31 de outubro de 2008

* Sigo a Luz *

Rasgar tradições infrutíferas. A isso Deus nos chama. Viver o que não traz benefícios efetivamente, como seguimento de regras que em nada acrescentam em minha vida, nem na vida do outro, não tem sentido algum. Seguir por seguir, quando o nosso coração nos chama ao oposto.
A fé é uma quebra de paradigmas. Em especial, é fundamentalmente embasada em consertos de erros pelo artesão maior, que foi Jesus, quando nós seguíamos ensinamentos cegos, opostos ao ser humano e por ele mesmo impostos.
Jesus curou em um sábado, fez renascer uma mulher encurvada. Ensinou-nos que todo dia é dia de seguir a Luz, proclamar a vida e lutar por ela, livrando-nos das hipocrisias do cumprimento de regras inférteis.
A vida tem que fazer sentido. Só sentindo o sentido da vida é que conseguimos rumar em direção ao que nos faz feliz, ao que realmente importa, ao que vale a pena se sacrificar, até a última gota de suor, de sangue. Jesus só deixou-se viver pelo destino da cruz porque acreditava no Pai, e sabia que aquela passagem trazia sentido ao que Ele havia vivido em toda a sua vida. Se Jesus não houvesse buscado no ventre de Maria, nas Bodas de Caná, no olhar de Maria Madalena, na discórdia da cura em um sábado o sentido de sua vinda à terra como efetivamente parte dos milagres cotidianos da salvação, o mistério da Trindade Santa não seria difundido e seríamos ainda mais cegos guiando cegos. Ora, se com todos os sacrifícios, em nossas falhas insistimos em ritos estéreis, quanto mais sem Jesus.
Sigo a Luz. Ao que não tem forma. Ao que não tem sentido e traz sentido. Ao que me mostra milagres diários sem imposições e me diz 'Filha, obediência é uma coisa. Acomodação é outra, não sedes acomodada às tuas seguranças, pois tua segurança há de ser Aquele que tu anuncia.' Lembre-se: se não tivéssemos a coragem de ir além do 'Pai Nosso' não teríamos igreja.

Lucas 6,12-19 "A multidão toda procurava tocar em Jesus, porque uma força saía dele, e curava a todos. " Procure tocar Jesus, todos os dias. Quebre paradigmas.

Foto: Pintura de São Francisco de Assis.

30 de outubro de 2008

Deixe Deus fazer por você

Deixar Deus fazer. Esse tem sido meu exercício diário ultimamente. Se é que posso chamar de exercício. Aceitar as situações, interpretar os significados, argumentar sobre os redemoinhos, batalhar contra os dragões, admirar as flores, voar com as borboletas, enfim, incorporar as demoras como algo bom, tempo de aprendizado, acreditando, veementemente, que Deus faz bem melhor do que eu, muita coisa, aliás, tudo. Eu me atrapalho toda quando quero agir como Deus. Ele não, vem de mansinho, sem alarde. Traz flores, manda bombons, cobre minha conta bancária naquele dia de desespero, depois deixar voltar alguns cheques para que eu aprenda que providência é providência e descontrole é descontrole. É, ele vive 'tirando sarro' de mim. E eu? Sorrio, após o entendimento, aceitando as demoras. Vivendo as inquietudes de meu coração. Seguindo a luz. Em muitos momentos, em nossas conversas descontraídas, pergunto a Deus o porque de muitas coisas não acontecerem em minha vida logo, o cumprimento das promessas. Pego Ele sempre de surpresa, pois assim acho mais legal. Quando escuto aquela música que me faz lembrar dado momento, me vem a mente e indago, coisas do tipo: 'Meu Senhor, porque não me concedeu a graça de ser duas ao invés de uma só? Olha, mas tinha que ser igualzinha, cópia original, senão não vale!'.. Ele, desavisado, dá aquela risada gostosa, como só Ele sabe oferecer a um amigo, e diz: 'minha filha, calma.. até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados'. Ai sorrio, aceitando as demoras Daquele que sabe o que faz, melhor do que eu.

28 de outubro de 2008

Infantilidades de uma vida adulta..

