O tempo. Esperas e demoras de algo que há de vir. Conjugado em várias terminações, este temido inimigo interpõe-se aos nossos desejos de realização, como a ostra na formação da pérola necessita sofrer nas tardanças de seus incômodos. Enquanto penso, observo o presépio: Pai, Mãe, Espírito e vida, estendidos ao milagre de verbalização do Amor.
É assim: somente aquele que se demora na espera é capaz de se entregar à realização do que almeja de verdade, seja em nossa vida humana ou espiritual. Na busca de um bom emprego, na tão sonhada defesa da tese de formatura, na prova do Enem que tive que refazer por motivos omissos, ou até impudicos, na mudança que espero em minha casa, na minha unha encravada que não sara, é assim. Quando imagino tardar minhas demoras, vem Jesus, menino de colo, mudar-me todos os parâmetros. Pede-me mimos: esperança doada em olhar e virtudes, que se desdobrem em meus milagres e entregas diários. Pede-me promessas, um pouco, mais ainda, do que penso ser muito, e enxergo com lente de aumento o diminuto esperar de um dia inteiro.
A busca. Incessante, como as estrelas do Céu. Sempre estiveram lá, e estarão até o fim dos tempos. Faróis guias da salvação vindoura, futuro cheio de esperanças e consolos. As estrelas nos inspiram a recordação de viver em partes as marcas do Eterno. O céu nos inspira a eternidade de um passado cheio de futuro. Renovo meus sentidos, fazendo memória de meus vínculos familiares, espirituais, humanos: as realizações de uma vida inteira dedicada a ser feliz, mesmo nos erros. Nisso, convidados somos a voltar às origens de nossos primeiros passos, aquela que nos ensinou a andar e Aquele que nos ensinou a viver: ritos simbólicos que atualizam uma presença real, sensível mesmo que impalpável.
Tempo, tempo... O coração lateja sorrateiro a espera da presença de uma manjedoura carregada de esperanças, mesmo que o milagre venha a tardar, ou nunca chegue: o Deus menino sempre vem, Ele sempre chega a cada ano, sem nunca ter partido. Por isso, hoje mais que pedir, precisamos estender nossas intenções ao lapidar Divino, para que Sua luz encontre nossas esperanças de amanhecer, verbalizando os tempos de nossas esperas.
Amar o hoje em vista do amanhã, e continuar a desdobrar Jesus a cada dia mais, revivendo o Verbo na própria carne: Eucaristias doadas ao mundo, em plenitude de graças à Deus, no cotidiano ordinário de vidas abençoadas na graça de permear vida... Vida! Senhor Jesus, realizas em nós o Teu Natal, como se fosse a primeira vez. Inunda-nos com Teu Amor e Tua graça, Amém!