Tirar a cabeça do lugar, de tudo.
Sair da rota de um rumo, de um sonho.
Enveredar abismos, encompridar distâncias, permitir-se na lentidão.
Dar a ré, sair do caminho, ir ao encontro do acostamento, perder-se de vista, deixar-se perder de vista...
Avistar outros caminhos, outras distâncias. Perceber outros carinhos, outras estâncias.
Avistar novos reinos, novas verdades. Descobrir preceitos e vontades.
Angariar amizades. Despir vergonhas.
Sozinho se vai mais rápido.
Acompanhado se vai mais feliz...
Ouvir o lado, o traseiro, o atrasado. Saber-se ser quem se é, e ser feliz mesmo assim.
Sorrir pelo lisonjeio, passear pelo estrangeiro: enganos de uma vida comum, excomungada pela vaidade.
Permitir-se, muito além de libertinagem. Abstrair, muito além de subsistência. Viver, muito além de transgredir.
Conhecimento, ciência da razão, antropologia do sentir: ser, estar... enraizada ânsia de infinito progressivo, como os primeiros raios do sol.
Andar a pé, puxar a ré. Reconhecer em si o outro, o outro em si mesmo. Não perder-se, apreender-se... empreender, felicidade aprendiz!
"Vem de mansinho a brisa e me diz: é impossível ser feliz sozinho!" ;-)
30 de julho de 2010
20 de julho de 2010
A riqueza de um detalhe
A riqueza de um detalhe nos aponta a preciosidade residente na simplicidade empoeirada. O canto do passarinho, o nascer e o por do sol, o barulho do mar... A humildade ressoante em atos simplórios de humanidade feliz, reluzente em saber-se percebida pela natureza silenciosa das Criaturas. Tempos em tempos me vejo assim: admirada com as belezas ostentadas pela flora, fauna, astros, paisagens... E ainda continuo a me surpreender com o sempre belo e esquecido, detalhes de uma foto de verão.
É quando o cotidiano deixa de ser carcereiro e passa a ser auxílio esquecido para o próximo passo, visto que meu dia ontem não faz diferença ao meu olhar de hoje: o coração palpita por outras emoções. As necessidades são as mesmas, a direção do olhar é que mudou. Nada parece ter as mesmas necessidades, as mesmas intensidades, a não ser a preguiça de ser, em retirar o acelerado dos atos, e andar na presunçosa calmaria do balanço das ondas. O horizonte, mesmo distante, parece alcançável pela palma da mão... assim como o Céu e toda a Terra.
A riqueza dos miúdos, trocados em verso, prosa, vivência, olhar, que de silenciosas conversas entendem o sentimento inteiro. Se tudo muda o tempo todo no mundo, e já dizia Lulu Santos que não adianta fugir, fingir, seremos: em intensidade de graça derramada nos pormenores da vida, onde reside a preciosidade do Ser.
12 de julho de 2010
Sua pessa, sua prece..
Prece que acalma a alma, alma que tem pressa. Pressa de ver o que há de vir acontecendo. Prece de acalmar os sentidos, para ouvir o coração. O corriqueiro apressado, que desapercebe o envolta, envolto a tantas delongas, necessárias atenções cotidianas. A prece, calma e solitária, aconselha o ouvido a tentar convencer o corpo inteiro: é hora de silenciar. Atinar ao redor, primor de saber-se percebido, acompanhado. Escoimar a eterna necessidade do falar, incorporar o sentido do calar. Revestir-se da vestimenta do silêncio, perceber-se e perceber, deixar-se ser percebido nos encantos teus.
Falar. Dar sentido. Trazer ao movimento da vida as necessidades da alma. É como se falar trouxesse vida ao que em mim prepara-se para seus ultimos dias. Falar acende chamas, explora matas secas, fontes inesgotáveis de esplendorosos incêndios. Enquanto calar canaliza a virtuosa água que enxarca a terra seca e a retorna a sua dignidade fecunda.
Falar, calar. Apressada prece que apressa o que há de vir. Minutos, dias, anos, quem sabe, Deus sabe... Enquanto isso, a prece apressa a calma, que tem pressa de prece, apressada alma que não tem calma, até a prece que acalma a alma...
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