16 de janeiro de 2009

Chuva.

Importância. Qual importância teria minha vida para mim senão tudo? Eu sem minha vida não viveria, ou minha vida não viveria sem mim? Quem veio primeiro, o ovo ou a galinha? Quem nasceu primeiro? Minha vida, com todas as pompas, honras e horrores ou eu, com meus prantos, sussurros e amores?
Sempre que me entristeço e atenho-me em minhas dúvidas e incertezas, minhas tristezas e peripécias, o dia escurece e pela chuva Deus chora junto comigo. Acontece, quando não tenho para onde ir, refúgios me faltam, onde até os céus desabam sobre mim. Assim tenho eu, inacabadas razões concretas de desistir da vida e pegar um avião rumo ao infinito, mas esse voo não existe. Pudera eu adentrar o salão de embarque de razão alguma, embrenhar-me nas paisagens de lugar nenhum, descansar de minhas dores feitas sofrer, viver a odisséia do mundo achado...
Fugas insanas para tristes motivos mimados. Criança "birrenta" estou eu retornando a ser, em resgate a tudo aquilo que desejo não alcançar mais. As dicifuldades de uma vida de responsabilidades se interpõem em meu caminho, como amigas vãs de minha infelicidade. Rogo aos céus e a noite escura se aproxima. Deserto coração abençoado de angustias, sofrimentos que se tornam sãs fontes de sabedoria vivente. Quisera eu contornar minhas tristezas, viver de alegria, mas os caminhos tortuosos insistem em se encontrar com meus pés, surrados pés. Se até os meus fios de cabelo estão todos contados, Ele deve saber o que está acontecendo, e deve saber o que se faz comigo. Minha confiança Nele é cega, mas vez por outra procuro um oftalmologista para um transplante de córnea. Mas, será que é cega mesmo? O tal doutor da escuridão me diz que não, mas a Mãe da misericórdia me convence que sim...
Me pedem para doar a vida. A vida já doei. Será mesmo? Se sem minha vida não ser viver, e minha vida sem mim não sabe o que fazer, como farei para doa-la? Respostas não tenho, mas as perguntas ficam "tintilhando" em meu desajuizado juízo. Que minha loucura seja perdoada, e que minha vida seja doada, a quem por amor quero receber...

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