A criança pequena nada deseja por seu dia, a não ser que ninguém incomode suas brincadeiras, seus desafios cotidianos, e quer esgotar suas cotas diárias de adrenalina. A criança chora ao primeiro sinal de dor, e logo vem um adulto protegê-la, seu pai, sua mãe, com uma solução que parece magia, mas não passa dos dons de alguém que sabe amenizar as dores humanas e, sendo uma pequena parte de Deus, aprendeu curar doenças. Me sinto uma criança que lança seus brinquedos ao chão, quando olha algo bem melhor que se apromixa, e tudo deixa para trás e quer apenas cuidar da coisa amada e desejada. Assim, minha alma respira. Uma alma infantil. Uma alma que nada deseja, a não ser a paz, a tranquilidade, eivada dos barulhos exalados por uma multidão que ainda não aprendeu, tal como eu, também partícipe dessa pluralidade de pessoas. Conversar com Deus me é algo que faço com prazer, ao mesmo tempo em que me é custoso, pois, não sei pedir como as outras pessoas. As olho e acho lindo, mas para mim tudo é bem mais simplório, do que as complicações desta vida. Meu olhar alcança algo diferente do que a maioria aponta, e, por vezes, não consigo me nortear nos "parâmetros" construidos outrora, o que me inquieta o coração infantil e me faz entrar em prantos. Meu Deus vem ao meu encontro e me sinto constrangida. De onde vem esse constrangimento? A coisa certa ando fazendo, o errado me toma de empréstimo, cobrando favores passados impossíveis de ser desviados a atenção. Sou moça prendada, de palavra só, não dá pra fugir dessas interpelações da vida. Já com a Mãe é outra história. Mãe sempre entende melhor a gente, com ela tenho vivido e convivido. Acompanha todas as minhas angústias e alegrias. Com ela acordo e vou ao leito, orando para que consiga solicitar ao Pai somente as dores e alegrias cotidianas que me cabem, fazendo com ele alianças diárias, rompendo com o que eu posso, dando um passo atrás do outro. É instigante a vida, vivida de forma desenfreada. Quando você para e olha ao redor vê que tudo é igual sempre e que a vida não muda, você que passa a olhar diferente para ela. E, quanto mais adulto você for, mais criança você desejará ser.
Tento, por muito, entender a vida, a história da criação, os "porquês" de estarmos aqui, na condição que nos encontramos. E, em cada momento em que me faço perguntas, tais como: "O que é o homem?" "Porque Deus se importa?" "Porque tenho sentimentos?" "Será que estou vivo?", entendo que olhar pro céu me dá a sensação de cuidado, de ser amada, de compreensão. Compreendo, porquanto, que se não sei o que procuro, mais ainda quando soube explicar tudo, era quando menos eu sabia. Marcos 10:15 "Em verdade vos digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criança de maneira nenhuma entrará nele."

27 de outubro de 2008

Semelhança

Do pó fui criada. Ao pó voltarei. Meu mundo de emprestimo tomei. Na estrada errada muito tempo vaguei. Dúvidas pelo caminho acumulei. Pagar Jesus uma vez tentei. Foi quando à Maria encontrei, que me disse: Filha, não é bem assim...
Minha Mãe onde eu estava, quando me procuravas e em teus braços me afagava? Mãe, te peço perdão pelas vezes em que magoei o teu coração.. Mãe, vem me amar, me abraçar, me embalar.. Neste encontro de desencontros, dos corações, de tantas canções.. À Ti me entreguei, me consagrei, e confiei meu amor, o meu querer, o meu prazer, e meu viver.. Em teu manto sagrado quero me proteger.. E a Teu Filho sei que por mim, vai interceder..

Esse tal Jesus...

Lucas 17,6 "Disse o Senhor 'Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoeira: arranca-te e transplanta-te no mar' e ela vos obedecerá".
Já quis ser igual, normal a tudo a e a todos. Já aceitei, já quis que me aceitassem e, para isso, fui o que não sou.
Já tive fé pela metade. Desenganos me enganavam.
E de engano em tormento, para tanto tornei-me outra que não eu.
Escurracei-me de mim. Meu ser mandou-me embora.
A vagar pelo mundo encontrei-me.
Excomungada e desesperançosa. Deserdada de minhas consequências.
E na inconsequência almejei voltar ao pó.
Foi quando um tal jesus me encontrou.
Olhou-me com um olhar de Pai.
E dentro desse olhar acreditei que eu para mim poderia voltar.
E amar retornei a acreditar. E no amor voltei a amar.
Foi ai que uma tal Maria, como filha ao colo me afagou.
E meu amargurado coração em ternura tornou-se brando.
E em candura e doçura minha alma se desfez.
Onde ao Pai me aponta a todos os instantes.
E nessa ciranda de discórdias, me senti amada, protegida, e porquanto, minha vida desanda em pranto, meu coração em semente se refaz. Como grão de mostarda que planta bela se transforma, quão belo é o cuidado de Jesus, e quão formoso é o zelo de Maria, minha guia, por minha pobre alma, rica em fé e esperança, nas concórdias e promessas do Pai.

24 de outubro de 2008

"Até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados."

