14 de janeiro de 2009

O samaritano e o fariseu.

Sentada estava em um dos ultimos bancos. Alias, uma cadeira cativa por mim criada para não estar perto dos outros. As vezes preciso disso, solidão acompanhada de multidão. A elevação, consagração da Comunhão, momento sublime da Santa Missa. O Padre erguia a hóstia, já então Corpo Santo de Jesus e aquele homem suplicava, pedia, orava... Suas súplicas eram reais, dores sofridas ou feitas sofrer. Suas orações fundadas em base de fé sólida e fiel. Acreditava piamente no Corpo de Jesus e em sua salvação. Rogava a Deus com todas as suas forças por perdão, por seus inúmeros pecados. Assim julgava eu, olhando superficialmente aquele homem. Então, prostrei-me as minhas orações de entrega e senti diferença ao voltar meu olhar ao mesmo homem. O via como samaritano e eu, fariseu. O fariseu que rogava a Deus para não ter tantos pecados como o samaritano e o samaritano que suplicava ao Pai por misericórdia por não conseguir ser tão bom como o fariseu. Leve sorriso saltou de minha face ao perceber a fragilidade de minhas orações. Eu pedia para não ser como um homem de fé e esperanças, a não ter necessidade de Deus como aquele homem, que não sei nome ou endereço, quando, na realidade, eu necessito muito mais. Aquele homem olhava para o Sagrado e orava com todos: "Cordeiro de Deus que tirai os pecados do mundo: Dai-nos a paz", trazia suas duas mãos com força à fronte de sua cabeça. Pedia incessantemente paz aos pensamentos. Enquanto isso eu suplicava para não ser como aquele homem.
Quantas vezes fazemos isso? Nos inportunamos com semelhantes e reclamamos de iguais? Pedimos que seja diferente do que fomos, quando continuamos a cometer os mesmos erros ao invés de simplesmente aceitar as limitações alheias e ajudar a romper limites, como nós todos os dias necessitamos. Aquele homem pedia paz aos pensamentos tortuosos, que porventura talvez sejam mais amenos que os meus. A vida daquele homem eu não conheço. Suas dificuldades, anseios, só sei que é casado por conta de uma aliança que ostentava à mão esquerda, contudo não sei se possui filhos. Não sei, porquanto, que razões seu coração leva aos olhos pranto, contudo aquele homem renovou minha fé, em Deus, Nosso Senhor. Me trouxe à tona minhas dificuldades e inseguranças nas orações que outrora se faziam firmes e fortes. Mas também me trouxe a certeza de que minhas súplicas são sempre ouvidas e atendidas segundo minhas necessidades, não minhas vontades. E que por menor que eu seja, Deus se faz precisar de mim.

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