores suas. Não dá para querer que o mundo todo seja como quero, seria infantil demais pensar assim. Mas também precisamos entender que o mundo não pára para que possamos entender tudo isso. Se deixarmos ele (mundo) nos atropela sem chamar socorro, nos deixa no chão mesmo. Acabamos, com isso, a fazer o que o mundo deseja, nos encher-nos de todas as suas angústias e sofrermos junto com ele a roda-viva de uma vida desenfreada, buscando em mim aquilo que preciso, e o outro se vire para achar o seu. Um pouquinho do meu? Não senhor, te vira. Demorei demais tentando achar.
E nessa ida e vinda de descobrir ser o que se é, dentro de mim mesmo, me decepciono mais e mais comigo, me isolo cada vez mais, busco ainda mais aquilo que em mim nunca poderei encontrar. Ai, o orgulho, pai de tudo isso, vai nos matando, nos anulando, pouco a pouco. Brigamos cada vez mais, porque o tal do orgulho nos diz: você pode ser sozinho, você não precisa de ninguém para fazer nada, você é independente de tudo e todos. Você se distingui dos demais, até dos seus, de sua descendência. Erra, mas não assume. Encosta na solidão, se abraça com ela, com ela faz juras de amor eterno, pois "sozinho sou feliz", não preciso de ninguém, sou bem sucedido, de vida estável e coração solitário que não precisa de ajuda.
De repente, você vê um casal, é um desses casamentos que deu certo sabe, que as pessoas são felizes, que não se separou apesar das divergências, de a mulher sempre reclamar dos mesmos erros do namorado (agora marido) e vice-versa, que os filhos são bem criados, é, um amigo muito querido que levou uma vida um pouco diferente da sua. É, vocês até brigaram uma vez e deixaram de se falar, por orgulho. Neste momento, sente um vazio, que não é fome. Sente falta da sua família, seu pai que mora com você e ao mesmo tempo é distante. Sua irmã, que divide o quarto e não é sua cúmplice. Seu irmão que não fala com você. Sua mãe que vive lhe torrando a paciência com erros que são próprios dela. Seus demais familiares, que dividem sua vida contigo e você não divide a sua com eles. Seus amigos, que são seus amigos mas você não é amigo deles, só de conveniência, isso tudo porque você não ultrapassou a barreira do orgulho. O orgulho de se mostrar como se é. O orgulho que não deixa você errar e admitir que errou. O orgulho que diz: você é perfeito, você não precisa pedir perdão.
E, nesse caminhar, você acabou esquecendo lá atrás a beleza do ser humano. O humano que erra e ri. O humano que ama e é amado, mesmo sendo imperfeito. O humano que chora, sente dor. O humano que tem dor de barriga e debocha de si mesmo. O humano que admira um lindo por-do-sol e acha aquilo fantástico. O humano que admira a Deus, mesmo o mundo inteiro incorrendo ao grande deus orgulho, vaidade, de não depender de "alguém" que é onipresente e não "se mostra" na televisão. O humano que não se deixa abalar por afirmações do que não é, pois sabe do que é feito, para que foi feito, e como deve proceder mediante as situações, mesmo não sabendo de nada disso.
Enfim, isso tudo me passou pela mente e me fez refletir que o outro é sempre melhor que eu, pois, mesmo entendendo tudo isso, eu não consigo ser melhor do que sou. Outrossim, também me faz compreender que se o mundo não pára pra me ajudar a assimilar o que agora não entendo, eu tenho que zelar por mim mesma, parando, respirando fundo, analisando com calma, e prosseguindo, na valsa silenciosa das demoras, retardando o acontecimento, assimilando a quietude, vivendo.
"Enquanto o tempo acelera e pede pressa.. eu me recuso, faço hora, vou na valsa.. a vida é tão rara!"

6 de novembro de 2008

Foi num Santo lugar..

