As frases se mostram em santos, e não passam de linhas, em amotoado de palavras com sentido e sem sentimento em mim. Não se demoram em suas intenções, não se prologam em virtudes, não se apoderam de minh'alma. Apenas passam, como uma bela paisagem na estrada que percorro "às carreiras". E essa pressa? Só Deus. Só Ele sabe as urgências que insistem em concorrer com a minha paz. Enquanto isso, as atitudes sem sentido irritam até o esgotar de toda a minha impaciência, visto que a paciência já se foi a muito tempo, como um teste ao qual sou fadada ao fracasso, sempre.
E o tempo. Castiga soberano e imponente todos os sonhos e projetos, sonhos meus. Passam dias, meses e estações inteiras, passando, passam. E me vejo em uma esteira, a ser levada pelas circunstâncias, ao invés de fazê-las acontecer, e até isso esqueço, na ciranda do viver. E até disso, não sinto mais sabor.
Acho que aconteceu: o desabor voltou. Não sinto prazer em nada. Esse perigo de não me reconhecer em minha criação, e não me reconhecer como criatura encaixada em nenhuma moldura posta, imposta ou proposta. E os perigos de não me reconhecer se mostram como monstrom do seriado da TV.
Assim, respiro não tão alivida, quando até Adélia diz: "Deus de vez em quando me tira a poesia: olho para uma pedra e vejo uma pedra". Se para crer passamos pela descrença, descrendo, creio, mesmo que as minhas pedras sejam mais que beleza, alcancem o desastre de rolar montanha abaixo e insistem em atrapalhar todo o caminho.