Paladar.
Sabor.
O gosto, a fruta.
Mordida, saboreada.
Provada.
Aprovada.
Regada.
Podada.
Cercada.
Cuidada.
Cansada.
Aprisionada.
Diluída, se foi de si.
De si procura, de si pergunta.
Onde foi que esqueceu-se de mim?
Palavras, apenas palavras.
Que juntas, misturadas.
Se coisifica, mistifica.
Conturba-se.
Conluio, de atar nós,
que merecem ser laços.
30 de outubro de 2012
27 de agosto de 2012
É como um eterno buscar.
Pois desaprendeu a viver vivendo.
Vagueia,
passeia,
nos infinitos das razões.
Vai à caça proeminente,
olhos de águia,
coração de rocha.
Sequestra as emoções,
financia razões alheias.
Sabatina maturidades,
recolhe vaidades,
fantasia orgulhos.
Ajunta dossiês e mais dossiês,
de vergonhas inadmitidas.
E, ao deitar, confessa-se:
a saudade ainda supera tudo isso.
E das vontades de ponto final,
nascem vírgulas maturadas
no doce amargo da espera,
com cobertura de confiança.
Pois desaprendeu a viver vivendo.
Vagueia,
passeia,
nos infinitos das razões.
Vai à caça proeminente,
olhos de águia,
coração de rocha.
Sequestra as emoções,
financia razões alheias.
Sabatina maturidades,
recolhe vaidades,
fantasia orgulhos.
Ajunta dossiês e mais dossiês,
de vergonhas inadmitidas.
E, ao deitar, confessa-se:
a saudade ainda supera tudo isso.
E das vontades de ponto final,
nascem vírgulas maturadas
no doce amargo da espera,
com cobertura de confiança.
Um brinde
Uma taça.
Só mais um gole, por favor.
A espera alcança.
O que a memória, por zelo, deixou.
Caiu, ruiu.
Voltou em branco e preto.
Flash's de memórias póstumas,
Vivas em mim.
Ou no que desejo.
Seria apego a uma idéia,
Ou seria amor de verdade?
Saberás tu, saberei eu,
Se deveras admitir:
Que tu sem mim,
O tu e o eu,
eu sem mim,
o mim e o teu,
vivos em nós.
Só mais um gole, por favor.
A espera alcança.
O que a memória, por zelo, deixou.
Caiu, ruiu.
Voltou em branco e preto.
Flash's de memórias póstumas,
Vivas em mim.
Ou no que desejo.
Seria apego a uma idéia,
Ou seria amor de verdade?
Saberás tu, saberei eu,
Se deveras admitir:
Que tu sem mim,
O tu e o eu,
eu sem mim,
o mim e o teu,
vivos em nós.
10 de agosto de 2012
10 de julho de 2012
Bem mais
As paredes me sufocam, me tiram o ar.
As luzes apagam-se em desobediência às minhas ordens, que viraram súplicas, que tornaram-se pranto.
O tintilar de uma temporada inteira, as dores, os rugidos.
Sobram culpas, sobram motivos, mas falta ar.
As narinas buscam o que os pulmões desejam, e é meio consolo pensar em bondade.
Meio má, meio boa. O meio partiu-se ao meio e retornou ao seu sentido original: a demasiada escravidão do agradar.
Está tudo pelo meio, junto, misturado, e perdeu-se a estância, o estado, o trajeto.
Avisto o mar, revejo o que jamais fui, sinto pelo que o sonho parece verdade e esqueci de acordar.
Estico-me sem alcançar, as palavras que engasgam em meus medos, e tropeçam, mais uma vez, em meu andar desavisado, em meu amar errado.
Mas, o que seria o certo?
Fico confabulando sobre o indecifrável, buscando respostas as minhas intensas perguntas, aos sentidos que insistem em se impor a todos os acontecimentos.
E confabulo.
Ao horizonte, as ondas, ora mansas, ora intensas, sonorizam a paisagem.
Mais do que eu vejo, sejam todas as coisas.
Mais do que o que sinto, seja tudo.
Mais do que a verdade que a vida insiste em espalmar a minha face, seja a minha vida.
Mais que a realidade que se mostra, seja a minha verdade.