Quão bom seria não sofrer.. Mas, será mesmo?
Aceitar as demoras, viver as paciências, apreciar as inquietudes, viver as misérias em seu ápice mais profundo...
Uma palavra Divina tem se encontrado comigo em muitos momentos meus ultimamente. Aliás, por Ele proferida a muitos dos que me rodeiam, e me fez refletir.
Mateus, ao escrever que "até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados", sabia o que exortava.
Nada em nossa vida acontece por acaso.
Não, não acredito em destino, sou crente em Deus, é Nele em quem ponho minha confiança e o caminhar de minha vida. Sem Ele, nada seria, eu não seria, não existiria. A Fé me invade como um vírus, um câncer que não tem cura, onde aceito os subterfúgios de uma vida falha, porém cristã. Não me vejo mais como uma pecadora indigna de ser chamada filha de Deus Pai, mas como a menina dos olhos de seu Pai cauteloso, que nos deixa ser livres para aprendermos que seu amor é maior que tudo, e vai muito além de minha vã capacidade e compreensão.
Quando me deparo, como agora, em situações que pessoas que amo e admiro passam por problemas que minha simples humanidade não pode ajudar, rezo. Peço a Deus, por seu espírito que em mim habita a força e as palavras necessárias para este meu amigo, que de alguma forma quero amenizar a dor sofrida.
A palavra que meu coração exala este momento é: viva. Viver o sofrimento em todo o seu ardor. Deixar-se queimar na chama da angústia. Chorar as demoras, permear no terreno divino as sementes do que amanhã será conforto, solução, divindade, e, porque não dizer, experiência de fé.
Deus sabe, Deus vê, Deus conforta, Deus ama.

22 de outubro de 2008

Cada um é cada um.

Cada um tem seu lugar. Cada um tem seu espaço. Cada um é cada um.
Não sendo outro, não sendo o que não sou, não buscando o que não consigo, não esperando que um dia eu vá poder.
Deus só nos pede aquilo que Ele já nos deu, nos capacitou.
Precisamos achar o nosso espaço, único. Todos temos, contudo nos desvirtuamos buscando no seguimento dos passos de alguém. Por achar que uma pessoa virtuosa deve estar no caminho certo, ouço ele, vejo ele, sinto ele, amo ele, mas não sigo por ele.
É sempre mais fácil seguir caminhos ao invés de desbravá-los. A mata virgem é mais arisca, machuca mais, traz mais medo do que as seguranças de uma trilha já desbravada. Nessas trilhas seguidas, acabamos por apenas molhar os pés na margem, esquecendo que o banho na cachoeira da graça é muito mais confortante e adorável.
Jesus, em sua vinda a terra, ensinou-nos a rezar o Pai-Nosso, mas não parou nele. Desbravou caminhos, alcançou altitudes, permeou virtudes, inquietou corações adormecidos, e estes tiveram a parresia de segui-lo, para que possamos, hoje, saber que Deus está vivo, ressuscitou, e mora em cada um de nós.
Se os apóstolos tivessem parado no Pai-Nosso, não teríamos igreja. Se Pedro não a tivesse edificado conforme os ensinamentos de Jesus, não teríamos igreja. Se eu não me decidir por Deus, hoje, não teremos igreja. Do plural, se fazer singular, a isso Deus nos chama. Nas pequenas coisas Deus chama às grandes graças. 'Um longo caminho só é concluso após o primeiro passo'.
Cada um tem um chamado. Deus nos fala, sempre. Nós é que não o escutamos, ou fingimos não escutar. Cabe a cada um realizar a vontade de Deus na sua vida. Somos canal de graças. Eu sou.

Graças, Pai!

Eu não sei onde estou, eu não sei porque estou.
Eu não sei para onde vou, eu não sei guiar-me.
Eu não sei o que sinto, eu não sei porque vivo.
Eu não sei porque não sei, não sei se estarei.
Eu não sei porque me pergunto porque não sei, mas sei que minhas incertezas me trazem uma felicidade imensa, mas não sei porque estou feliz.
O incerto nunca foi tão bom. Não saber nunca foi tão confortante. Não ser dona das razões e emoções nunca me foi tão doce.
Lançar-me em novos caminhos. Alcançar novas distancias. Almejar novos horizontes. Cumprir novas sinas. Realizar novas promessas. Saber para onde ir, mas não mais que por um instante.
Tudo novo, tudo diferente, tudo incerto, tudo certo.
Um novo mundo, um novo saber, um novo modo, um novo ser, um novo eu.
Deixar-se lançar nas horas de Deus, nas demoras do Altíssimo, nas cruzes de Jesus, nas ressureições do Filho, para alçancar as graças do Pai.
Aos pés da cruz, ao lado da Virgem.

