"Muitas vezes se faz mister pedir coisas indispensáveis. Quando, porém, o fazemos com humildade, não há quebra do mandamento de Jesus. Pelo contrário, procedemos como pobres que estendem a mão para receber o que lhes é necessário. Quando não são atendidos, não se admiram, porque ninguém lhes deve coisa alguma. Oh! A paz invade a alma quando esta se sobrepõe aos sentimentos da natureza! Não, não existe alegria comparável à que goza o verdadeiro pobre de espírito. Se pede com desprendimento, uma coisa necessária, e não só lhe recusam a coisa, mas até procuram tomar-lhe o que possui, está a seguir o conselho de Jesus: 'A quem quiser citar-vos em juízo para vos tirar a túnica, largai-lhe também o manto'.
'Abandonar a túnica' ao que me parece é renunciar seus últimos direitos, é ter-se como servidora, como escrava das outras. Quando nos desfazemos de nosso manto, torna-se-nos mais fácil andar, correr. Por isso, Jesus acrescenta: 'E se alguém vos obrigar a dar mil passos, andai com ele outros dois mil' [Mt 5,41]. Assim, não basta dar a quem quer que mo peça [Lc 6,30]. Preciso ir ao encontro de seus desejos, fazer um ar de quem se honra e satisfaz em prestar o serviço. E quando alguém toma algum objeto de meu uso, não devo fazer sombra de o lastimar. Pelo contrário, devo dar a impressão de que estou feliz, por me ver livre do mesmo. Muito longe estou de por em prática o que compreendo. Entretanto, só o desejo de consegui-lo já me tranquiliza."
Santa Terezinha do Menino Jesus e da Sagrada Face
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