23 de junho de 2012
A mulher que muito amou, amanheceu.
Lucas 7, 47 Por isso te digo: seus numerosos pecados lhe foram perdoados, porque ela tem demonstrado muito amor. ... Tua fé te salvou; vai em paz.
Fico pensando no dia seguinte daquela mulher. O que a moveria a partir de então? O que seria de seus amores, desejos, paixões? Até o encontro, seus movimentos eram certos, pois dominava a arte de encenar a própria vida. Com controle sobre os seus sentimentos, não sentia, e ignorada como era, ignorava-se, na surdina de si mesma. Seus olhos, sempre precipitados ao chão, encontravam o vaidoso orgulho de suas vergonhas. Queria, muito queria encerrar-se na multidão de mulheres donas de casa, queridas e amadas pelos seus. Mas bem sabia que o despudor de seus caminhos encontravam a solidão do preconceito. Passou a noite, amanheceu lindo dia, mas não sabia mais o que fazer, pois seus antigos afazeres não traduziam mais a beleza de seus olhos. Trazia consigo os perdões de uma multidão, em um único corpo que, enfim, lhe pertencia, depois de muito tempo. Trazia em seu peito o amor de um mundo inteiro, e a felicidade de uma família completa, e seu vazio preenchia-se da paz que acometia-se seus encantos. Os olhos, serenos e a face lisa, linda. Sua alma, desnuda, como homem algum jamais a havia despido. Por fim, não mais encenou ou precipitou-se, aguardou a hora certa, o momento certo, e foi, como sempre sonhou: ela mesma.
28 de maio de 2012
Sutileza
Adianta não moço,
adianta não fazer força contra o natural.
Forçado fica moço,
forçado fica e o ombro dói de cansaço de tentar.
Pode não moço,
pode não pedir pra Deus,
ele pode se irritar da gente pedindo o tempo todo pra se mudar o tempo.
E voltar no tempo moço,
dá não.
O melhor é deixar de preocupar com futuro,
ou querer que ele chegue,
pois quando a gente chegar lá moço,
chegando lá a gente quer voltar e ter mais tempo.
Então espera moço,
Espera e espreita,
E tenta não se atrasar...
15 de maio de 2012
Faço conta no faz de conta que te conto.
Conto as vezes, conto os dias.
Um, dois, três.
Faço de conta que não, mas faço conta de ti.
Quatro, cinco, dez.
Some não, moço, some não.
É que meu coração tem urgências,
mas atenção é igual a passarinho, sabe moço,atenção e passarinho só pousam onde querem.
Carece não, moço, carece não de pedir.
Coração e carinho se não se tem,
não se pede.
Igual a passarinho.
11 de maio de 2012
Chegou chegando...
Aguardo o suspiro.
O sinal do devaneio.
A marca do desengano.
Me encanta cada gesto não visto,
Cada olhar escondido,
Nas distâncias desprezadas.
Chora a mulher,
Ri a menina.
Nos encantos do encantado moço,
Que passeia sereno nos terrenos perigosos de seu amor.
Se desdobra,
É valente,
Avança arrogante nos trajetos íngremes,
Virgens,
Esguios.
Nariz empinado,
Espada à postos.
Expostas estão todas as vaidades,
Vontades,
Desejos,
Coração.
Finge que não finge,
Ama e não desanda.
Vale de lágrimas,
Vive a fantasia do engano passado,
Vive a alegria de um amor verdadeiro.
Chora a menina,
Ri a mulher.
Cheirosa,
Vaidosa,
Encanta e se enfeita:
É a hora do amor,
Chegou a vez de amar.
9 de maio de 2012
Verde esperança
Tarsila e a lua
A lua ilumina amor.
A lua alumia o ardor.
Luz que queima,
Brisa que acalma.
Acalanto de meu sonho,
Nina minha alma...
Apascenta meus desejos,
Agoniza no meu gozo,
Extrapola os meus instintos.
Se derrama na espera.
E vejo:
Um olhar,
Dois amores.
Duas almas,
Um desejo.
17 de abril de 2012
Censurado
“Mais um uísque, por favor”.
Acho essa frase célebre.