Parecia mais um dia comum. Não banal, comum. Trabalho, correria, tribulações, atribuições. Acho até que consegui ultrapassar o limite de velocidade e ganhar uma multa, vejamos depois. Cotidiano de quarta-feira. Tudo influi para não ir ao grupo de oração e culpar Deus pelos meus defeitos, meus descuidos. Quando chego, deparo-me com minha pastora furiosa com o ministro que saiu em missão sem avisar, preocupada com o momento suscitado em seu coração para acorrer naquele dia, impreterivelmente. Após alguns contratempos próprios de sua caminhada à frente da coordenação de algumas pessoas sedentas e fiéis, houve enfim o que todos não esperavam: Adoração ao Santíssimo Sacramento.
Confesso, antes eu ia a adoração pelo que me diziam do Senhor, mas não me movia mais o que sentia junto ao Senhor, fico meio sem jeito, não sei o que falar, como me portar, e, principalmente, por sempre que tem essas Adorações "surpresa" eu estou com roupa não muito confortável, enfim, tudo influi para a descentralização do que deve ser o centro, o momento Eu e Deus.
Porque digo "antes eu ia?" Pelo simples fato de Jesus fazer novas todas as coisas, nas mais simples tarefas, nos mais simplórios olhares, que enxergam além da razão. Sou muito centrada em toda a minha vida, em minhas razões, em meus porquês, explicações. Enfim, aquele dia até então comum transfigurou minha fé. Um olhar amoroso de Pai, um ditar de tarefas ao pé do ouvido, o chamado insistente ao serviço à seus pés, tudo isso influiu para o incansável render-se às honras de ser filha amada, serva querida. E, todas essas graças vieram através de dois tão corriqueiros e não usados fatores: parar para ouvir.
Em meus atropelos pelo serviço, pela busca incessante de saber, pela tão famosa falta de tempo, acabo por falar falar falar e não deixar Deus falar comigo. No simples fato de parar, me acorreu que Deus me fala através de muitas coisas, pessoas, atos. Me afligia também pensar que o Céu seja uma promessa escatológica, distante, onde os milagres se escondiam no passado bíblico, e só existiam no livro da vida. Deus veio me mostrar que o Céu é aqui, agora. A nossa sensibilidade é que nos fará encontra-lo em serenidades e coerencias de uma vida cristã digna e pecadora. Uma mescla de condenação e salvação. Condenação minha, redenção Divina. O abandonar-se como Cristo, sob a luz dos raios do Espírito Santo de Deus que vem de dentro para fora e transfigura a cruz em misericórdia.
Não sei você, mas eu quando tenho uma dor muito forte e ela chega ao seu ápice, fico dormente, como se fosse um momento de dor sem dor. Creio que, nesse momento do sofrimento, onde nos encontramos no pico mais alto do sofrer com causa ou sem, Cristo nos encontra em sua cruz e faz-nos lembrar da ressurreição. Que é preciso deixar-se humilhar, sacrificar, morrer, para então renascer em Deus. Deixar-se levar, para então retornar. Acredito que Maria, Mãe de Deus tenha sido a pessoa que tenha aprendido com maior significado a transformação de sofrimento em Luz, que mais tenha acreditado nos milagres e promessas do Pai, com seu "Sim" à Deus vistas à anunciação do anjo. Abandonada em Deus, desacreditada pelos homens.
Acredito que Jesus não tenha vindo a terra porque estava todo mundo bem, tudo muito bom. Ao contrário, éramos cegos guiando cegos, e Maria acreditava nisso sem saber, ou sabendo, não sei. Mas Jesus não concordou com tudo o que lhe impunham, sua medida de crença era o espírito de Deus que o fazia um só com ele. Por isso, de ontem em diante, hoje vou crer no espírito que habita em mim, policiando minhas consequências, questionando minhas demoras, sofrendo os meus pecados, pedindo minha redenção, a quem, somente quem pode dar-me, encontrando-me onde para mim faz sentido, aos pés do meu irmão, cabeça erguida ao Ostensório, corpo e sangue da redenção, com ouvidos atentos, olhos fechados, braços abertos, na melodia cantada ao pé do ouvido.
"Tua mão desceu sobre mim.. e me retirou da escuridão.. deu-me mãos e voz de profeta.. deu-me um coração adorador.."

3 de novembro de 2008

No espaço do tempo pra perder tempo.

Dar tempo ao tempo pra quem não tem tempo a perder.
Quando a situação é calamitosa, de caráter emergencial, de solução insolucionável, o melhor é dar tempo ao tempo, mesmo que tempo não se tenha.
Por conseguinte, penso eu o inverso. Nunca se perde tempo tentando resolver algo que se pensa que não se é solucionável. Quando estamos no meio da balburdia, difícil é se achar soluções, onde, o melhor é mesmo esperar na espera, aguardar a demora passar.
Se pensa que tempo não se tem, e se quer, a duras penas, resolver o problema imparcialmente, quando a parcialidade do querer saltita da pupila dos olhos, e a cegueira da busca da razão se dissipa pelo vento da discórdia, moderadora fiel da injustiça e da dor.
Afinal, o que é a vida? Qual o sentido da existência? Quem souber, por favor, edita um livro de regras gerais de "Como se viver sem perder tempo", igual Bill Gates inventou o Windows, que ai saberíamos qual a razão de não se ter razão, mesmo já o sabendo sem saber.
Ponderando no absurdo, obscuro dia escuro, o raiar do dia se aproxima, mas a luz é clarividente por demais, ninguém quer saber quem se é, principalmente se errado estiver.
O melhor mesmo é buscar a paz, perdendo, perdoando, ganhando, no jogo que não é jogo, é vida! Família, amizade, convivência vale mais que mil palavras mal ditas, em tempo que não se tem tempo.
"Deus vos Salve relógio, que andando atrasado.. serviu de sinal, ao verbo encarnado.."