20 de janeiro de 2011

Ato



Ato.
O movimento que me leva a trazer vida aos devaneios insondáveis da minha alma, até então, meros desconhecidos. Meus conhecimentos internos de apreço arredio aos meus intentos mais sinceros.
Constância.
Linha tênue de ser e dever ser, que carregam consigo toda uma história.
Trazer movimento ao sentido.
Razão de ser da existência, amar é a arte de atribuir sentido. Trazer ao gesto da razão a emoção da alma.
Carregar ao passo o compasso das batidas do peito. Transmutar sensações em intenções percebidas.
Verbalizar.
Conjugar as realidades que se diz vividas, se mostram em seus sinais carregados de direção. As perdas são inúmeras, mas nunca é tarde para lembrar que renunciar-se é um ato encharcado de significações, e não encerra-se em si mesmo. Aliás, computa-se perdas em que parâmetro?
Quando se muda de direção, o ponto de chegada deve ser a variável de correto alinhamento das razões.
Ato.
É nele que carregamos de vida as intenções da alma, ou não.

5 de janeiro de 2011

Cotidiano.

Gostaria, meu bom Deus, de ter as respostas certas e polidas para este homem. Mas, pera lá, pérolas aos porcos também é desperdício... Como, então, não restar em meus atos a omissão diante de Tua rara e sempre beleza? Sempre e constantemente urgem súplicas de incompreensíveis transgressões ao universo do Sagrado, Divindade jogada aos esgotos, desapercebida heresia cotidiana. E o menino sorri, com a graça de um recém nascido, as ânsias de uma mãe que precisa voltar a trabalhar, na minha mente inquieta. Ainda faltam muitos dias, mas voando se vão os anos, quanto mais vinte e quatro horas de uma vida inteira... E continuam a verbalizar as contravenções ao meu Divino. O outro diz que aceitou Jesus, mas o primeiro é um insistente Tomé: somente lhe salta à pupila os ganhos humanos, e não crê além da montanha dos interesses financeiros, a não ser que o próprio Cristo reencarne mais uma vez e faça tudo outra vez, por suas próprias mãos. Além do horizonte, eu sei, existe um lugar. E me basta. Bastará para ele? Morrerei sem saber. Aliás, saiu da sala, com a graça de meu bom Deus. Os outros abriram a questão. O irmão desistiu, calou. Deve ter entendido minhas palavras de aceitação do Evangelho ou nada, ou então meu silencioso olhar de “não jogue pérolas aos porcos, não minimize uma graça tão sobre-humana” para ele, penalizada e agradecida a Deus por ser tão fiel ao seu chamado. E continuei, na tela do computador, vistas, olhares, percepções desavisadas de aclamados “sim” e “não” ao Criador do mundo. Senhor, perdoa-lhes, eles não sabem o que dizem... Porventura, dão graças a Deus em cada benção percebida. Não seria reconhecimento da Tua existência? Afinal, já dizia o poeta: “em cascalhos disformes e estranhos, diamantes sobrevivem solitários.” Afinal, o que muda é tão e simplesmente a denominação do sentimento que arremata o coração, nomenclaturas vãs de lugar algum além da mente humana.