Demonstra poder, atitude, comando.
Nos desmandos de meu entender.
Jogo o jogo, entro com todas as fichas.
Encaro, dou risada.
Faço de santa, sendo.
Exploro as naturalidades.
Engano as vergonhas.
Exponho a alma.
Espano o coração.
Faxina completa nos sentimentos,
Deixando as correntes para trás.
Paraliso, fico estática frente a teu olhar.
Desnuda, permaneço no encanto de teus galanteios, e permito, permitindo-me.
E, de repente, entendo: não há jogo algum.
Não há fichas, apostas, mas almas, corpos, desejos, muitos, todos!
Sensibilidades sem governo...
Sensibilidades sem governo...
Rendo-me, por fim.
Entregando-me, me entrego.
Adentra, ó amor meu, e ocupa o lugar que é teu.
2 de abril de 2012
O belo.
Provar o sabor amargo da indigência.Há quem se alimente de lixo?
Não menospreze o menor dos jardins.
Há belezas imperscrutáveis detidas em corações assoberbados de si mesmos e suas ânsias.
A beleza bruta, como bela jóia escondida, pois valiosa.
Nascem as pérolas, grãos de areia morrem e fiam nas sobras das incertezas.
Botão em flor, arco íris, tudo passa na efemeridade da vida.
Belo, feito, triste, feliz.
Podem passar os filmes, as músicas, os poemas.
Mas sem fim é esse fim dos tempos em mim.
Apocalipse de meus sonhos, medo derramado como óleo na baia fértil.
Assolou minha fauna, flora e minha constância.
Sóbria, permaneço no encalço de meus pesos.
Retirem-se, por favor, preciso dormir.
Ó moço, bela é tua voz, e não resisto aos teus encantos, abana as moscas, que meu coração é teu.
"Vinde, ó Deus, em meu auxílio. Socorrei-me sem demora. Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, como era no princípio agora e sempre, Amém!"
Não menospreze o menor dos jardins.
Há belezas imperscrutáveis detidas em corações assoberbados de si mesmos e suas ânsias.
A beleza bruta, como bela jóia escondida, pois valiosa.
Nascem as pérolas, grãos de areia morrem e fiam nas sobras das incertezas.
Botão em flor, arco íris, tudo passa na efemeridade da vida.
Belo, feito, triste, feliz.
Podem passar os filmes, as músicas, os poemas.
Mas sem fim é esse fim dos tempos em mim.
Apocalipse de meus sonhos, medo derramado como óleo na baia fértil.
Assolou minha fauna, flora e minha constância.
Sóbria, permaneço no encalço de meus pesos.
Retirem-se, por favor, preciso dormir.
Ó moço, bela é tua voz, e não resisto aos teus encantos, abana as moscas, que meu coração é teu.
"Vinde, ó Deus, em meu auxílio. Socorrei-me sem demora. Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, como era no princípio agora e sempre, Amém!"
Amar, eu amo.
Sem sentir, desisto.
Desistindo, insisto,
sensibilidades sem governo.
Aposto as fichas,
jogo as cartas.
De favor em prece,
levanta-se a voz da ironia.
De pranto em dor,
levanta-se a alegria.
Gostar, se gosta.
E se demora, e se deixa.
Mas odeio o insistir em desistir.
Desistindo, insisto,
sensibilidades sem governo.
Aposto as fichas,
jogo as cartas.
De favor em prece,
levanta-se a voz da ironia.
De pranto em dor,
levanta-se a alegria.
Gostar, se gosta.
E se demora, e se deixa.
Mas odeio o insistir em desistir.
Das lembranças do que não tive
Passa a vida.
Passam os caminhos.
Passam as estações.
Passa.
Tudo passa.
Só não passa o conjugado.
O verbo, a noite gasta.
O sorriso, o pranto enxugado.
O dia, o verão.
O luar, não passou não.
Ficou, e vai permanecer.
Na primavera do meu coração.
O teu olhar, a tua mão.
Lembranças de um futuro bom.
Nas liberdades de nossos encontros.
Cativeiro, abrigo do meu cansaço.
Deita teus olhos em mim,
e devaneia.
Passam os caminhos.
Passam as estações.
