28 de maio de 2012

Sutileza

Adianta não moço,
adianta não fazer força contra o natural.
Forçado fica moço,
forçado fica e o ombro dói de cansaço de tentar.
Pode não moço,
pode não pedir pra Deus,
ele pode se irritar da gente pedindo o tempo todo pra se mudar o tempo.
E voltar no tempo moço,
dá não.
O melhor é deixar de preocupar com futuro,
ou querer que ele chegue,
pois quando a gente chegar lá moço,
chegando lá a gente quer voltar e ter mais tempo.
Então espera moço,
Espera e espreita,
E tenta não se atrasar...

15 de maio de 2012

Faço conta disso, moço.
Faço conta no faz de conta que te conto.
Conto as vezes, conto os dias.
Um, dois, três.
Faço de conta que não, mas faço conta de ti.
Quatro, cinco, dez.
Some não, moço, some não.
É que meu coração tem urgências,
mas atenção é igual a passarinho, sabe moço,
atenção e passarinho só pousam onde querem.
Carece não, moço, carece não de pedir.
Coração e carinho se não se tem,
não se pede.
Igual a passarinho.

11 de maio de 2012

Chegou chegando...

No encalço de minhas esperas,
Aguardo o suspiro.
O sinal do devaneio.
A marca do desengano.
Me encanta cada gesto não visto,
Cada olhar escondido,
Nas distâncias desprezadas.
Chora a mulher,
Ri a menina.
Nos encantos do encantado moço,
Que passeia sereno nos terrenos perigosos de seu amor.
Se desdobra,
É valente,
Avança arrogante nos trajetos íngremes,
Virgens,
Esguios.
Nariz empinado,
Espada à postos.
Expostas estão todas as vaidades,
Vontades,
Desejos,
Coração.
Finge que não finge,
Ama e não desanda.
Vale de lágrimas,
Vive a fantasia do engano passado,
Vive a alegria de um amor verdadeiro.
Chora a menina,
Ri a mulher.
Cheirosa,
Vaidosa,
Encanta e se enfeita:
É a hora do amor,
Chegou a vez de amar.

9 de maio de 2012

Verde esperança

No gastar da paisagem,


Me vejo.


Não só,



me vejo.


De mãos dadas,


Me vejo.


À frente da televisão,


Me vejo.


No filme sem sentido,


Me gasto.


Abraçada,


No encalço de meu cativeiro.


Me vejo,


te gosto.


E me gasto.


Não mais na cinza,


Mas no verde das horas.

Tarsila e a lua


A lua ilumina amor.


A lua alumia o ardor.


Luz que queima,


Brisa que acalma.


Acalanto de meu sonho,


Nina minha alma...


Apascenta meus desejos,


Agoniza no meu gozo,


Extrapola os meus instintos.


Se derrama na espera.


E vejo:


Um olhar,


Dois amores.


Duas almas,


Um desejo.