20 de agosto de 2011

O amor quer falar


O amor quer falar, quer gritar, que ser, mas não pode.
O amor faz esforço, manda flores, faz biquinho.
O amor manda sinais, mas iludido se deitou.
Acalmou-se insone, pesadelos em claro...
O amor adoeceu.
Resistiu, desistiu, tornou a crer.
Persistiu, reagiu, adormeceu...
O amor mandou lembranças, renegou crenças, foi ser feliz!
Ah, o amor...
Nunca esqueceu, aquele que lhe deu alegrias e esperanças...
Por elas o amor voltou, no retrato que passou,
Em branco e preto,
No verde renasceu, em flor desabrochou,
Tornou-se jardim, abandono sem fim, à seus cuidados sim,
Faz favor.

5 de agosto de 2011

Esvaziar-se

As obras de Deus escorrem dentro de mim como a lágrima percorre a face até cair nos lábios. Alcança cada centímetro das expressões decorrentes do sentimento detido ao peito e expressado na temperança do olhar saudoso. Relembro, com graça e maestria, os poemas com que outrora me embriaguei e percebi: essa sou eu.
Passa além de mim essa consciência incompreendida, essa sensação revel ao mundo, constante em querer um pouco mais. Exige-se muito mais, quereres além mar...
Esses desejos de constantes transmutam em fascínio pela arte e do que dela se desprende. E prossigo, no prodigioso labor do poeta: entregar respostas às perguntas da alma. Decerto, a filosofia da alma transcende o natural saber e querer razão, só se compreende peças de uma natureza infinita em possibilidades ñum quebra-cabeças que sempre faltam algumas peças.
E prossigo, num encanto saboroso, maravilhada por essa magia de decifrar os sentimentos que a própria razão desconhece.

"Louvado seja Deus, meu Senhor
Por que meu coração está cortado a lâmina
Mas sorrio no espelho ao que
À revelia de tudo se promete;
Por que sou desgraçado
como um homem tangido para a forca,
Mas me lembro de uma noite na roça
O luar nos legumes e um grilo
Minha sombra na parede.

Louvado sejas por que eu quero pecar
contra o afinal sítio aprazível dos mortos,
Violar as tumbas com o arranhão das unhas,
Mas vejo a tua cabeça pendida
e escuto o galo cantar
Três vezes em meu socorro.

Louvado sejas, porque a vida é horrível
Porque mais é o tempo que eu passo
Recolhendo os despojos
- velho ao fim de uma gerra como uma cabra -
Mas limpo os olhos e o muco de meu nariz
Por um canteiro de grama.

Louvado sejas por que eu quero morrer, mas tenho medo
E insisto em esperar o prometido

Uma vez quando eu era menino
Abri a porta de noite
A horta estava branca de luar
E acreditei, sem nenhum sofrimento:
LOUVADO SEJAS!!!!"
*Bendito, Adélia Prado.

2 de agosto de 2011

Toda palavra sangra


O meu coração sangra.

Chora de saudade de sentimentos que nunca viveu. Tem ânsias de causas, coisas, vivências, próprias de suas inseguras transgressões. Imagina, sonha, viaja por terras desconhecidas, outras paragens, sempre desejadas, sempre perdoadas.
De vez em dor e grão.
Paixão.
Coração que sangra de saudade.
Toda palavra sangra.
Saudade de cor, saudade de amor, sentimentos verdadeiros que brotam como flores em início de primavera: a espera alcança a esperança dos sacrifícios da virtude.
A humanidade reclama, quer fazer valer suas regalias, direitos advindos do livre arbítrio.
O coração ressoa as vicissitudes.
Que quero eu?
Que devo eu?
Que faço eu?
Nada.
Continuo a seguir meu caminho constante:
ora sim,
ora nem tanto,
ora sonhando,
ora acordando,
ora pisando firme,
ora cambaleando...
Ora acertando,
Ora errando.
De hora em hora,
Minuto por minuto,
Constância e relevância
Sacrifícios.
Alegrias! Ah, sim... muitas alegrias!
E ficou.
Alegria ressoou.
Perdoou.
Pacientemente acordou de um sono profundo... profundo como a fé.
Escarneceu sem dó nem piedade a pobre agonia, que saiu desconfiada.
Percorri todos os caminhos,
Cheguei aqui à pé.
Em todo momento, inteira.
Em todo instante, verdadeira.       
Pois é na verdade de minhas demoras que permaneço de pé, sobre toda circunstância, e nenhum medo ou vaidade poderá carregar de mim o sentimento de ser de Deus.
E busco.
E percorro.
As instâncias,
as ânsias,
na calma da alma que espera,
com a paciência de um amante.
Que se delonga,
Como um artista à sua obra.
Que se redime.
Como um povo aos pés da Cruz.

“Buscai primeiro o Reino de Deus e a Sua Justiça.. e tudo o mais vos será acrescentado.”