6 de novembro de 2008

Foi num Santo lugar..

Parecia mais um dia comum. Não banal, comum. Trabalho, correria, tribulações, atribuições. Acho até que consegui ultrapassar o limite de velocidade e ganhar uma multa, vejamos depois. Cotidiano de quarta-feira. Tudo influi para não ir ao grupo de oração e culpar Deus pelos meus defeitos, meus descuidos. Quando chego, deparo-me com minha pastora furiosa com o ministro que saiu em missão sem avisar, preocupada com o momento suscitado em seu coração para acorrer naquele dia, impreterivelmente. Após alguns contratempos próprios de sua caminhada à frente da coordenação de algumas pessoas sedentas e fiéis, houve enfim o que todos não esperavam: Adoração ao Santíssimo Sacramento.
Confesso, antes eu ia a adoração pelo que me diziam do Senhor, mas não me movia mais o que sentia junto ao Senhor, fico meio sem jeito, não sei o que falar, como me portar, e, principalmente, por sempre que tem essas Adorações "surpresa" eu estou com roupa não muito confortável, enfim, tudo influi para a descentralização do que deve ser o centro, o momento Eu e Deus.
Porque digo "antes eu ia?" Pelo simples fato de Jesus fazer novas todas as coisas, nas mais simples tarefas, nos mais simplórios olhares, que enxergam além da razão. Sou muito centrada em toda a minha vida, em minhas razões, em meus porquês, explicações. Enfim, aquele dia até então comum transfigurou minha fé. Um olhar amoroso de Pai, um ditar de tarefas ao pé do ouvido, o chamado insistente ao serviço à seus pés, tudo isso influiu para o incansável render-se às honras de ser filha amada, serva querida. E, todas essas graças vieram através de dois tão corriqueiros e não usados fatores: parar para ouvir.
Em meus atropelos pelo serviço, pela busca incessante de saber, pela tão famosa falta de tempo, acabo por falar falar falar e não deixar Deus falar comigo. No simples fato de parar, me acorreu que Deus me fala através de muitas coisas, pessoas, atos. Me afligia também pensar que o Céu seja uma promessa escatológica, distante, onde os milagres se escondiam no passado bíblico, e só existiam no livro da vida. Deus veio me mostrar que o Céu é aqui, agora. A nossa sensibilidade é que nos fará encontra-lo em serenidades e coerencias de uma vida cristã digna e pecadora. Uma mescla de condenação e salvação. Condenação minha, redenção Divina. O abandonar-se como Cristo, sob a luz dos raios do Espírito Santo de Deus que vem de dentro para fora e transfigura a cruz em misericórdia.
Não sei você, mas eu quando tenho uma dor muito forte e ela chega ao seu ápice, fico dormente, como se fosse um momento de dor sem dor. Creio que, nesse momento do sofrimento, onde nos encontramos no pico mais alto do sofrer com causa ou sem, Cristo nos encontra em sua cruz e faz-nos lembrar da ressurreição. Que é preciso deixar-se humilhar, sacrificar, morrer, para então renascer em Deus. Deixar-se levar, para então retornar. Acredito que Maria, Mãe de Deus tenha sido a pessoa que tenha aprendido com maior significado a transformação de sofrimento em Luz, que mais tenha acreditado nos milagres e promessas do Pai, com seu "Sim" à Deus vistas à anunciação do anjo. Abandonada em Deus, desacreditada pelos homens.
Acredito que Jesus não tenha vindo a terra porque estava todo mundo bem, tudo muito bom. Ao contrário, éramos cegos guiando cegos, e Maria acreditava nisso sem saber, ou sabendo, não sei. Mas Jesus não concordou com tudo o que lhe impunham, sua medida de crença era o espírito de Deus que o fazia um só com ele. Por isso, de ontem em diante, hoje vou crer no espírito que habita em mim, policiando minhas consequências, questionando minhas demoras, sofrendo os meus pecados, pedindo minha redenção, a quem, somente quem pode dar-me, encontrando-me onde para mim faz sentido, aos pés do meu irmão, cabeça erguida ao Ostensório, corpo e sangue da redenção, com ouvidos atentos, olhos fechados, braços abertos, na melodia cantada ao pé do ouvido.
"Tua mão desceu sobre mim.. e me retirou da escuridão.. deu-me mãos e voz de profeta.. deu-me um coração adorador.."

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