26 de fevereiro de 2010

Relaxa!...

Nunca passei desapercebida. Engraçado, nunca tive pretensões exibicionistas além de ganhar altitudes de patins, despencar em abismos, dar salto mortal na piscina, rasgar joelhos, bater a cabeça, enganar, desencanar, tentar dar o melhor de mim no que faço, seja limpando o chão de casa sozinha, seja lavando a janela de minha vida, com soprinhos de "I love you". 
A verdade é que, mesmo que eu negue e não admita, existem pessoas que não gostam de mim. E o mais instigante é que essas pessoas um dia disseram admirar-me, ou foram minhas amigas. Engraçada essa mística: vencida a etapa das descobertas, onde entramos no ser um do outro e, sem gostar do que encontramos impregnamos no que vemos defeitos nossos como desculpas para não gostarmos do outro...
Hoje, meu trabalho me exige aventuras sobre quatro rodas em minhas viagens, diferentes das oito rodas dos patins... Não tenho tanta coragem assim de desafiar o insano seguidamente como antes: hoje preciso tomar fôlego para, somente após restabelecida, entrar no desafio de viver novamente. Sigo o rumo, endireitando o prumo: mistérios envoltos a contratos e distratos, na alegria e na tristeza, na saúde ou na doença. Sinto, não posso admitir abstenções, sobretudo trabalhistas: sou viciada confessa no que faço, apesar de minhas consequências não me definirem em completude. Alias! Meu trabalho é parte do que sou, não o que sou é parte interina do meu trabalho. Contudo, me sinto incompleta se não estou completa no que sai de mim... Com isso, acho que ganhei inimigos na vida....
Afinal, a vida não passa desapercebida por mim... Por que haveria de passar desapercebida na vida?

17 de fevereiro de 2010

Em tempo de deserto, quem tem fé é Rei..


Deserto. Palavra de significado forte e marcante, alguns diriam massacrante, se vista da perspectiva do descaso, insegurança, abandono. Prefiro ater-me a compreender esse fenômeno como abandono de si em prol do nascimento de outro eu, esquivo das prisões antecedentes.
Assim, passo os momentos de solidão embuída nas incertezas da escassez. A experiência da falta, que levada à extremidade de suas limitações desperta em mim instintos inobserváveis em situações normais. O cansaço excessivo, o trabalho exaustivo, o sabor engolido, o prazer enganado... Todas essas sensações de privação, esquecidas no tempo de nossos antepassados históricos. Sentir ficou tão ao alcance das mãos que privar-se virou sinônimo de pobreza, de sabotagem, do ser e suas consequências. Mas, não seria o contrário? A medida que minhas medidas não tem mais medida, torno-me prisioneiro de minhas consequências, onde meus atos me definem, não o contrário...
E nesse buscar do ser em que devo, longe do que posso, desertifico minha vida.
Que devo eu?
Em tempo de incertezas, as certezas são perfeitamente dispensáveis. Prefiro o solo fértil das perguntas. Quem tudo sabe, acaba por esquecer-se em si mesmo...
Que devo eu?
Acompanhar-me de meu tesouro, presença forte que em mim habita: o que um dia foi visita em meu viver, hoje é esse calor que fumega em meu peito. Forte como a morte, quente como o fogo... arde sem se ver, impossível não querer. Uma vez experimentado, é igual fé, não mais teologia...
Fugiria eu?
Jamais, permitir-se está para a maioria, Barrabás também estava...

5 de fevereiro de 2010

Perdoando o amor


Perai! Vai com calma! To aprendendo a amar!
Perai! Tenha alma! To esperando perdoar...
Perai! Tenha pressa! Seu desatino me ensinou,
A ter pressa, bem e a bessa, pois o amor perdoou!

Perai! Vai com calma! Minha alma cansou...
Perai! Tenha pressa! O amor acordou!
Nos encantos, de ter alma, seu calor arrepia...
Perai! Tenha alma! Que a lua, alumia.

Ouça aqui, os apelos!
O amor quer amar..
Venha aqui, bem ligeiro!
Meu amor, vem me amar...

Venha cá, tenha pressa!
Vem depressa e fagueiro..
No amor, bem e a bessa!
O perdão vem ligeiro...

Anda aqui, olha longe!
Lá vem ele chegando...
O amor vem de longe
Repousar em seu canto!

Pertence a mim, somente a mim...
O desejo insistente!
Somente a mim, pertence a mim...
O amor da minha gente!

Ouça agora, ouça bem!
Sou insistente e persisto...
Te perdoo, te dou amor!
E não fazes mais isto...

Meu coração não consegue...
Não amar, não dar amor!
Tenha calma, tenha alma!
O amor acordou...

É só uma idéia!


É só uma idéia! Ou seria um desejo?
Desejo que virou idéia, idéia permeada por desejos, anseios misturados com alegrias, coisa parecida. Deve ser a correria, a gente sempre mistura tudo, igual liquidificador ligado no três, quando o dia imenda a noite em vendaval de soluções apressadas. É assim, dia após dia, mudança após tormenta, alegria após tristeza. Os acontecimentos precipitam-se como se do céu caissem, maravilhados com o prazer da alma a quem foram desposados. Enamorada e seduzida, dança a esposa, alegre em saber-se desejada pela felicidade, vertente da misericórdia.
Divino e humano, espiritual e palpável se misturam em dança compassada de versos, rimas, prosas, amor! Compromisso com o tempo, despretensão ao mundo, humanidade composta de erros vigiada pela sombra de seus próprios passos. É assim, passam as horas, os relógios me cobram o que eu tenho que fazer. É assim, as almas esperam o que posso em mim lhes estabelecer, perdidamente encantada com a longevidade de minhas palavras, minhas sabedorias, medidas consubstancialmente desnecessárias a sobrevida de Cristo, caso assim Ele o quisesse. É assim, que me seduziste, e não consigo lembrar de mim sem antes remeter-me a Ele.
E assim eu, humana infiel, por minha honra e minha palvra, emprego Nele, a felicidade Eterna, meu ser e vontade que me são próprios, e abro mão de meu futuro de honras lícitas e pompas louváveis. Eu, humana infiel, por minhas desonras e erros, meus enganos e tropeços, peço-Lhe no sim de cada dia a força para pepetuar seu coração na humanidade, que é Seu próprio coração.
É só um desejo.
Ou seria uma idéia?
Julgo, já virou vida...