Desculpe se não sei rezar. Sempre me perco nos tantos pedidos alheios. Por fim, me acho no amém seguido da entrega, que não mais se acha no que acredita, pois se tornou a própria crença.
Desculpe se não sei amar. Sempre me acho nos encantos de teus olhos, e confundo-me nos dias perturbados, como a criança se distrai com a sua nova descoberta. Não é que eu não ame com tudo o que eu posso, mas por vezes não permito-me a todos que amo.
Desculpe se eu sumir. Sempre me esqueço em meus afazeres, perfeitos para minha sempre solidão. Neles, me incumbo de ser útil para mim, minha vida. É como parar em mim e saber que estou viva para os outros.
Desculpe se eu chorar. Nunca sei como agir em alegrias extremas, tampouco em tristezas profundas. Carregar minhas dores ao meu Calvário particular, para então morrer e, por fim, ressuscitar é tarefa solitária. Ou, simplesmente, emergir tanta alegria que não caiba em meu coração, e meus olhos enciumados clamam por atenção, sorvendo um rio de misericórdia para minha alma cansada.
Desculpe se eu reclamar. Por vezes não caibo em mim de tanto furor, por ver o erro ao alcance de minhas mãos: sempre tenho o instinto de ser a artesã escolhida para consertar os fatos. Mal sabe, pobre infeliz, esse é um papel que só cabe a Deus.
Desculpe se sou feliz. A felicidade em mim aflora em cada amanhecer, como a aurora ansiosa pelo dia, e o luar pela noite. Desculpe se meu amanhecer trouxer pranto, a chuva por vez cai em meu quintal. Ela prepara o solo, bem como alimenta de esperança para o fruto vindouro.
Por fim, desculpe-me. Pois cada ser é único, e busca ser o que acredita, no saber de cada coração que perpassa a alegria de ser quem se é, e vez por quando renasce numa alma feliz.
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