5 de julho de 2009

Um olhar, um silêncio.

Não sei explicar o que senti.
Não sei como exprimir o que vivi.
Os sentimentos tão fortes, o peito palpitava como nunca antes sentira.
Meus lábios paralisaram, minha voz emudeceu.
Paralisada, estática.
Versos, sons, musica, melodia, nada importavam, nada me alcançava, a não ser Aquele olhar, sublime olhar, profundo olhar.
Nunca antes pensara na profundidade do Amor, como naquele instante.
Um olhar.
Parar para olhar.
Olhar.
Um momento, um instante, onde nada me era pedido, nada me era cobrado.
Nada precisava fazer nada, a não ser olhar.
Nada precisava pedir nada, aliás, nada me vinha a mente, a não ser olhar.
Admirar.
Amar.
Ver além do que se mostrava.
E, olhando além, sentir o que sempre esteve dentro de mim.
Engraçada essa história de se descobrir. A gente sempre teve tudo, e pensando ser pobre, vive como mendigo que guarda dentro de uma sacola velha um grande tesouro, que paga e apaga todas as marcas da vida mal vivida, dos cafés da manha mal tomados, das noites mal dormidas, de tudo que tornou minha vida infeliz.
Ai, certo momento, nossa alma se inquieta e chora, chora, e chora mais um pouco. Chega a soluçar, e o coração sente saudades do que sabe que pode viver, melhor, pra sempre e mais.
É quando a gente, de repente, se lembra que pode abrir a sacola e buscar o alimento, que nenhuma padaria vende. Pode se levantar do chão, alicerçado na palma Daquela mão que sempre esteve estendida a nos e tomar um belo banho, ficar cheirosinho, voltar a ter dignidade.
Ai, mais de repente ainda, a gente lembra de olhar para o lado e descobrir que nunca estivemos sozinhos de verdade, e que sempre fomos abastados, de misericórdia e amor, muito amor...
A partir dai, o descobrimentos se desdobram tanto e de tal modo, que nossas almas não desejam mais nada, nada anseiam, nada esperam, apenas se abandonam naquele olhar, que erguida a cabeça, encontrou-se com o nosso, em momento inesperado, em noite que nada tinha de especial, a não ser o Olhar.
Foi ai que entendi que olhar para Jesus Eucaristico me dizia mais de mim do que eu supunha.
Foi ai que percebi que minha vida tem, sim, muita importância na vida dos que Deus me prestou aos cuidados.
Foi ai que assimilei que minhas atitudes tem poder de mudar a minha vida eternamente.
Etc, etc, etc...
E foi assim, assimilando, entendendo, percebendo, que me percebi amando de verdade o Amor, com a profundidade que o Amor merece ser amado, ou pelo menos, a profundidade que me cabe, meus 100% do momento. Foi quando entendi que meus "apesares" não pesam, e que minhas infidelidades me aproximam e muito do meu Jesus, que minha vergonha da misericórdia Divina era, simplesmente, medo de Amar a Deus na medida que tenho necessidade verdadeira de amar.
Foi quando percebi que poderia abrir a sacola, e adentrar Aquele belo coração, e, em posição de reencontro, me apossar do território que sempre foi meu, rico de todas as belezas que o coração do próprio Deus transpassado pode proporcionar, lá no lado aberto.
Quem diria... o mais culpado pelos humanos, responsável pela abertura do coração do Meu Jesus, doidinho pra se dar a nós...
Aquele soldado só podia rezar, muito, muito, pois prestou um importantíssimo papel a todos nós: abriu o coração de Jesus que jorrou a agua e o sangue redentores da nossa alma fraca, pobre... E é desse sangue que me banho cotidianamente, e, mesmo esquecendo muitas vezes de quem eu sou e voltando a condição de mendiga, que nega a sua herança, instantaneamente me vem o desejo de abrir minha sacola e me apoderar do meu tesouro.
E assim vou vivendo, até o dia em que tomarei posse do que eu sou, verdadeiramente, eternamente...

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