Prece que acalma a alma, alma que tem pressa. Pressa de ver o que há de vir acontecendo. Prece de acalmar os sentidos, para ouvir o coração. O corriqueiro apressado, que desapercebe o envolta, envolto a tantas delongas, necessárias atenções cotidianas. A prece, calma e solitária, aconselha o ouvido a tentar convencer o corpo inteiro: é hora de silenciar. Atinar ao redor, primor de saber-se percebido, acompanhado. Escoimar a eterna necessidade do falar, incorporar o sentido do calar. Revestir-se da vestimenta do silêncio, perceber-se e perceber, deixar-se ser percebido nos encantos teus.
Falar. Dar sentido. Trazer ao movimento da vida as necessidades da alma. É como se falar trouxesse vida ao que em mim prepara-se para seus ultimos dias. Falar acende chamas, explora matas secas, fontes inesgotáveis de esplendorosos incêndios. Enquanto calar canaliza a virtuosa água que enxarca a terra seca e a retorna a sua dignidade fecunda.
Falar, calar. Apressada prece que apressa o que há de vir. Minutos, dias, anos, quem sabe, Deus sabe... Enquanto isso, a prece apressa a calma, que tem pressa de prece, apressada alma que não tem calma, até a prece que acalma a alma...
Carlinha,
ResponderExcluirPra variar você fez bem o trabalho com as palavras e, aqui, com os sons e significados entre elas...gostei muito, especialmente pela construção de tão belas aliterações.
Deus abençoe seu som.