Conheci um mundo. Mundo dos meus interesses, meus ideais. Buscava incessantemente minhas satisfações, pessoas que me ajudassem a encontrá-la, ou, simplesmente, me ajudassem a passar o tempo. Pessoas agradáveis, conforme minhas expectativas, sempre pré formuladas para cada uma delas, cada ato, cada omissão, cada não, cada perdão... Pessoas que tornassem meu dia mais fácil, ao não me aborrecer com coisas pequenas, nem com grandes. Que me deixassem em paz quando eu não estivesse legal, em especial comigo. Pessoas que não desfizessem de minhas vontades e anseios, ao contrário, satisfizessem todos eles. Pessoas que não se tornem um peso para mim com o passar do tempo. Conheci um mundo em que pessoas não poderiam ser pessoas.
Nessa minha viagem fui percebendo que fiquei só. Eu comigo mesma. Minhas perfeições sempre necessárias não me deixavam enxergar a realidade do outro, seus limites. Tinha que ser à meu modo, do meu jeito, senão não vale. Oras, eu sou a rainha da minha realidade, quem haveria de ser? Como haveria de ser? Neste mundo, a obediência à mim mesma era lei inicial, as outras vinham de acréscimo, tais como: não me aborrecer, fazer minhas vontades, à meu modo. Deste modo, tudo girava em torno da obediência a mim.
Ao longo, fui percebendo que existia algumas pessoas que estavam sobrando em minha vida, que poderiam simplesmente ser descartadas, por não servirem simplesmente para nada, por elas não acrescentarem nada à minha vida. Ao contrário, me davam muito trabalho, uma vez que tinha que ser por elas, fazer por elas, permanecer por elas, trabalhar por elas, viver por elas quando elas não sabiam acertar, como eu. Aos poucos, fui deixando esse meu lado do desamor aflorar. Desapego total e incondicional às pessoas. Aos poucos fui me tornando insensível. Aos poucos fui me afastando dos meus. Aos poucos meu lar desmoronou. Aos poucos fui me tornando infeliz. Aos poucos fui me tornando quem não sou. Aos poucos meu ser desmoronou... E, quando isso aconteceu, veio um tal Jesus e me falou de luz...
A luz eu já conhecia! Era estrela de passagem ultrapassada em minha vida, assim pensava. Nada me restaura, mas porque não tentar? Ou, porque tentar? Sozinha no mundo não dá pra ser, então...
Nova chance, vamos lá. Novo mundo, aqui vou eu.
O vôo era feio, mas logo veio paisagem nova. Era seca, ausente de água, presente de ausência, eivada de desamor, luxuosa de candura e carinho... Deus me mostrou uma nova terra, desabitada. Era meu coração, que de tão longa seca tornara-se infértil. Deus me deu os adubos, o trabalho era comigo. A água teria que buscar diariamente. Seu Espírito Santo é abundante com quem pede, contudo tenho que falar com Ele com frequência, pois ele gosta de ouvir minha voz. Vez por outra Ele mesmo se manifesta, me diz coisas inacreditáveis a respeito da vida, e de como cuidar da minha nova terra. Aos poucos, as pessoas foram chegando. Não dá pra receber ninguém em terra tão árida, as pessoas se assustam. De modo que agora, tenho horta florida, de frutos saborosos... Assim diz meu Bom Deus. Maria, medianeira está sempre a passear por aqui, adora a uva doce do norte, mas a saborosa maçã do amor ainda não foi aberta para visitação. Meu Amado disse que tenho que amadurecer seus frutos, ainda estão verdes por demais. Chegou a primavera, meu jardim está bonito de se ver! Sempre convido jardineiros novos para apreciar sua beleza, meu cantinho de apreço incomparável. Uns vem com convite, outros sem, outros são antigos moradores, que me deram nova chance e retornaram e lhes sou muito grata por tal ato!
De modo que, todo desalento e pranto tornou-se amor, toda indelicadeza trouxe a fineza de acreditar na sacralidade que vive em mim e no outro, na minha permanência na vida do outro, no transpor minhas barreiras invisíveis e acreditar no amor pessoal, particular, entre seres, como ponte unir o meu querer ao querer do outro, ao querer de Deus, singularmente.
"Havia um véu em meu coração, véu de morte e desilusão.. Até que um tal Jesus me falou de luz, me rasgou o véu... A paz que em tudo procurei, mas que nunca encontrei.. Foi bem lá dentro então, que Ele pôs a razão, desse meu viver.. Num instante percebi, eu não estava só... Era um tal Jesus a me amar!! Há um céu em meu coração, céu de paz e de mansidão.. É que esse tal Jesus me deu a sua cruz, e eu sou feliz.. Como espelho refleti a luz do meu Senhor.. Sou seu servo sim, vou amar... ...Esse tal Jesus..." Um tal Jesus, Com. Recado.
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