Meu passado não aprisiona mais o meu futuro. Não possui mais o poder de estancar minhas inconstâncias. Ao contrário, é remédio curativo para administrar minhas mudanças, como o gotejamento é necessário a plantação no árido: preciso de homeopáticas doses de lembranças para sarar o viver presente e abrir-me a um futuro de possibilidades.
Entender-se como quem se é. Surpreender-se pelo possível desprendimento de si, abrir a janela para o sol entrar: recursos escusos por mim, minhas raízes sempre presas na certeza de todas as consequências sem abrir-me ao leque de pretensões a mim expostas. Deixar o sol entrar, estabelecer morada. Afinal, que tenho a perder senão a vida? Que é a vida?
É passado, presente e um futuro de possibilidades findadas nas escolhas plantadas em dias ruins ou bons, felizes ou tristes. É felicidade trancada, é tristeza aberta. É dia de sol inutilizado, dia de chuva aproveitado e é vice-versa. É bobeira, beleza, alegria e tristeza. É amor e perdão, sansão ao que não amou, ânsia de espera, outono e primavera: cada estação com sua beleza e tendência peculiar a remeter a vida da forma que precisa ser vivida em plenitude de entrega. A natureza leciona belamente a maior riqueza que um ser humano pode aprender de Deus: a nascer e morrer, desprender-se de vaidades ou abrir-se a beleza, conforme o mundo ao seu redor se apresenta.
Que é a vida? Uma gama de possibilidades de ser feliz!