A mulher sou eu. A que vai, a que chega. Essa mulher que Jesus convida a tomar de sua água viva, e viver uma vida de santidade. A beleza dos versículos narrados pelo Evangelista trazem o movimento das consequências de Jesus. A leveza de seu olhar, os desdobramentos de seu ser. Jesus que de início me convida a ser, e, mais adiante, inebriada por seu amor, me impulsiona a realizar, a verbalizar a vida, a trazer cor, a ir.
Do Evangelho deste domingo destaco dois pontos principais, dois fatores dessa história que me saltam ao coração este instante: a samaritana, que acreditou e fez acreditar, e os samaritanos que, acreditando primeiramente na mulher, buscaram conhecer Jesus e, por fim, creram Nele. Disto, separo. Mais adiante, em Lucas 10, 30 - 37 (Passagem do bom Samaritano), Jesus nos dá o exemplo fidedígno do que vem a ser o nosso próximo que precisamos amar como a nós mesmos. Mas ainda, nos dá palavras de ordem ao proclamar: "vai e faze tu o mesmo". Disto, depreende-se o ensinamento: se queres ter misericórdia, sede misericordiosos, com atos de fé concretos e sensíveis na vida do próximo.
Em mim hoje os Evangelhos aqui explanados se encontram, se enlaçam. Alcançam as profundezas, o rudimentar amor ao serviço que Deus nos chama a viver: o amor cotidiano, que nos convida a amar sem medidas até as pedras da calçada que pisamos, pois é solo feito por mãos de trabalhador que suou para que o chão se transformasse em calçada, para a arte da vida celebrarmos a riqueza de não sermos sozinhos. Ora, Jesus cerca-me, abre-me a vista, fala-me do que tenho feito e me diz maravilhas e promessas por Seu Nome. Então, me sinto movida a proclamá-lo e trazer outros corações para conhecer meu Sumo Bem, onde, primeiramente pelo que eu vivo, depois pela sua própria experiência viver em Jesus as coisas e causas de Sua vida, e abraçar ou não Sua causa, Seu amor a desdobrar-se continuamente pela Terra inteira.
Atino-me ainda ao fato de Jesus não ter escolhido qualquer cidade para abordar ao poço, mas escolheu a Samaria. Julgo que Ele queria seus Bons Samaritanos próximos a Ele, os seus bons irmãos, suas boas pessoas, a crerem ainda com mais concretude em um Deus acima da legalidade que pairava na religião à época. Jesus quis santificar o que já era bom. Trouxe direção, trouxe sentido, trouxe o Céu para aqueles que já praticavam o amor, mas precisavam olhar para o Céu, e mirá-lo não como impossibilidade, mas por misericórdia de ser esses que trazem o movimento ao amor.
De tudo, realiza-se em mim uma obra de conversão do desdobrar de meus conceitos. De fato, como a mulher que proclama as maravilhas de Deus, devo zelar e cuidar do que Deus confiou aos meus cuidados pois, antes de dar a conhecer Jesus, exponho e me dou a conhecer. Que me ser Senhor sempre prenda-se à Tua graça ao Te exaltar. Que Tua face sempre encubra as minhas misérias e eu consiga ser em fidelidade a tua anunciadora, como a mulher do poço de Jacó. Que meu passado não tenha peso sobre as minhas circunstâncias, mas que minha vontade de santidade sobreponha-se as minhas feridas e vença meu cansaço de ser santa. E que a minha vida seja em Ti caminho, pois as pessoas dessa estrada que construo precisam do Teu amor para curar suas feridas, e recordar de que são preciosas para si mesmas e para Ti, amém.