15 de agosto de 2010

Sem nome

Afinal, a contrariedade. Seria ela a inimiga de minha paz? Bem sei que me custa ouvir o que não quero, agir como não quero, fazer o que não quero, abster-me do que nem sei se quero mais. É um não querer constante. É um não fazer insolucionável. É um desprazer consumidor. É um rugir de dentro pra fora, novas sensações e anseios. É um nascer de solidão: afinal, olho pra todos os lados e não vejo escapatória. A morte não alcança a incapacidade de minh'alma. O vento não sopra pra esse lado e as decisões procuram a pauta da coerência. A fala robusteceu-se em desdobrar-se nos seus sentimentos. E sinto desabrochar cada vez menos coerência... É fato: a desolação anuncia chegada ao reino da paz. A paz, boa anfitriã e solícita por natureza, abre a guarda para a visita, apesar de indesejada: todo sentimento tem o direito de ser, sem restrições, senhor da alma que o encantou. Cabe a alma a docilidade da resistência, e a delicadeza da transformação dos sentidos, na beleza da transmutação das cores. Branco com preto gera cinza. Quanto mais preto, mais o cinza fica turvo. Quanto mais branco, mais aberto: as possibilidades de alumiar o que ostentará com sua clarividade e beleza, apesar de o cinza escuro ter o seu valor.
Limitar-se na ignorância da preguiça gerada pela imposição prescrita, pura infantilidade. Impõe-se regras, arroto vida, sacralizada pela experiência viva e concreta com quem a gerou. Santa presunção de desmistificar a benevolente solicitude do cuidado. Afinal, de que seria útil a fidelidade longe da felicidade? Creio mascarar as frustrações de fracasso infundadas em esfarrapadas desculpas de zelo... Quebrar a cara faz parte. Não o fosse, Cristo não nos soltaria no mundo do livre arbítrio, a aventurar com nossas próprias pernas seus caminhos. Se quero, me vou. Se quero, me entrego. Se quero, fico. Se quero, me lanço... Se quero. E o querer se perde em si mesmo. Afinal, que é o homem senão um eterno buscar do que se é? Que sou eu senão uma eterna permissionária de minhas certezas e consequências? De fato, se busco é porquê preciso buscar. Mais ainda, se busco é porque preciso, eu mesma preciso, percorrer todos os caminhos que me levam nessa empreitada. As permissões são acessórias, de adjetivo de definição completa de sua utilidade. E vou. Perseverante, pelo caminho de meus antecessores. E vou. Desfalecida, pelo caminho dos vitoriosos. E vou. Certa, livre da paralisante presunção de acertar sempre. E vou. Pelos prados e campinas verdejantes, eu vou...

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