20 de outubro de 2008

Máscaras

O baile acabou, mas ela ainda está dançando. O silêncio penetrou, mas ela nem ligou. Ao se ver só em meio ao que antes era aconchego, a moça titubeou, pediu ajuda. A máscara caiu, o baile já não existia mais, a maquiagem já havia borrado. Restaram lembranças tristes somente, mas ela estava feliz. Por ser ela mesma, livre de representações. Sendo ela, não outra. Sendo singular, não mais plural. Em meio à luz, a escuridão ficou para trás. Cheia de incertezas, as seguranças esvaíram-se. O porto que era seguro se foi...

12 de outubro de 2008

Sinto, logo escrevo.

Palavreando vou pela longa jornada da vida. Externando meu ser, eternizo meu viver, como se as palavras que se esvaem de minha convivência comigo possuíssem o poder de me definir, me reafirmar e lavrar minha escritura. Os sentimentos ganham forma, cores. Os tons são buscados pela essência das almas que se encontram, enlaçando o momento que se almeja eternizado, a fim de fazer referência àquilo que já não é, mas que não se quer perecido e deseja-se enraizado. Amando, permeando sentimentos em outrem, sem demarcação vivo o que não tem forma, sentindo o definido, indefinido sentimento definido, que não tem sentido se definido, somente se sentido. É como Deus. Uma vez sentido, indescritivel belo encontro indefinível, pois se definível cai-se na tola descrição do sentimento indefinido, que não tem sentido se definido, somente se sentido. Sem sentido do raiar ao pôr-do-sol indiscrição sobre a descrição de um acontecimento corriqueiro e eivado de subsistência. Se penso, logo existo, sinto, logo escrevo, na compreensão do incompreensível, sentimento indefinível, decifrando o indecifrável, revelando o inevitável, sem estragar a essência, abominando a discrepância, para falar de tolerância, reafirmando o que se é, sendo, permanecendo, vivendo, no enlace da vida que nos cerca, para que dancemos na ciranda da vida, no ritmo dos acordes angelicais, desde o raiar do sol até a luz da lua.

8 de outubro de 2008

Borboleando..

O borboleio da vida me leva a alçar vôos, permitir atitudes, admitir altitudes, reconhecer virtudes..
A vida me leva a caminhos desconhecidos, desbravar horizontes antes nunca vistos. Borboleando sigo nas planícies do inacabado, do que está em construção dentro de mim. Presa em mim, vivo solta em meu infinito, meu objeto de particular apreço. Meu ser, minha vida, se entrelaçam numa dança de devaneios, de conhecimentos, daquilo que sou, daquilo que almejo ser e daquilo que não consigo desvendar. Quando consigo alcançar objetivos inicialmente sonhados, a montanha se torna pequena e me mostra outro horizonte, um novo lugar, um novo mundo, um novo ser, um novo eu. Me torno pequena pra meu novo infinito, para minha nova razão de ser e de estar. Me sinto gota d'água do que antes era oceano, ai volto à minha condição de lagarta, que no casulo recolhe suas forças para então, somente depois de fortalecida, alçar novo vôo em alcance ao meu novo horizonte, minha nova descoberta.
Esses mistérios de idas e vindas, o ato de voltar e ir ao mesmo tempo, o chegar e o partir, me tornam outra, uma pessoa em eterno aprendizado, do que é, do que pode, do que consegue, mas com a certeza de que as borboletas ensinam todos os dias que o casulo é apenas um período que é necessário para que suas asas se fortaleçam e, só então, possa se sair e alçar o vôo dos apaixonados, pela vida e pela paisagem que os olhos vêem, com o olhar de quem era cego, no borboleio de quem nunca vôou... Quero ser como essa borboleta, que no encanto das dificuldades dos seus dias no casulo encontra a felicidade da liberdade de alçar vôo nos mistérios da natureza de Deus, sob os raios claros do sol da justiça da Virgem Maria....

1 de outubro de 2008

Meu sol, minha lua

Meu sol, minha lua Minha vida crua e nua O meu céu não tem estrelas Mas elas brilham sem parar Minha mente parou, vacilou Meu oculto veio à tona, mas não se deixou ver Meu coração se impôs E ciranda cirandou em meu ser Tal qual criança brinca faceira À minha maneira Jesus abençoou Meus demônios, minhas incertezas Meu sol, minha lua Minha vida dança e festeja De estrelas meu céu está repleto Mas elas não brilham como outrora Meu encanto desencantou Minha mente agora não pestanejou Mas o brilho dos olhos não mais encontrou Os demônios de outrora esvaíram-se na certeza Das incertezas de uma vida reta Que de avesso vira desfecho E não mais o mundo guia Mas meu sol guia meu mundo.. “Como pode um peixe vivo, viver fora da água fria.. Como pode um peixe vivo, viver fora da água fria.. Como poderei viver.. Como poderei viver.. Sem a tua, sem a tua, sem a tua companhia?!”