3 de novembro de 2009

Vertigem


Chorar.
Ofício reconstrutor.
Chorar desesperadamente, como que descobrindo em cada lágrima o caminho perdido.
Já escorre em face por terra, não há mais como controlar, não há como negar sua existência.
Sentimento de renovação.
Sentindo, a vergonha do suor do olhar, cansado de tanto exercício que forçava o seu sorriso sem pranto.
Extirpar, do cerne, a existência do que não sei e confiar.
Deixar-me consolar, em misericordioso pranto escondido, expostos soluços de solidão acompanhada.
Concordar, com cada letra da palavra não dita, com cada suspiro da respiração do meu Amado, sentida na face do consolo, como benção advinda da entrega diária.
Refúgio, escancarado pelo abandono das vergonhas, amparado pelo olhar que vem do alto, escoimando as culpas, enraizando as certezas de uma pertença irrevogável, que perpassa a experiência do querer.
Chorar.
Deixando o Salvador salvar, deixando o Amor amar, deixando o Criador restaurar, a alma que de tantas reformas perdeu no tempo o rastro da sua essência.
Cristo passeou lépido e fagueiro, atento, analisando minuciosamente por onde começar a reforma.
Chorar.
Como única forma de auxilio ao Cristo, lavando de dentro para fora as imperfeições e lascas retirados pelo lapidar de suas mãos.
Chorar.
Mortificar o que vai embora, e que se esvai vez por todas de minha vida.
Chorar.
Verter lágrimas de alegria, na certeza que depois da chuva é que o arco-íris aparece.

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