10 de julho de 2012
Bem mais
As paredes me sufocam, me tiram o ar.
As luzes apagam-se em desobediência às minhas ordens, que viraram súplicas, que tornaram-se pranto.
O tintilar de uma temporada inteira, as dores, os rugidos.
Sobram culpas, sobram motivos, mas falta ar.
As narinas buscam o que os pulmões desejam, e é meio consolo pensar em bondade.
Meio má, meio boa. O meio partiu-se ao meio e retornou ao seu sentido original: a demasiada escravidão do agradar.
Está tudo pelo meio, junto, misturado, e perdeu-se a estância, o estado, o trajeto.
Avisto o mar, revejo o que jamais fui, sinto pelo que o sonho parece verdade e esqueci de acordar.
Estico-me sem alcançar, as palavras que engasgam em meus medos, e tropeçam, mais uma vez, em meu andar desavisado, em meu amar errado.
Mas, o que seria o certo?
Fico confabulando sobre o indecifrável, buscando respostas as minhas intensas perguntas, aos sentidos que insistem em se impor a todos os acontecimentos.
E confabulo.
Ao horizonte, as ondas, ora mansas, ora intensas, sonorizam a paisagem.
Mais do que eu vejo, sejam todas as coisas.
Mais do que o que sinto, seja tudo.
Mais do que a verdade que a vida insiste em espalmar a minha face, seja a minha vida.
Mais que a realidade que se mostra, seja a minha verdade.
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