Passa.
Tudo passa.
Só não passa o conjugado.
O verbo, a noite gasta.
O sorriso, o pranto enxugado.
O dia, o verão.
O luar, não passou não.
Ficou, e vai permanecer.
Na primavera do meu coração.
O teu olhar, a tua mão.
Lembranças de um futuro bom.
Nas liberdades de nossos encontros.
Cativeiro, abrigo do meu cansaço.
Deita teus olhos em mim,
e devaneia.
30 de março de 2012
Saudade envelhecida
Criam-se pós.
Dissolvem-se nós,
Desatam-se as saudades,
Não apertadas,
Descuidadas no esquecimento.
Da rotina.
Maluquice é esquecer quem se quer perto,
No amanhã do prosaico problema.
Tempo, tempo, tempo.
Cá estou, para onde foges tu?
Um dia,
Um único dia.
A espantar essa dor de cabeça que assola meu pensar.
E amanhã é outro dia,
A desbotar o meu amor.
É pra já!Pra ter depois.
14 de fevereiro de 2012
Pazes em paz.
Faço as pazes com a saudade.
Façamos assim, tu e eu: vem a mim.
Vem a mim e não sou mais sozinha.
E de saudade, salmodia o canto Davi.
Da saudade do que posso ser.
Façamos assim, tu e eu: vem a mim.
Vem a mim e não sou mais sozinha.
E de saudade, salmodia o canto Davi.
Da saudade do que posso ser.
Orgulho de meu orgulho
Das vaidades,
Fiz favores.
Nos desejos,
Meus amores.
Nas luxúrias,
Me lancei.
Em teus braços,
Amei.
Nas penúrias,
Calei.
Nas lamúrias,
Chorei,
chorei,
chorei.
De todas as vaidades,
A mais bem vinda.
Olá orgulho,
Cá estou.
Morrendo só,
Definhando de amor.
Sou mais que cem poemas
Me pediram cem.
Cem não posso dar.
O galo canta, estou de pé.
A lua cata, o que de si repele.
A labuta do dia cansou meu olhar.
No penar de meus músculos.
De penar em pensar,
O olhar cansou e foi deitar-se
Apague a luz, por favor.
Três cocoricós
Traio-te não por não te amar,
Traio-te por me odiar.
Traio-te por vergonha.
E sem cerimônia:
te traio,
te engano.
Deixo-te e te esqueço,
Relembro-me nas noites de frio.
Grito-te,
E escrevo em linhas tortas
as desigualdades de tuas certezas.
Engano-me em te enganar,
Entranho-me em te amar,
Amando,
mais que a tudo.
E me engano,
quando acredito enganar a Ti.
O galo canta três vezes,
E arrependo-me no pó e na cinza.
Cumprindo a sina
Cultivo o velho hábito de acreditar em palavras, soltas ao vento, que se agarram a mim e transmutam-se em certezas ao qual vivencio profundamente. Entranham-se ao mais escondido de mim e viram realidade aos meus ouvidos e saberes. Saber, também velho hábito inimigo meu. Questiono meus sentidos na certeza de encontrar perdida em algum lugar a ilusão criada em uma mente de imaginação incalculável, sem sucesso. Noite insone, relembro cada dizer, cada gesto abortado à calada da noite, cada meticulosidade desenhada pelos meus instantes, e cada guarda abaixada de meus encantos, cada cumplicidade. Paro, olho, vejo, que nada está certo, nem errado, apenas calmo, silecioso, como um sono necessário após a concretização de um sonho, visto que o corriqueiro da vida advém do alçar a labuta pós sonhar, com pausas que não significam interrupções. Mas, faz favor, cultive o jardim. Flor que se quer bela, precisa de cuidados, zelo e galanteios diários, pois sua vaidade carece de amor, antes que suas pétalas suspirem em leito de morte, ressequidas ao chão.
8 de fevereiro de 2012
Palavras para o esquecimento
Te esquecer não só por um momento.
Te esquecer, ainda mais que por uma vida inteira.
Te esquecendo, te esquecer.
Te querendo, não mais esperando em estradas fora da vista.
Te esperando, te esqueci.
Te esquecendo, me amei.
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